Como preservar o Meio Ambiente sem frescuras - Parte II: Utilize o Álcool Combustível

Antes de qualquer coisa neste segundo artigo sobre como preservar o meio ambiente sem frescuras, gostaria de humildemente pedir licença aos colegas ecologistas, biólogos e químicos por meter meu bedelho nos assuntos de hoje.

Espero que não se ofendam caso eu tenha escrito alguma coisa pouco convencional ou de uma maneira esquisita. Inclusive correções e observações são muito bem vindas nos comentários!

Além disso, sei que muitos leitores que assistem o Discovery Channel (assim com eu) ou estejam estudando sobre o assunto terão comichões para escrever comentários sobre carros a hidrogênio, a lixo, a energia elétrica, solar e sei lá mais o quê.

Acho tudo isso muito lindo. De verdade! Mas como esclarecido no primeiro artigo, a intenção é tratar dos cuidados práticos que podemos ter no nosso dia-a-dia com o meio em que vivemos sem ficar fantasiando muito. Então vamos nessa:

2º MANDAMENTO: Utilize o álcool combustível

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A nova onda são os econômicos

Praticamente todo proprietário de um veículo com motor bi-combustível prefere utilizar o álcool combustível (que chamarei a partir de agora apenas de álcool). Entretanto, essa “escolha” é devido somente ao preço do mesmo e poucos consumidores conhecem o benefício ambiental ao optarem pelo álcool.

Hoje em dia, quase todos nós possuímos carros com motores bi-combustível, ou “Flex” como preferirem. Felizmente, o cenário atual brasileiro permite que utilizemos o álcool como combustível prioritário e apesar do rendimento ser menor do que o da gasolina, o preço é muito inferior e a equação que relaciona custo com rendimento é bem favorável ao álcool.

Por que utilizar o álcool?

Bem, além de conter o tão amado e idolatrado etanol, que é o mesmo álcool contido nas bebidas ditas alcoólicas, o álcool é uma fonte renovável de energia e de menor impacto à atmosfera do planeta, pois emite menores quantidades de poluentes.

Por que renovável?

Porque o ciclo do carbono pode ser considerado completo. O carbono é o elemento fundamental das moléculas orgânicas, ou seja, tudo que é (ou foi) vivo, contém carbono. Desde a bactéria até o elefante!

Explicando o ciclo do carbono:

De uma maneira bem simplista, a cana-de-açúcar (como qualquer outro vegetal “verde”) realiza fotossíntese, ou seja, utiliza o “gás carbônico” ou dióxido de carbono (CO2) contido no ar para sintetizar proteínas e obter energia.

Quando “queimamos” o álcool proveniente da cana nos motores de nossos carros, há a liberação de gás carbônico na atmosfera, ou seja, é como se o CO2 absorvido pela planta ficasse armazenado no combustível, que quando queimado, libera o gás para a atmosfera, que por sua vez servirá de produto para a realização de fotossíntese por uma outra planta. Isso é fantástico!

Quando utilizamos gasolina, o CO2 liberado desbalanceia o sistema, pois estamos queimando combustível originário de material fóssil, que é o petróleo. O petróleo é resultado de milhões de anos de decomposição de matéria orgânica, ou seja, digamos que é carbono aprisionado, que uma vez liberado não tem quem o consuma.

Por que é ruim CO2 em excesso na atmosfera? Já ouviu falar em efeito estufa, aquecimento global, etc.? Pois é, tem tudo a ver.

O temido efeito estufa e o aquecimento global

Vai um churrasquinho?

O efeito estufa, ao contrário do que muitas pessoas pensam é fundamental para a existência de vida na Terra. Sem ele seria impossível sobreviver aqui, pois após o pôr-do-sol, o planeta se resfriaria rapidamente impossibilitando a existência da vida como a conhecemos.

O efeito estufa nada mais é do que um “fenômeno do cobertor”, que impede o calor obtido pelos raios solares durante o dia de se dissiparem rapidamente durante a noite. Quando nos cobrimos num dia frio não é o cobertor que nos aquece. É errado afirmar isso. Na verdade o cobertor impede que o calor do nosso corpo de dissipe e por isso nos sentimos aquecidos. Isso é efeito estufa amigão!

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Já pensou em fritar ovo no chão? Bem prático, certo?

O “cobertor” do planeta é formado por gases, dentre eles o CO2. Acontece que o calor “aprisionado” precisa ser dissipado aos poucos, para que no dia seguinte nova quantidade de calor seja “recebida” e assim sucessivamente. Se aumentarmos as concentrações de gases na atmosfera, o equilíbrio termina, pois a atmosfera torna-se mais densa, a dissipação de calor vai diminuindo e o planeta vai aquecendo ao longo do tempo.

Voltemos ao nosso cobertor no dia frio. Imagine-se com um cobertor de lã de 5cm de espessura, numa sala com lareira, em Porto Alegre, num daqueles dias mais frios do ano. Gostoso né? Quentinho... Agora pense numa noite de sono em Recife, em pleno verão, aos 40ºC com aqueles mesmos cobertores de Porto Alegre e a lareira junto... Welcome to hell!

É esse tipo de efeito que anda-se discutindo tanto atualmente, pois na verdade muito imagina-se mas ninguém sabe exatamente quais as reais consequências que esse aquecimento pode trazer ao planeta. Aja ar condicionado!

Preço baixo e ganhos ambientais. Por esses e outros motivos: viva o nosso álcool combustível!

Pra quem perdeu o primeiro mandamento: Separe o Lixo

Thiago Oshiro Campi é Engenheiro Civil formado pela UNICAMP, atualmente a serviço do Governo do Estado de São Paulo, atuando na área ambiental. Além disso é guitarrista de carteirinha com Heavy Metal nas veias.


publicado em 29 de Setembro de 2007, 13:55
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Thiago Oshiro Campi

Thiago Oshiro Campi é Engenheiro Civil formado pela UNICAMP, atualmente a serviço do Governo do Estado de São Paulo, atuando na área ambiental. Além disso é guitarrista de carteirinha com Heavy Metal nas veias.


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