Neste final de semana estreou “Como Água”, o documentário que conta os bastidores da vida de Anderson Silva, o grande campeão do UFC. O filme foi anunciado há pouco mais de um ano e, naturalmente, gerou muita expectativa. Assisti, e tenho algumas considerações bem sinceras.

O titulo é forte, remetendo à célebre frase do mestre Bruce Lee:

“Seja como água, meu amigo.”

Um documentário sobre o maior lutador do mundo, com este título, merecia contar melhor a vida de Anderson Silva. O estereótipo do brasileiro pobre, caixa do McDonald’s, que contrariando o destino e se tornou o maior campeão de artes marciais mistas que o mundo já viu. Sua vida é um enredo pronto. Cheio dos altos e baixos, primeiras derrotas, vontade de abandonar tudo. Tudo está ali, na cara, inspirador como a vida de qualquer guerreiro deve ser.

Mas o filme, ao contrário do Anderson, é fraco.

YouTube | O trailer, pelo menos, empolga

O que vemos é apenas um trecho bem limitado do que se passou nos 60 dias de preparação para luta de Anderson contra Chael Sonnen, que aconteceu no dia 07 de Agosto de 2010. Grande parte dessa narrativa é contada com imagens retiradas da internet, em uma resolução baixíssima. Chega a ser ridículo como tiveram coragem de mostrar aqueles pixels enormes para o público, estourados em uma tela gigante de cinema. A captação do áudio também deixa muito a desejar — alguns diálogos são impossíveis de serem compreendidos.

Toda montagem do filme é meio pobre, aliás. Passei todo o tempo achando que alguma hora a coisa iria esquentar, que dariam um ânimo a mais nas cenas, mostrando Anderson treinando agressivamente, como um Rocky Balboa de voz fina, vivendo a vida de um atleta. Mas não: poucas cenas de treino são mostradas, já que o filme prefere mostrar o Anderson passeando em Las Vegas, visitando lugares e sendo uma estrela.

Leia também  O dia que o PdH foi julgado (ou "Look do Dia, a batalha final")

Dão ênfase apenas no desgaste que o UFC gera para a vida pessoal de um lutador, mas pouco se explora sobre quem é o campeão fora da arena. Nesse sentido, “Como Água” poderia ter ido bem mais fundo.

“Me chama de novo de Rocky Balboa de voz fina!”

Se mesmo para alguém como eu, que gosta de praticamente tudo envolvendo artes marciais, foi meia-boca, imagino como seria a experiência do filme para alguém que não faz parte desse meio e espera ter a chance de conhecer melhor a vida de Anderson Silva. Não me surpreenderia se a decepção viesse como um chute certeiro no peito.

sitepdh

Ilustradora, engenheira civil e mestranda em sustentabilidade do ambiente construído, atualmente pesquisa a mudança de paradigma necessária na indústria da construção civil rumo à regeneração e é co-fundadora do Futuro possível.