Não é necessário viver in loco ou ser um grande aficionado por transmissões esportivas para chegar à seguinte conclusão: as partidas válidas pela UEFA Champions League sobressaem o caráter de mero jogo de futebol e avançam para o patamar de espetáculo – independente dos times envolvidos.
Na última sexta-feira, o PapodeHomem, a convite da Heineken Brasil, esteve no Rio de Janeiro para acompanhar o lançamento da Exposição Trophy Tour no Brasil. Além de ver de pertinho a cobiçada “orelhuda” e uma espetacular exposição de fotos, vídeos e materiais de partidas históricas, foi uma oportunidade ímpar de discutir a competição com Bebeto, Seedorf e Guy Laurent Epstein, diretor de marketing da UEFA.
Foi possível compreender que grande parte da transformação mundial na grife da UEFA Champions League passou por cinco inevitáveis pontos: fortalecimento mundial da marca, identificação com o patrocinador, estrutura de transmissão, valorização da história e grandes jogos.
Portanto, solta a trilha da Champions League e vamos a eles.
Fortalecimento mundial da marca
Uma verdade citada por Bebeto na entrevista coletiva foi:
“A Champions League sempre foi Champions League. Hoje, com tudo sendo assistido ao vivo de qualquer canto do mundo, só fortalece a marca”.
Não há como discordar do ex-atacante do La Coruna, mas é preciso destacar o trabalho global da UEFA para a popularização da Champions League fora do continente.
Por mais que a Champions League seja um produto que se venda sozinho, é preciso ajeitar – ou adaptar – a fachada. De acordo com o site da UEFA , a final do ano passado entre Chelsea e Bayern de Munique teve nada menos que 829 jornalistas cadastrados. Um número 5 vezes maior que a final de 10 anos antes. Isso só é possível com um trabalho gradativo de envolvimento dos fãs de futebol com a competição.
Uma das principais estratégias para esse tipo de sucesso, e brilhantemente executada pela UEFA, foi o que vimos na sexta-feira: não esperar o torcedor, mas levar a competição para os 4 cantos do mundo – seja isso com exposições, embaixadores regionais ou eventos para a mídia.
Identificação com o patrocinador
O trabalho conceitual que a Heineken faz pra UEFA Champions League é um dos maiores cases que o marketing esportivo tem a oferecer. A cervejaria holandesa é mais que uma patrocinada, incentivadora ou parceira, ela é um conceito que se confunde com a competição.
“A Heineken representa tudo o que a Champions League faz no papel de interlocutora do futebol: história, estilo e, especialmente, o primor da qualidade” –Guy Laurent.
Um exercício fácil e corriqueiro é o seguinte: o que é mais estranho? Ver uma Champions League sem beber Heineken ou beber Heineken no meio de semana sem ver um jogo da Champions League?
Pois é.
Link YouTube | Que tal descobrir que ganhou o estágio… assim?
Estrutura de transmissão
Hoje, entre competições internacionais de futebol, nada se compara à transmissão de jogos da Champions League.
Eurocopa, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos não chegam nem perto da qualidade que a UEFA exigiu e implantou na hora de produzir vinhetas de chamada ou organizar as transmissões ao vivo para o resto do mundo. Para nós, brasileiros, acostumados com os tolerantes atrasos, as imagens conseguem surpreender a cada jogo.
Mais uma vez, entra a importância de vender um sonho. “Sabemos do número de torcedores assistindo de suas casas, bares ou até mesmo pela internet. É preciso que tudo seja perfeito – principalmente – na transmissão. Ele precisa assistir aqui e pensar ‘uau, eu tenho que ir num jogo desses’”, resume Guy Laurent.
Valorização da História
Junto da taça, uma exposição completíssima da Champions League acompanha o Trophy Tour. São dezenas de belas fotos, painéis com informações, camisas, bolas e chuteiras que fizeram parte de grandes jogos. A ideia, que como entretenimento é fantástica, fortalece aquilo que o futebol europeu faz infinitamente melhor que o sul-americano: vangloria os craques do passado.
A consagração de jogadores é vista como uma demonstração de valor por parte da UEFA. Mas trata-se, principalmente, de elevar ainda mais o profissionalismo da entidade. Quanto mais destacados e valorizados são seus ex-jogadores, mais a competição ganha em história. Sem contar que a estrutura é um enorme ensinamento para os mais jovens sul-americanos, órfãos da história tão bonita quanto que povoa o continente – porém, não divulgada.
Grandes jogos
“Só se faz um grande campeonato com grandes jogos e grandes jogadores”, foi o que disse Seedorf quando questionado sobre o impacto dos craques na Champions League. Certíssimo. A estrutura – e premiação envolvida – que engloba a Champions League é essencial para que a presença desses grandes times seja garantida.
Destaca-se também a exposição que os clubes possuem nesse campeonato, possibilitando o interesse cada vez maior dos jogadores de migrarem ao velho continente.
Todos os grandes jogadores do mundo querem jogar a Champions League. Motivo: todos os outros grandes jogadores do mundo estão jogando. E se não estão jogando, já jogaram. Já ganharam. E gostaram.
Link YouTube | Milan 3 x 3 Liverpool, em 2005. Para muitos, a maior final da história.
Se vamos ter algo parecido na América do Sul um dia? Talvez. Basta profissionalismo e, assim como eles reaprenderam a jogar futebol com nosso estilo, admitir que ainda há um longo caminho a trilhar até a excelência do espetáculo.
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