Círculos de confiança: como cultivar comunidades digitais transformadoras

circulos

Há quase dois anos atrás, escrevi o texto “Sobre o Dia Mundial de Porra Nenhuma”, comentando um pouco sobre os termos “orgulho branco” e “orgulho hetero”, que estavam ganhando força por ai.

O texto foi publicado no meio da tarde. Às oito da noite minha caixa de mensagens do twitter colecionava quase duas dúzias de acusações de plágio. O Túlio Viana, advogado com um curriculum (bem) extenso, soltou um comentário ácido sobre as coincidências que havia notado entre nossos textos, e esse comentário foi replicado por muitas pessoas que acompanham o trabalho dele.

Estava armado o circo.

Nas trincheiras, eu e o Tulio trocávamos emails enervados, entupidos de ironia. Comprei a briga: escrevi post no meu blog pessoal, mandei comentário engraçadinho no Facebook, Twitter, enfim, agi feito um moleque numa tentativa idiota de apagar um incêndio com gasolina.

Não era um plágio, obviamente, mas minha postura não colaborou em nada para que a situação se resolvesse. Na verdade, eu mal parei para pensar em qual seria uma boa solução para a situação. Eu só queria ganhar aquele joguinho.

Posturas decisivas

No dia seguinte, de cabeça fria, recebo uma ligação do Guilherme:

Cara... esse tipo de situação não se resolve por e-mail. Vou ligar pro Tulio.

Três ou quatro horas depois a situação estava resolvida. Uma semana depois a solução foi publicada no próprio PapodeHomem.

A movimentação foi muito ágil, mas eu demorei um bocado de tempo para entender o que estava acontecendo ali. Minha cabeça estava funcionando da mesma maneira que a maioria das comunidades virtuais funciona. É uma mentalidade que tem dificuldade em enxergar valor na discussão, no embate e na pancadaria civilizada. Utilizar os atritos e fricções naturais de toda comunidade para gerar conteúdo diferenciado para a própria comunidade foi, ao meu ver, um sacada genial.

O que aconteceu por trás?

Nas palavras do próprio Guilherme:

Por trás das ações concretas, operam certos princípios. É bom ter clareza sobre eles. Pois também é possível agir de maneira similar usando princípios que trabalhem com uma lógica nociva de controle, sufocamento, competitividade e hierarquização, fechando espaços de diálogo.
No conflito exposto pelo Amuri, foi necessário:
1. Enxergar a rede. Valorizando esse aspecto, entendemos a resolução de conflitos como meio de diálogo com a toda a rede, reforçando princípios externos e internos que guiam a participação de cada um.
2. Enxergar as pessoas envolvidas. E não suas identidades apenas como usuários, leitores, autores, trolls ou reclamantes. É a diferença entre uma lógica utilitarista, baseada na postura do momento, em contraponto a um caminho naturalmente mais flexível e aberto. Significa partir da pergunta: como eu gostaria de ser tratado, caso estivesse na outra ponta da situação?
3. Enxergar o que estava sendo dito por trás e acolher. E não se fiar no que está sendo dito verbalmente, mas sim no que está sendo comunicado por trás das palavras e das camadas externas das ações. Por trás da postura agressiva/contida/irônica de cada um, havia duas pessoas que não desejam para si mais briga e sofrimento, que só querem ser reconhecidas, aceitas e acolhidas.
Trabalhando com essa base, não há necessidade de decorar métodos ou técnicas complexas. O movimento se torna natural.
Vamos nos aprofundar bastante nisso ao longo do encontro.

* * *

Desde então, parei para analisar com cuidado a maneira com que a própria comunidade do PapodeHomem se mexia. Melhor do que silenciar críticas é abrir cada vez mais espaço.

Guilherme

Venho acompanhando de perto o trabalho do Guilherme como um dos condutores do PapodeHomem, dO Lugar, e do Escribas, e fico bem feliz em convidar a todos para o 10º Encontro dO Lugar.

Ele já ofereceu cursos pelo Cinese e pelo CEMEC, além de palestrar sobre redes e comunidades digitais em eventos e para marcas, mas o escopo abaixo de conteúdo – com essa profundidade – nunca foi apresentado antes.

Quais tópicos serão cobertos no encontro?

Vamos fornecer um panorama baseado em mais de oito anos de estudo e experiência real no tema:



  • De onde vem a fagulha que motiva as pessoas a se juntarem?




  • Como surgem as redes?




  • Como fazer a magia operar para conseguir tração e massa crítica, em um norte saudável?




  • Há diferença entre comunidades que aspiram oferecer/abrir/cultivar espaços de transformação e as demais?




  • Quais as plataformas ideais para se usar?




  • Como estruturar um espaço capaz de movimentar pessoas digital e presencialmente, chacoalhando mundos?




  • O que torna uma comunidade próspera e realmente envolve as pessoas?




  • Quais os pilares de um bom caseiro em um espaço digital que aspire transformar as pessoas?




  • As diferentes posturas – negativas e positivas – das pessoas e sugestões para lidar com cada uma delas




  • Tratando as pessoas como co-criadoras e não como usuárias




  • Como formam-se novos caseiros – a base de prosperidade




  • Qual o ciclo de vida de uma comunidade digital, os desafios e particularidades específicas de cada etapa?




  • Quais os tropeços e deslizes mais comuns a serem evitados?




  • As métricas visíveis e, mais importante, as invisíveis




  • O que você demoraria anos para aprender e pode travar pela raiz o processo de crescimento e transformação das pessoas envolvidas, sem que você perceba?




  • As principais causas de morte para uma comunidade



  • Tornando o espaço livre para ir além de sua própria visão

Para quem se destina?

Se você deseja construir uma comunidade digital próspera – seja um projeto independente ou como negócio – este encontro vai fazer sentido para você.

Se você participa de alguma comunidade que discute algum assunto pelo qual você é apaixonado, vale também.

Eu consultei o Guilherme para escrever a subseção anterior, claro, mas nessa aqui faço questão de dar meu próprio pitaco. Não tinha a mínima noção do que estava por trás de uma boa comunidade digital – por exemplo, a importância de um relacionamento transparente e real com as pessoas que estão acompanhando minhas movimentações, meus textos, o conteúdo que produzo na área de finanças, etc.

A ficha só caiu quando os comentários questionando como as coisas estavam acontecendo tão rápido se tornaram frequentes. Precisamos nos enxergar como rede.

Estive na primeira turma, quando o curso ainda estava em fase de adaptação e testes, e não poderia recomendar mais.

Quando e onde

Quando: 27 de julho, das 10h às 17h30  (com 1h30 de almoço).

Onde: Espaço Gam Yoga | Rua Fradique Coutinho, 1004 – Vila Madalena – São Paulo/SP

Valor: R$ 220,00. Desconto de 30% até segunda, 22 de julho: R$ 154,00. Essa contribuição apoiará as atividades do lugar e os movimentos do Guilherme.

Valor especial para participantes do lugar: R$ 88,00. Se já pagou por uma assinatura de 6 meses, basta fazer o depósito com o valor especial e informar seu login na inscrição. Se não participa e deseja aproveitar o desconto, primeiro faça seu cadastro e logo depois se inscreva no encontro.

Limite de participantes: 15

Faça sua inscrição


publicado em 19 de Julho de 2013, 16:55
Eduardoamuri

Eduardo Amuri

Autor do livro Dinheiro Sem Medo. Se interessa por nossa relação com o dinheiro e busca entender como a inteligência financeira pode ser utilizada para transformar nossas vidas. Além dos projetos relacionados à finanças, cuida também da gestão dO lugar.


Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.

Sugestões de leitura