Chinês faz oferta pelo Liverpool

Que o futebol é onde mais se percebe os efeitos da globalização não é novidade. Além de ser um dos esportes mais praticados do mundo (atrás da pesca), os campeonatos europeus conseguem reunir contradições e culturas dentro do gramado.

A despeito dos sonhos puritanos (como o meu), a invasão bárbara dos clubes começou pelos jogadores. Chegamos a tal ponto que o melhor time da Itália conta com somente três membros italianos. O restante do plantel se divide entre alemães, holandeses, argentinos e brasileiros.

Já na cartolagem, até nós brasileiros sentimos o peso dessa invasão. Em 2005, tivemos por aqui a novela Kia Joorabchian e Corinthians, que mesmo sujeito ao contraditório, não rendeu bons frutos para o alvinegro paulistano. Na Europa, o personagem mais marcante dessas maracutaias é certamente Roman Abramovich, bilionário russo que, entre outros esquemas, é dono do São Caetano inglês: o Chelsea.

E os bárbaros continuam a mirar a Inglaterra. Essa semana o chinês Kenny Huang fez uma oferta para aquisição do endividado Liverpool, pela quantia de  420 milhões. Em seu portfólio, Huang ainda conta com uma fatia de 15% do Cleveland Cavaliers, time de basquete americano.

Se continuarmos nessa toada, o futebol vai se tornar definitivamente uma commoditie. Grandes conglomerados globais passarão a explorar grandes plataformas futebolísticas. O esporte em seu sentido social e comunitário vai perder o sentido.

No futuro, torceremos por marcas e companhias, não mais por clubes.

Ou já estamos torcendo, e nem nos demos conta.

Torcemos pela camisa. Quem a veste é o de menos.

publicado em 05 de Agosto de 2010, 05:08
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Flaco Marques

Rapaz do interior de SP que vive suas desventuras na cidade grande. Poliglota valente, busca equilibrar o jeito cosmopolita de ser com a simplicidade caipira de viver.


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