Colocamos no fundo da tela do computador, tiramos fotos pela janela do avião, subimos a montanha para encontrá-lo, estudamos suas diferentes aparências e elementos… Somos atraídos, fascinados por essa aparência misteriosa que chamamos de céu.

Alguns diriam que o céu simboliza ou é um constante lembrete de algumas qualidades da vida, da realidade, de nossa mente:

  • generosidade e equanimidade (o céu se oferece a todos sem distinção),
  • abertura e espacialidade,
  • acolhimento (o céu recebe qualquer coisa),
  • amplidão e vastidão sem fim,
  • indestrutibilidade (nada que é colocado mata o espaço onde se coloca),
  • luminosidade,
  • imperturbabilidade (o céu não se desespera nas tragédias, não gargalha nas vitórias)
  • liberdade,
  • eternidade (no sentido espinosano de além do tempo, não de tempo infinito ou imortalidade),
  • continuidade, (o céu é permanente, constante, sempre segue),
  • transcendência (o céu sempre está acima de tudo),
  • paz,
  • não-dualidade e coemergência (o céu não é um coisa lá fora, auto-existente, mas surge do jeito que surge apenas para nós),
  • mágica e ilusão (o céu não está em lugar algum e por isso consegue estar em todos os lugares),
  • paciência,
  • beleza,
  • nitidez (o céu é em alta resolução),
  • profundidade (mais do que o oceano, outra aparência que nos atrai)…

Para mim, a coisa é ainda mais assustadora: não seríamos capazes de reconhecer e nos fascinar com as qualidades do céu, se nós mesmos não tivéssemos isso, se nós mesmos não fôssemos isso. A aparência do céu não é lembrete algum. O céu é exatamente o que somos.

Como que num sonho — em que cada uma de nossas realidades se manifesta em elementos, objetos, seres e situações — vivemos com a constante presença do céu. Nosso corpo já mudou, nossa casa, nossas relações, trabalhos, objetos, tudo já mudou sob o mesmo céu. Ora, se é pra se identificar com algo, ignore a imagem que aparece no espelho e comece a se identificar um pouco mais com o céu.

Isso aí em cima sou eu. Isso é você.

(E, por favor, por favor não encare isso como um texto metafórico.)

Gustavo Gitti

Professor de <a>TaKeTiNa</a>

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