Camisinha para pênis não-ereto existe!

Preservativo pode ser colocado no pênis flácido, evitando interrupções durante as preliminares e protegendo em casos de disfunção erétil

“A camisinha só deve ser colocar quando o pênis estiver ereto”

Você provavelmente já ouviu isso, certo? Na hora da prática, fica claro o quanto as camisinhas são feitas para pênis de um certo tamanho em um determinado “estado de dureza”: amoleceu um pouquinho, ela sai. 

Depois de uma longa jornada de pesquisas, a empresa Kamira desenvolveu uma camisinha feita justamente para se adequar ao pênis quando ele estiver flácido. Ela tem um elástico diferente, que prende a base do pênis mesmo antes da ereção. 

Essa inovação traz várias vantagens. Uma delas é que este preservativo permite que o cara coloque a camisinha até duas horas antes de começar o ato sexual, quando o pênis ainda estiver flácido, evitando interrupções durante as preliminares.

Instruções sobre como colocar a camisinha com o pênis ainda flácido

Caso o pênis perca um pouco a rigidez durante o ato, o formato anatômico encaixa perfeitamente no pênis, evitando as “escorregadinhas” na hora H. A camisinha não vai escapar, evitando o contato entre o pênis e a vagina e protegendo de maneira mais eficiente contra a transmissão de doenças. 

Essa camisinha é especialmente importante para homens que não tem ereções completas poderem ter uma vida sexual mais segura e confortável. Dificuldades com ereções, ou disfunções, podem ser extremamente frustrante para os homens, afinal, o sexo ainda é muito atrelado a ereção e penetração — e como a gente sempre tenta pontuar aqui no PdH, sexo vai muito além disso.

Se a ideia de ir pra cama com alguém, sem conseguir manter a ereção, já cria uma série de inseguranças e medos, o cenário fica ainda mais complicado quando o cara tenta utilizar um preservativo que não se adequa ao seu órgão. Além da insegurança de não poder “oferecer uma ereção” vem a dificuldade de não conseguir oferecer a proteção adequada. 

A camisinha para ser usada antes da ereção é uma ótima solução para uma parte deste problema: a prevenção. E com um problema a menos, o peso das outras inseguranças também ficam mais suaves.

Esse modelo de camisinha também tem um gel vasodilatador, que prolonga a ereção por mais tempo e é feita de um material chamado AT-10 - que é mais macio e sem látex - que transfere o calor de maneira equilibrada e não possui odor.

A Kamyra, empresa que desenvolveu o preservativo, é especializada em fazer preservativos diferentes e funcionais. As camisinhas são criadas pela Kamyra, mas são vendidas sobre o selo da marca Unique Condoms

Além desta, feita para pré-ereções, eles tem um modelo que cobre a base do pênis e dos testículos (ampliando a proteção contra ISTs) e um modelo com tiras que facilitam a colocação correta, o que também aumenta a eficácia da proteção. 

As criações desses produtos são de extrema importância: tanto porque melhoram as possibilidades de prevenção contra ISTs, quanto porque passam a atender às demandas da diversidade de corpos e pênis. 

Atualmente, a maior parte dos fornecedores de camisinhas fabricam preservativos para um padrão de pênis e quem não se encaixa nos padrões têm grande dificuldade de encontrar preservativos que os deixem confortáveis (muitos deixam de usar preservativos por esse fator). 

O aumento de iniciativas que atendem a parâmetro diversos de corpos tem ajudado (aos pouquinhos) na libertação de alguns padrões. 

A quantidade de produtos sexuais que dão conta de valorizar as diferenças dos índivíduos tem crescido (ainda bem). Mas ainda há uma grande dificuldade de acesso a inovações que são pouco difundidas e, principalmente, caras. A camisinha pra pré-ereção da Kamyra, por exemplo, pode ser encontrado na internet por mais de R$ 50 reais a caixa com 3 preservativos (sem contar o frete e alguma possível taxa de importação).

Desde que o mundo é mundo se ouve falar parâmetro de tamanho e anatomia dos órgãos sexuais. Acontece que os parâmetros mudam. Na Grécia Antiga, os pênis maiores eram características de sátiros (mistura de homem + animal) e dos tolos, sendo assim sinais de descontrole e estupidez, respectivamente, e a alta sociedade da época os considerava vulgares e fora do padrão, onde os bania e colocava-os no posto de “escória da sociedade”. 

Já os homens retratados com pênis menores e flácidos, eram retratados como grandes sábios, intelectuais, leais e prudentes tornando-se assim, representação de autocontrole. Nos tempos atuais, o padrão valorizado é: pênis grande, grosso e super ereto. Esse padrão não comporta nem um terço da sociedade, mas ainda assim é o objeto de desejo de muitos homens e mulheres.

Longe de afirmar que o padrão grego era melhor que o atual, queremos justamente abrir mão dos parâmetros de melhor ou pior e entender que a sexualidade mais rica é aquela que se vive de maneira plena valorizando as diferenças e características únicas de cada um.

E agora, queridos leitores, queremos saber: qual o modelo de camisinha você gostaria que fosse inventado?

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Texto de More Ordóñes em co-autoria com Gabriella Feola 


publicado em 17 de Setembro de 2019, 10:21
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Argentina, aquariana e jornalista freelancer. Escrevo até dormindo, sou do mundo e adoro um chimarrão.


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