Cama que não faz barulho, relaxamento, encenação e outras boas bases para o sexo

Além de uma superfície concreta, quais bases você usa para transar?

Quatro textos sobre sexo e um widget especial aí do lado para você enviar perguntas sobre os próximos temas. É isso que você vai encontrar este mês aqui no PapodeHomem.

Prazer a dois

Soubemos que o vídeo completo da Fernanda Lima se atracando com o marido está no site www.vivaoprazeradois.com.br. Eu vi, mas achei que eles mostraram só um uso do K-Y 2 em 1. Cadê o vídeo com o segundo modo de usar? ;-)

Esse cara tá se demorando na parte errada do processo...

Pois é desse segundo modo que vou falar aqui. Pensei inicialmente em restringir para "Como arranjar uma cama que não faz barulho" (algo que fiz no começo do ano depois de mil reclamações do vizinho de baixo), mas depois listei outras bases necessárias para o sexo se desenvolver de modo desobstruído.

Descondicionamento

Seja uma mulher que sempre goza na mesma posição ou um cara que não consegue elevar a energia da transa além de um certo ponto sem acabar ejaculando, todos nós temos padrões, limites e condicionamentos no sexo. O problema não é tê-los, mas se acomodar e não avançar.

Às vezes pensamos que estamos sendo compassivos ao aceitar os trejeitos do outro na cama, mas de vez em quando podemos propor outras coisas e também arriscar para além de nossos limites. Se interrompemos o fluxo da água num sentido, ela certamente encontrará alternativas. Para gozar em outra posição, a mulher vai se abrir mais profundamente ao prazer. Para aumentar a intensidade dos movimentos em sua posição preferida, ele vai ter de descobrir como não ejacular.

O objetivo não é se tornar uma máquina de transar, capaz de passar 6 horas sem parar e gozar em todas as posições, mas apenas oferecer essa base de descondicionamento e constante desafio um ao outro, na cama e na vida.

Fonte | Tirinha dos Malvados (André Dahmer)

Errância

Ontem vi uma matéria no CQC sobre a quebra da patente do Viagra e afins. A maioria dos entrevistados disse que nunca brochou na vida. Ora, eu não entendo por que tantos homens mentem, como se brochar fosse algo problemático e fatal, como se em minutos ou horas depois a situação toda não pudesse ser invertida.

Tal aversão pelo erro nos leva sempre a agir dentro da zona de segurança, ou seja, sempre fazer a mesma coisa. O oposto do erro não é o acerto, mas a estagnação. Abrir espaço para a falha, estimular esse movimento errante, criar um ambiente seguro no qual ambos não veem tanto problema em fracassar, se frustrar, esperar, se decepcionar, se perder, escorregar, vacilar, se confundir... Eis um dos melhores jeitos de ampliar nosso espaço de exploração da vida. E, claro, do sexo.

Relaxamento

"Respirem lenta e profundamente desde o momento em que acordarem, para que quando chegar a hora de meterem com suas mulheres, vocês estejam com o mínimo de tensões possível. Isso vai ajudar muito a conceder a elas a melhor foda de todos os tempos."

Essa frase é de um dos participantes da Cabana PdH, onde conversamos direto sobre como não só o sexo reflete na nossa vida mas como uma boa vida reflete no sexo. Não é à toa que o sexo é um dos melhores termômetros para se descobrir como estamos vivendo.

Para nossa sorte, apenas o jeitinho serelepe delas já nos ajuda a relaxar. Ou não.

Usando palavras, eu nunca consegui enfatizar direito o quanto o relaxamento é crucial para o sexo. Parece papo de spa ou "terapia holística"...

Um bom meio de testar se você está relaxado, é pedir que sua mulher faça carinho com a ponta dos dedos em locais onde normalmente você sentiria cócegas, como a lateral da barriga. Quando surgir o impulso de se mover, basta respirar profundamente e relaxar no meio desse impulso, observando como ele dissolve a si mesmo após surgir.

Se você nunca tem cócegas, um outro jeito direto de perceber qual o nível de seu relaxamento cotidiano é chegar em casa, deitar no chão e respirar fundo algumas vezes. Compare esse estado com o estado no qual passou o dia inteiro e verá se ficou relaxado ou não. O outro método é sentar imóvel em silêncio.

Com essa base, o sexo fica melhor por três razões:

1. Diminui (e muito) a necessidade de liberação de tensão. Quem ejacula rapidamente e não tem problemas fisiológicos normalmente não sabe como relaxar em meio a uma tensão, não sabe o que fazer com tanta energia, não tem meios de sustentá-la e agir a partir dela, então só consegue lidar com o tesão de um jeito: liberando-o. O mesmo processo de liberação de tensão ocorre quando bebemos álcool ou fazemos esportes. Eis um outro jeito de entender por que beber um pouco e fazer esportes melhora o sexo.

2. O homem consegue oferecer esse relaxamento à mulher. Essa base calma que permanece durante a fúria do coito é essencial ao prazer. Às vezes chamamos isso de "amor", mas é apenas um vasto espaço imóvel que às vezes você pode oferecer com um simples olhar enquanto mete rapidamente. Seu corpo se move, mas há uma base imóvel. Às vezes é pela respiração, que pode ficar lenta e profunda durante a maior das pirações.

3. Com ela bem relaxada, todos os caminhos ficam liberados. Bastante K-Y, uma massagem na bunda inteira dela e pronto.

Melhor do que apenas relaxar a barriga e aprender a verdadeiramente soltar o ar durante um belo boquete, é passar a vida inteira nesse estado de repouso e respiração profunda, como se você tivesse sempre bebendo whisky internamente, mesmo que imerso num caos multi-tarefa.

Nada de manter a pose durante o sexo. Relaxe a barriga. Elas adoram. ;-)

Encenação

Todo mundo fala da importância da imaginação, mas pelo que já ouvi das mulheres acho que exploramos muito pouco os aspectos lúdicos e teatrais da vida. A tessitura onírica das coisas nos permite viver vários personagens e criar situações do nada, sem que precisemos ser atores profissionais. Nós já somos atores de nós mesmos, então por que não aproveitar e interpretar outros personagens de vez em quando?

Às vezes, durante o sexo, o diálogo se envereda por outra cena que não exatamente a "real". Ele diz que adora quando ela luta e diz que não quer, então ela começa a falar "Para, para!" apenas fingindo, mas não demora até que ambos encarnem a cena, lutem e descubram quais emoções, olhares e pegadas surgem dessa encenação.

Às vezes tudo começa com uma fantasia de colegial. Ou fingem ser astros pornôs se exibindo para uma câmera (acredite, muita coisa muda com o botão vermelho ligado). Mas as melhores fantasias são as mais sutis, como quando você fica furioso, sem motivo, ou quando propõe jogos e pequenas regrinhas sacanas. Enfim, a encenação é uma das melhores bases para o sexo. E para uma boa vida.

Melhor deixar as fantasias com elas, a menos que você seja o mestre Cosmo Kramer.

Energia*

Muito do prazer feminino vem do modo como conduzimos a mente (a dela e a nossa), da energia interior que aplicamos, não exatamente da forma exterior. É isso que ela sente, no fim das contas. É claro que saber fazer algumas coisas é importante, mas isso é apenas saber o passo da gafieira ou a batida de tal música. Uma coisa é dançar o passo durante uma aula (pura forma), outra coisa é dançar na frente de uma banda, sentindo cada pulsação da música e transformando-a em suor usando aquele mesmo passo da aula...

É por isso que a energia precisa de alguma forma para se expressar e às vezes podemos ativá-la apenas trocando formas, assim como renovamos nosso tesão por algum instrumento quando aprendemos novas músicas. Não é à toa que o sexo melhora quando vem envolto a sorrisos, massagens, beliscões e tapas.

* Estou usando "energia" como sinônimo de intenção, alento, ânimo, vivacidade, presença interna.

Cama que não faz barulho

Ah, nada como uma boa cama da qual é muito complicado sair.

E enfim vamos falar da base material mais comum para o sexo. Por mais que a gente goste de chão, bancada, sofá, mesa e pia (fora escadas e provadores de roupa), uma boa cama continua sendo essencial, especialmente quando seu vizinho de baixo não admite muito barulho.

A melhor opção é contratar um bom marceneiro, dizer que sua mulher pesa 200kg e pedir uma cama com base maciça ou com um estrado de chapa única bem espessa planejado de modo a nunca quebrar ou ranger. Quando eu trabalhava numa marcenaria, só fazíamos dessas. Depois é só comprar um colchão queen ou king e fazer a festa.

Como eu não tenho tanta grana, optei por um box bem resistente e um colchão de 36 centímetros de altura tamanho queen. Às vezes ele se move, mas agora eu tenho de suar bem mais pra fazer qualquer barulho... Ah, sim, e compre mais travesseiros. Uns quatro. Elas curtem e eles ajudam em algumas posições.

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No próximo texto, Pedro Jansen falará sobre o orgasmo. Envie sua questão pelo widget abaixo. Relato, dúvida, pergunta, tanto faz.

E o espaço abaixo fica aberto para as suas visões e comentários, como sempre.

Abraços!


publicado em 05 de Maio de 2010, 14:59
Gustavo gitti julho 2015 200

Gustavo Gitti

Professor de TaKeTiNa, colunista da revista Vida Simples, autor do antigo Não2Não1 e coordenador do lugar. Interessado na transformação pelo ritmo e pelo silêncio. No Twitter, no Instagram e no Facebook. Seu site: www.gustavogitti.com


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