Bungee jumping extremo e pessoal

Em 1960, o então capitão Joe Kittinger era parte de um time especial da Força Aérea norteamericana, dedicado a estudar os efeitos de grandes altitudes no corpo humano. Tratava-se do Projeto Excelsior. Você nunca ouviu falar de Joe. No entanto, ele foi o primeiro homem no espaço.

Em 16 de agosto daquele ano, subiu sozinho em um balão chamado Excelsior III até 30 quilômetros acima do solo, carregando consigo uma câmera. Lá chegando, fez algo impensável para meros mortais. Pulou.

Não era sequer capaz de sentir estar caindo, tão fino era o ar e distante das nuvens como estava. Seu único ponto de referência era o balão, se tornando cada vez menor. Enquanto isso, seu corpo acelerava até uma insana velocidade de 990km/h - a velocidade do som é de 1226km/h. Foram 4 minutos e 36 segundos de queda livre. Após abrir seu paraquedas, mais 9 minutos até o solo.

Joe estabeleceu os recordes mundiais para mais alta subida em um balão, mais alto salto com paraquedas, mais longa queda livre e mais rápida velocidade de um homem pela atmosfera.

Até agora.

O Projeto Red Bull Stratos pretende quebrar esse recorde fazendo o kamikaze  piloto Felix Baumgartner saltar há uma altura de 37.000 metros. Caso tenha sucesso, será o primeiro homem a alcançar velocidade supersônica sem o auxílio de um veículo. Também será coroado filho-da-puta-honorário-mais-foda-do-universo-conhecido.

Joe foi chamado para ser mentor e consultor da missão, visto que não há outra pessoa por aí com experiência remotamente próxima no assunto.

YouTube | Observem o cabelo no peito de Joe Kittinger, em 3:05. Isso é testosterona.

No vídeo acima, um salto teste feito há 21 quilômetros de altitude. Felix alcançou 585km/h. Nada mal, mas precisa de muito mingau para alcançar seu mentor Joe Kittinger. O risco envolvido nos feitos dessa dupla é alto. Necessitam usar uma roupa projetada para o desafio. Qualquer rasgo na armadura pode ser fatal. A temperatura chega a setenta graus negativos.

Basicamente, o sujeito possui bolas de aço.

Vou seguir acompanhando atento o Projeto Stratos e sua exploração pelos limites do humano.

***

Enquanto isso, coloco meus pés no chão e compartilho aqui a quebra de um limite pessoal.

"Começando o ano bem."

Foi esse meu post no Facebook, em 3 de fevereiro, para contar de meus planos. Eu e um amigo compramos o mesmo pacote.

O mês entre a compra e o salto passou voando, com minha mãe ligando todos os finais de semana para checar se eu estava vivo e repetir como era contra a ideia. Nas palavras dela, "essa loucura". Loucura, para mim, seria deixar a vida passar sem experiências como essa. Hoje, 17 dias depois após o salto, estou convicto do quão correta foi minha escolha.

Alô, anjo da guarda, se estiver de folga hoje vou te cobrir de porrada quando chegar aí no alto!

O milésimo de segundo entre o momento em que solta seu corpo, percebe que não há mais volta e que, dali em diante, seu único pensamento é um turbilhão de adrenalina, não tem preço.

Saltaria mais uma, duas... mil vezes, assim como indico para todas as pessoas que me perguntam se valem a pena. Da mesma maneira, hoje morro de inveja do aventureiro Felix Baumgartner e sua busca pelo recorde dos 37.000 metros.

Para colocar em perspectiva, são oitocentas e quarenta vezes a altura do meu salto (44 metros).

Por fim, deixo também uma visão mais real do meu salto:

YouTube | "ahhhhh, caralhoporraaaaaeeeee!"

E vocês, pulariam também?


publicado em 18 de Abril de 2012, 18:54
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Rafael Virmond

Nascido no interior do Paraná, morador da Capital. Quase advogado, quase adulto e já perdeu mais tempo em jogos de computador que com a faculdade. Mesmo assim, dizem, uma ótima pessoa. Brinca de escrever no Cartas Para Ela.


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