Nota editorial: estamos em busca de Bom dias com homens e com mais diversidade de corpos e peles — aqui explicamos em mais detalhes o contexto atual da série, suas origens, obstáculos e nossa visão de futuro para ela. Se você é fotógrafo(a) ou tem um ensaio que deseja publicar, fale conosco pelo jader@papodehomem.com.br .
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Ainda continuo um pouco sem jeito frente as câmeras, mesmo tendo fotografado outras vezes. Nunca aceito ensaios que não tenham propósitos sólidos. Sou acanhado, tímido pacas e acho sempre que se entregar para as lentes de um fotógrafo é "um pouco vender a alma", como diria Clarice Lispector em sua crônica "Amor Imorredouro".
A Carina Calixto já tinha mostrado interesse em me fotografar, e, há muito tempo eu flertava com seu leve olhar fotográfico. Foi tudo muito natural, livre e despretensioso. O nu ou o sensual ainda são tabus; o próprio corpo ainda é cristalizado, é nele que estão inscritas as normas e os valores da nossa sociedade. É difícil distanciar-se do referencial grego de beleza. Há uma ditadura cruel para vivermos com um peitoral desenvolvido, bíceps fortes, coxas fartas, e é claro o abdômen "tanquinho". Dia a dia nutro minha mente e alimento minha alma com informação e poesia, para enfrentar esse rígido padrão estético.
Precisamos ter o entendimento pleno do nosso corpo. Primeiramente entendendo que ele é humano, ou seja, imperfeito. E segundo, o corpo é liberto, puro, bonito por natureza; feio é a maldade do homem. Magro e carente das massas musculares endeusadas nas academias, luto e respeito todos os tipos físicos. E com esse freestyle vou grafando minha história com mens sana in corpore sono.
Boa semana a todos.
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