Até logo, PapodeHomem!

Foi aqui que eu aprendi a produzir conteúdo e também que percebi que essa doideira pode dar certo

Hoje fez sol aqui nos vales de Perdizes. Almoçamos todos juntos num dos restaurantes habituais por aqui, caçando Pokemóns na ida e na volta.

Meu último dia de trabalho aqui no PapodeHomem foi incrivelmente comum. Foi comum porque o nosso comum, nosso modus operandi de trabalho, é uma delícia. E também porque eu não sinto aquela dorzinha no coração de quem parte, já que o PdH já era parte da minha vida antes do estágio e não deixará de ser agora.

No dia 1º de setembro estou embarcando pra Portugal. Vou cursar um semestre da faculdade de Jornalismo na Universidade de Coimbra, recanto bastante universitário do país pequenino.

Entrei aqui há exatamente um ano e, pra falar bem a verdade, eu não tinha nenhum plano de seguir carreira jornalística. Pensava que não tinha jeito pra coisa. Apurar matéria e fazer aquele estilão de texto quadrado? Sei não. Ser a próxima Fátima Bernardes? Tô de boa, valeu.

A verdade é que isso vem de uma insuficiência e frustração com o curso, atrasadíssimo, pra falar a verdade. Não reclamo demais, já que os dois primeiros anos foram bons - aprendi de tudo um pouquinho das teorias de humanas. As disciplinas práticas e os jornais laboratórios começaram bem, coisa que nenhuma outra faculdade tem. Mas chegamos num ponto da graduação no qual a saturação do mercado e a lentidão e arrogância da academia começaram a irritar.

Temos aulas com professores que foram da graduação pro mestrado, direto pro doutorado, pós-doc e livre-docência. Professores que praticamente não trabalharam na área, que não sabem o que o mercado quer agora. Muitos não sabem nem o que estão fazendo ali. Estão ensinando pra gente como fazer jornal nacional em tempos de hospedar conteúdo audiovisual direto no Facebook. Frustrante.

Vir pro PapodeHomem foi um respiro de oxigênio do mais puro. Sentar do lado de gente que estava produzindo conteúdo em tempo real, gente que corria com o tempo, era tudo o que eu precisava. Sentia que aprendia em uma semana o que a faculdade tentava ensinar em um semestre. E realmente foi isso o que aconteceu.

No segundo mês eu já havia pego o ritmo da coisa. E adoro o que faço. Escrever é bom, mas editar outros autores de forma conjunta, o que o Gui chama de edição relacional (mandem um artigo pra nós pra entender como a coisa funciona) e ver as duas partes crescerem em suas habilidades não tem preço. Desenvolver as pautas bombásticas que o Jader repassa não tem preço. Conversar com quem nos lê e acompanhar as discussões da caixa de comentários é incrível.

Selfie desajeitada e sem edição de cinco minutos atrás, mas com amor <3

Por trás do que os leitores podem ver, aprendi muito também sobre a relação entre o Jornalismo e a Publicidade. Sobre modos pelos quais a nossa atividade pode vir a se sustentar no futuro, modelos de negócio.

Eu vi aqui uma possibilidade de continuar, sim, no Jornalismo. Não só pelo PapodeHomem, mas por conhecer toda a rede de pessoas que nos cerca, de produtores de conteúdo que estão fazendo coisa foda, conquistando espaço. É possível! Muito possível.

Estou indo pra Portugal com todas essas janelas abertas. Quero, sim, aproveitar pra conhecer como esses processos estão funcionando por lá e aproveitar do conhecimento que uma das faculdades mais antigas do mundo pode me oferecer. Mas quero, principalmente, as relações que virão a ser construídas.

Quero relaxar, descansar da rotina, criar outra, conhecer gente, viajar por aí, ver um pouquinho do que o mundo tem pra dar. E voltar pra minha profissão, que resiste, apesar de tudo.

Não vou me alongar demais nos agradecimentos. Obrigada Jader, principalmente, obrigada Gui, Felipe, Amuri, Brenão, Bruno, Cambi, Luri, Higa. Pra quem me leu ou trocou uma ideia comigo nos comentários, agradeço também, mas vocês não sentirão saudades porque desse espaço eu não sumo nem a pau!

Té logo.


publicado em 08 de Agosto de 2016, 09:50
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Marcela Campos

Tão encantada com as possibilidades da vida que tem um pézinho aqui e outro acolá – é professora de crianças e adolescentes, mas formada em Jornalismo pela USP. Nunca tem preguiça de bater um papo bom.


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