"Se qualquer filme tem o direito de ser chamado A Viagem de Chihiro desta década, então esse é o escolhido".
– Da Empire.
A grande parada em Your Name não é o hype em cima do filme ou de seu criador, Makoto Shinkai, que "o novo Hayao Miyazaki", provável maior produtor de animes que o Japão já teve, com dezenas de clássicos do Studio Ghibli sob seu comando.
A coisa boa aqui é o escapismo maravilhoso que nos proporciona seu grande sucesso, Your Name (Kimi no na wa), que só no Japão fez ¥23 bilhões (~US$190 milhões), um baita hit que, mundialmente já chegou em US$353.3 milhões.
A história vai nos mostrar a confusa relação entre Taki, um menino da grande cidade de Tóquio, e Mitsuha, a garota filha do prefeito de uma cidadezinha minúscula do centro do Japão. De algum modo, eles estão ligados e, mais do que isso, dependendo um do outro, já que de maneira misteriosa, a cada dia sim e dia não eles trocam os corpos, ele dentro do corpo dela e precisando lidar com os decoros de uma vila, e ela dentro do corpo dele querendo sugar ao máximo as experiências deliciosas da megalópole.
E daí o que seria mais um plot da troca de corpos, que já vimos às pencas por aí, Your Name acaba se tornando um deleite visual. Iluminado, muito bem bonito, cheio de tomadas perfeitas da Tóquio que conhecemos, grandiosa e sem dormir, com seus cafés e arranha-céus e ruas minúsculas, letreiros, sempre sempre cheia de gente, com landscapes maravilhosos do interior do Japão, cada frame aqui é rico em detalhes, enche os olhos com informações pertinentes das duas ambientações, dando uma experiência agradável de conhecer dois países bem diferentes dentro de um só, ambos com suas regras estabelecidas e suas peculiaridades.
Shinkai vai construindo toda essa beleza com a micro problemática de um casal jovem que precisa se descobrir e descobrir ao outro, além de lidar com as decisões pragmáticas que encerram a adolescência e iniciam a vida adulta, ele na competitiva cidade grande e ela no monótono povoado.
J pop tocando, aquela narrativa japonesa frenética que nunca cessa. Talvez seja de uma história para adolescentes que precisamos. Uma fuga da realidade dura dos últimos tempos para uma trama rocambolesca que fala sobre se adaptar e os benefícios da convivência em conjunto, da busca por algo mais que sua própria realidade e seu cotidiano, o perpassar por algo mágico pra se entender e se conhecer, para estabelecer um novo caminho para os pensamentos.
Em momentos cinzas como estes, as cores de Your Name são muito bem vindas.
Obs.: Este texto foi produzido do outro lado do mundo, no Japão! Estou em viagem na terra do sol nascente e escreverei daqui pelos próximos dias, com a ajuda da Seta Viagens, que me botou aqui. Acompanhem meus próximos artigos lá na minha página de autor.
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