Desde que o termo globalização foi cunhado vejo povos e culturas tentando homogeneizarem-se mundo afora.

Se tivéssemos todos uma única forma de pensar, consumir e agir, o que aconteceria com os aspectos mais genuínos dos costumes e tradições de um povo, aqueles que formam uma identidade nacional?

Se você nunca parou para pensar sobre o quanto deixamos de olhar para nossa própria riqueza cultural em função de um horizonte consumista importado ou pensa muito sobre o assunto, tenho certeza de que ambos irão gostar do dirnk abaixo e dos motivos pelos quais ele foi criado.

Receita do Dr. Drinks para fazer o “Martini volta às raízes”

Link vídeo


Para provar que esse drink tem a cara do Brasil a receita foi desenvolvida a partir de elementos que encontramos em qualquer região do país, assim você não tem desculpa para não fazê-lo.
Você vai precisar de:

  • Rapadura
  • Cachaça
  • Abacaxi
  • Limão
  • Manjericão
  • Taça de martini

Passo a passo:

1. Faça um xarope de rapadura. (receita abaixo)
2. Encha a taça de martini com gelo para resfriá-la, pois serviremos o drink sem gelo.
3. Corte duas fatias de abacaxi com aproximadamente um dedo de espessura cada e ponha na coqueteleira.
4. Junto com o abacaxi ponha de 5 a 7 folhas de manjericão.
5. Com um muddler amasse bem até o abacaxi soltar bastante suco e se desmanchar.
6. Acrescente gelo à mistura.
7. Sirva por cima do gelo 30mL (1oz) do xarope de rapadura.
8.  Acrescente  45mL (1 ½ oz) de cachaça.
9. Feche a coqueteleira e agite até gelar bem a mistura.
10. Sirva com um strainer na taça de martini previamente gelada cuidando para não cair nenhum bagaço.
11. Adicione poucas gotas do limão espremendo-o sobre o drink.
12. Faça um garnish (enfeite) com um raminho de manjericão. É muito importante dar um tapa de mão aberta no ramo para que ele libere ainda mais aroma.

13. Sirva.

Receita do xarope de rapadura

Em uma panela pequena acrescente 100g de rapadura e ¾ de xícara de água.
Leve ao fogo médio mexendo até desmanchar a rapadura. Deixe esfriar e use para adoçar esse e outros drinks que você inventar.

Por que voltar às raízes?

Obviamente ninguém é obrigado a fazê-lo e muitos nem acham bom. Mas não me privo do direito de dizer que através de algumas experiências com pessoas de outros países pude perceber que, de fato, temos traços comuns com vários povos. Muitos deles temos importado há muito via cinema, música e outras manifestações culturais mais sutis, porém com o advento da internet esse processo deixou de ser sutil passando a ser quase que predatório.
O acesso à informação tornou nosso ritmo de vida tão alucinante como uma montanha russa cheia de loopings. E isso nos proporciona um horizonte tão largo à nossa frente que raramente lembramos de olhar para trás. No ímpeto de estar sempre na crista da onda muitas vezes deixamos de apreciar as belezas ao nosso lado.

Estrada Real. 1600km da mais pura história brasileira. | Crédito: Joyce Takenaka

Mas para consumir mais informação e rechear nossa paisagem intelectual deixamos algumas coisas pelo caminho. Normalmente as mais simples são as primeiras da lista de corte. O concreto da vida metropolitana acaba sobrepujando o cheiro de capim.
Na busca por hábitos e gostos refinados, a cultura popular fica de escanteio. Afinal, se tudo que vem de fora dá status, quem perderá seu tempo com rapadura e cachaça? Se pedir um Dry Martini impressiona no bar, o Rabo de Galo que se dane!
E o que me motivou a escrever este texto foi justamente a percepção de que quanto mais internacionalizados formos, menos “cara” de brasileiros teremos.
Quando percebi o quanto muitos indianos tentam não ser indianos e que uma multidão de brasileiros que age da mesma forma, comecei a refletir sobre o que todos esses acham que são ou almejam ser. Vejo um exemplo prático disso em muitas famílias de imigrantes japoneses do Brasil: mesmo que nascidos aqui os filhos se consideram japoneses. E quando vão para o Japão são tratados como estrangeiros. É praticamente viver num limbo cívico.
O drink Volta às Raízes é um primeiro esforço na reflexão sobre qual é a cara do Brasil. Acredito que sejam vários Brasis, pois temos um país de proporções continentais e uma diversidade genética incalculável e ela pode ser nossa melhor característica. Ao invés de valorizar esse leque natural de possibilidades, muitas pessoas optam por assumir clichês vindos de outros países querendo ser o que não são e negando suas origens.
Isso tudo não quer dizer que você não possa mais pedir um Dry Martini para não parecer um gringo do limbo, mas sim que tenha orgulho do Rabo de Galo. Ou até mesmo que crie o Rabo-de-Galo-tini.

Diga qual a cara do seu Brasil e fique bem na fita com uma camiseta Chico Rei


Tá afim de levar no mole uma camiseta bem brasileira da Chico Rei? Então me digam quais as caras dos seus Brasis e as duas respostas que mais me inspirarem para criar o próximo drink serão presenteadas com uma camiseta direto das Minas Gerais.
E vamo que vamo, Brasil a dentro!
Um beijo e até semana que vem!

Junior WM

Um grande apreciador de história e histórias. Vive a vida de forma que seja lembrada como honrada e humana. Ama os prazeres da vida e sua família. Escreve sobre passar pelo mundo com dignidade e alegria. Contribui com a revolução digital por acreditar em seu caráter humanitário e num mundo melhor.

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