O pessoal por aqui gosta de música. E faz um tempo que andamos extrapolando esse gosto pro conteúdo do PapodeHomem – indicando artistas obscuros (Atahualpa Yupanqui, John Fahey, Mark Sandman, Sixto Rodriguez…), produzindo os belos PdH Sessions, fazendo experiências rítmicas pelos corredores do QG e até trocando o futebol pelo blues em noites de quarta feira.

Música boa e pouco conhecida

Existe muita gente talentosa e quase invisível por aí, fazendo música de excelente qualidade. Compositores, instrumentistas, entusiastas, mundos inteiros de produção musical que não passam pelas grandes gravadoras, grandes rádios e estádios lotados. É um trabalho incansável, que exige paciência, dedicação, tempo e investimento, e que muito raramente gera retorno em termos de reconhecimento e dinheiro.

O espaço tem sido bem restrito há anos, especialmente para as bandas alternativas e autorais. E o encerramento das atividades da Trama Virtual – grande reduto de bandas independentes nos últimos anos – não soa como presságio de tempos melhores. Enfim, se estas pessoas seguem fazendo o que fazem, parece não ser por outra coisa, senão por paixão pela música e vontade de expressão.

Foi pensando nisso que imaginamos uma série de artigos aqui no portal, onde poderíamos mostrar um pouco do trabalho destes músicos. Nada pretensioso, nada muito grande, sem rabo preso, mais como um conversa de amigos. “Pô, já ouviu essa banda aqui? Bem bacana. Os caras moram ali, são amigos do fulano.” Duas ou três bandas por artigo, meia dúzia de músicas pra ouvir, alguns links e vídeos, e é isso.

A ideia é seguir favorecendo as redes, colocando as pessoas em contato, nos dar mais opções e possibilidades de encontro. Não sei bem que critério e formato vai acabar calhando de usarmos, mas já podemos começar experimentando.

E queria começar mencionando três bandas aqui da região onde moro. Na verdade temos muitas bandas ótimas por aqui, e seria legal apresentar todo mundo com o tempo. Penso em mostrar as bandas mais ou menos agrupadas por estilo, por tipo de música, e estas de hoje parecem combinar em algo – música ruidosa, melódica, um soterramento de guitarras e efeitos etéreos que às vezes chamam de shoegaze, guitar rock, noise rock, dream, alternative…

Vacine

O Vacine é a banda onde eu toco. Banda de amigos, meio atrapalhada, irregular, mas também despretensiosa e teimosa em continuar dando as caras depois de tantos anos de altos e baixos e entra-e-sai de integrantes. Hoje o Vacine é Márcio Dall’Acqua no vocal e na guitarra, Fernando Dall’Acqua na bateria, Paula Riedi na guittarra e eu, Fábio, no baixo

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Guitarras apitando, distorção e melodias lânguidas entre ondas de feedback não são novidades na cena rocker joinvilense, mas ninguém faz isso há tanto tempo por aqui quanto o Vacine. Os 15 anos dedicados à causa indie, sustentados pela integridade, belas canções e shows memoráveis (e outros nem tanto), deram ao grupo uma aura mítica suficiente pra fazer o público prender a respiração pela volta da banda aos palcos.

Foi o como o jornalista Rubens Herbst falou da banda na primeira vez que retornamos de um longo hiato. Agora, depois de outro período de silêncio, a banda fez uma apresentação no Sesc Joinville e outra no festival Grito Rock que rolou por aqui, com a banda Somaa e a Ronaldo, do Chile.

Banda Vacine ao vivo no Sesc Joinville | Foto de Gisela M. Fialkowski

Veja mais sobre a banda no Facebook, e ouça mais músicas no Soundcloud.

E queremos continuar tocando. Se você quiser armar algum show, é só fazer contato 😉

Bela Infanta

Influenciada pela fértil decada de 80, pelo Dream Pop, pelo Shoegaze, a banda Bela Infanta, também de Joinville–SC, vem produzindo uma sonoridade bem própria, sem pressa, espacial, trespassada de efeitos analógicos e sutilezas de todo tipo. Os fãs de Cocteau Twins, Joy Division, My BLoody Valentine etc, estarão em casa.

O Bela Infanta é Deivys Joenck na voz e teclado, Stenio de Souza no baixo, Marcelo Casas na bateria e o mago Israel Rolim na Guitarra

Veja mais mais sobre a banda no Facebook, ouça mais músicas no Soundcloud.

Fragola Sour

A banda Fragola Sour é recém nascida, apesar de que seus membros já tem alguma estrada na cena de Jaraguá do Sul–SC. Allan Kanzler na guitarra, Gabriel Barg na bateria, Luisa Kinas na guitarra e voz, e Jorge Michael no baixo – filhos ruidosos de entidades como o Pixies, Sonic Youth, Smashing Pumpkins e Radio Dept. Parece que começaram bem, honrando a linhagem com propriedade.

Veja mais sobre a banda no Facebook, ouça mais músicas no Soundcloud.

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E por aí, o que indicam? Que músicos e bandas têm ouvido? Que músicas tem tocado?

Se você tem uma banda alternativa e autoral, e gostaria de participar desta série, por favor, envie o seguinte para fabio@papodehomem.com.br: release ou breve apresentação escrita da banda ou projeto, página no Facebook, 3 músicas no Soundcloud que você gostaria de mostrar e uma fotografia bacana.

Fábio Rodrigues

<a>Artista visual</a>