Achei interessante o convite do Guilherme para eu escrever sobre paternidade. Na mesma hora pensei, “caramba, sou pai de uma menina de 14 anos e sei da tal piadinha de ser “fornecedor”….o que vou escrever?”.
Bem, simples, vou escrever exatamente o que é ser pai de uma menina linda e vê-la crescendo a cada dia.
Para começar, a vida muda sim meu irmão, muda completamente. A planilha do orçamento se transforma por completo.
As linhas “Lazer, Viagens, Restaurantes…” somem para dar lugar a vários itens que um filho precisa. Para se ter uma idéia, minha moeda na época que ela era bebê, eram as fraldas. Sim, todo o dinheiro que eu ganhava era convertido rapidamente em pacotes de fraldas. Uma caixa de cerveja custava 01 pacote de fraldas, por exemplo!
Eu conhecia todas as promoções de todas as farmácias num raio de 10 km, tanto da minha casa quanto do meu trabalho. Fiz amizade com os balconistas. Bastava ter uma promoção que eles me ligavam e eu ainda fazia leilão. Se naquela época (1993) já existisse blog, ia ganhar dinheiro publicando as melhores promoções de fraldas do dia.
Além disso, o sono. Oito horas de sono seguidas era algo completamente impossível. Eram cochiladas de 2 em 2 horas, para acordar às 5, na hora de trocar a fralda e dar mamadeira. É que sou aquele pai moderninho, que ajuda a mãe em tudo. Enquanto minha (ex) mulher preparava o café, eu trocava a fralda da minha filha, depois ela mamava e eu tomava banho. Em seguida a mãe dela se arrumava para o trabalho eu dava banho de banheira na filhota…e por aí vai.
Não é por nada não, mas sou conhecido até hoje como Pãe….
Mas nada se compara a alegria de ver aquele serzinho crescendo. E ver as descobertas, tanto das coisas boas quanto das coisas ruins. Mas o mais importante nisso tudo é a maneira – que alguns dizem ser arriscada – que decidimos educar ela. Todo e qualquer assunto é facilmente e amplamente debatido em casa. Não existe tabu. Sexo, Drogas e Rock ‘n Roll são falados sem nenhum tipo de constrangimento.
Tirei pela minha vida. A conversa em casa com meus pais sempre tinha um quê de proibido. Tanto que fui descobrir sobre aquelas três palavras nas ruas. O que não queria que acontecesse com minha filha. E tanto eu quanto a mãe dela, falamos francamente sobre qualquer assunto.
Resultado, hoje tenho 39 anos, minha filha tem 14 anos, com uma capacidade de argumento incrível, graças a Deus adora ler – consome 3 livros por semana -, se diverte, vai a festas, shopping, tem centenas de amigos em toda parte de mundo (fruto de 2 programas de intercâmbio e do msn), tem umas paqueras e além disso tudo, é uma gata. A parte legal é que já dá para ir a shows, eventos, teatro, cinema, sem restrição de idade com ela, uma companheirona!
Dentro da ótica de que informação sempre é o diferencial, passei a mantê-la atualizada sobre todas as artimanhas masculinas, como os homens pensam, como ela deve lidar com eles, como “entrar no jogo” e sair ganhando, como se preparar para o mercado de trabalho, o que ela vai encontrar lá fora, etc.
E a incentivo a encarar certas situações que farão com que ela tenha capacidade e jogo de cintura. O máximo que digo é onde pode dar errado e onde pode dar certo. Mas ela é quem terá que vivenciar aquilo e formar sua opinião.
E desta forma, penso que me livro do rótulo de ser um “fornecedor”, para me transformar no “melhor pai do mundo”. Para encarar minha filha, a mulecada terá que ajoelhar no milho…
Ricardo Cabianca é Publicitário de formação acadêmica, mas prefere dizer que é Profissional de Comunicação e Marketing. Ajuda empresas a entender e planejar sua comunicação para vender mais, mas não peça uma dica, porque ele segue a frase “Não me peçam para dar a única coisa que tenho para vender” (Cacilda Becker).
Mantêm o blog Ca’bianca Comunicação & Relacionamento que daqui a pouco vai ganhar um upgrade.
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