Pronto. Agora é oficial: o mundo acaba em 2012.

(Só isso para explicar a falta de mulher gostosa e putaria entre os textos mais lidos no mês de janeiro…)

1. Estupro: o que é, como não fazer, por Alex Castro (106.132 visitas)

Seria importante os pais conversarem com os filhos sobre estupro justamente porque não é fácil definir estupro. Se não é fácil em uma conversa civilizada na sala, então é mais difícil ainda de madrugada, no fim da festa, com álcool na cabeça e hormônios em fúria, entre duas pessoas que são tão falhas e fracas, tão covardes e indecisas quanto qualquer um de nós já foi tantas vezes.
Sim, é verdade: às vezes a gente não sabe o que quer, às vezes a gente muda de ideia, às vezes a gente diz que quer mas não quer. Mas também é verdade que às vezes a gente agride e é agredido, violenta e é violentado. E aí? Como saber com certeza? Como definir? Em que momento“ai, ai, não, não” vira “não, não, vou chamar a polícia”?

2. O que Michel Teló pode nos ensinar sobre microditaduras cotidianas e carência, por Rodolfo Viana (61.037 visitas)

Um mês de Cavaleiros do Zodíaco e Michel Teló

Percebam: são coisas diferentes: 1) eu não gosto de Michel Teló; e 2) sua música, por mais que torçamos o nariz ou apontemos defeitos, conquistou o mundo, e isso é representativo para a música brasileira.
Percebam: são coisas diferentes, mas que podem coexistir. Uma não anula outra. E não anular dói nos corações ditatoriais. Vale lembrar que Joseph Goebbels, o mentor da propaganda nazista, também tinha essa tática de atacar alguém quando não fosse possível atacar uma ideia – e gosto é isso: uma ideia que nos atrai.
Quando criticamos uma revista que estampa na capa um cantor sertanejo bem sucedido – alguns, inclusive, vão além da crítica e tentam colocar em xeque a idoneidade do veículos de comunicação – estamos, na verdade, vociferando uma indignação infantil.

3. “Só transo com caras ricos”, por Ana C. (43.351 visitas)

Faz uns três anos que decidi só fazer sexo com caras ricos. Nada de contar caraminguás para pagar motel chinfrim. Nada de ouvir que “não vamos sair hoje porque ainda não caiu o salário”. Não. Hoje, quando mais grana no banco, mais molhada eu fico.
Eu nasci de bons genes. Tenho um corpo do qual me orgulho, um cabelo sempre hidratado, não tenho odores e meus dentes estão sempre brancos. E a vida me ensinou a foder bem. Por que não usar isso, essa minha sorte de ter bons genes e essa experiência sexual, da forma que eu achar melhor? Resolvi juntar isso tudo ao meu gosto por coisas caras.

4. A punheta matou minha vida sexual, por autor anônimo (18.732 visitas)

Já paguei puta. Ela me chupou meia hora e nada de subir.
Já paguei psicoterapeuta. Acabei saindo com ela, mas brochei.
Já tentei ficar uma semana sem punheta, por sugestão da psiquiatra. No sexto dia, saí com uma mulher e o pau não subiu. Não acho que o excesso de punheta é o que me brocha.
Pode ser coisa da minha cabeça, algum distúrbio psicológico. Não é normal um homem na minha idade não conseguir ficar de pau duro com mulheres e só na punheta. Mas é o que tenho feito.

5. Os 12 cavaleiros de ouro, por Rodrigo Cambiaghi (14.157 visitas)

Se o seu signo é Peixes: provavelmente sofreu bullying na escola. Aries ou Libra: ficava puto porque nunca viu a porra dos cavaleiros em combate. E o cavaleiro de Touro que perdeu um chifre e ainda por cima só apanhava? Trouxa. Meu amigo odiava o signo dele, tudo culpa do Aldebaran-saco-de-porrada.
Foda-se que a história era sempre parecida. Que o Shun era uma mocinha e que sempre o Seya matava o vilão principal. Trata-se de um dos primeiros desenhos a aparecer sangue, membros amputados e dedada no olho. E por isso era tão bom programar o videocassete para gravar durante as manhãs que você estava no colégio. Sem contar as figurinhas e revistinhas.

6. Garoto de programa, uma opção profissional, por autor anônimo (13.379 visitas)

Não tenho o estilo rato de academia ou tigrão pegador. Pelo contrário, sempre fui tímido. Não sou muito bonito, mas também não sou feio. Tenho meus apetrechos: as clientes elogiam minhas pernas, cílios, boca, nariz e orelha. E mãos, claro. Sei seduzir quando é preciso.
Para ser GP, não é requisito básico ser bonito e marombado, pois o gosto da clientela varia muito. Umas preferem corpos sarados, outras preferem o papo, e há aquelas que visam uma boa pegada. Mulher tem feeling para essas coisas.
E foi assim que entrei nessa vida, pelo feeling de uma mulher.

7. Lei de Elma Chips, por Alex Castro (12.814 visitas)

Elogiar é fácil. O único modo de ter certeza que alguém gostou mesmo de algo é quando a pessoa volta seca por mais. A mulher que diz que adorou mas não quer o repeteco é porque não adorou coisa nenhuma.
Como diz a Lei de Elma Chips, é impossível comer uma vez só.

8. Os 20 carros nacionais mais desejados da história, por Fred Fagundes (10.291 visitas)

O meu pai teve um Opala.
O meu sonho era ter um Escort X3.
Ah, os carros nacionais. Os bons. E foram muitos.

9. ████ e ████: o que são e como ficará o mundo se essas leis forem aprovadas?, por Rodrigo Ghedin (10.704 visitas)

Em um texto confuso, por vezes dúbio, mas escrito por quem entende muito (ou nada) do funcionamento da internet, SOPA e PIPA têm por objetivo barrar a pirataria proveniente de sites estrangeiros. É essa a bandeira defendida por aqueles que os apoiam e o complemento ao DMCA, lei em vigor desde 1998 que protege a propriedade intelectual dentro do território americano.
███ ███████ e █ █████ dos ███ não ██████████ ████ ██████████ sem que ████████████████ ████████.
Como esses sites estão, em tese, fora da jurisdição norte-americana, os congressistas proponentes dos referidos projetos resolveram atacar onde dói e onde faz efeito: no bolso e na infraestrutura. Se em vigor, tanto o SOPA quanto o PIPA darão carta branca à indústria do entretenimento para requerer que hospedagens, provedores, mecanismos de buscas, sistemas de anunciantes, sistemas de pagamento (cartões de crédito, PayPal etc.) e todo e qualquer outro empreendimento/mecanismo relacionado à internet existente no país seja utilizado para conter sites que incitam ou fazem pirataria. Veja: sem contraditório, sem provas. Basta uma solicitação, um mero “██████”.

10. Você não é um guerreiro, por Felipe van Deursen (9.908 visitas)

De uns tempos para cá, é cada vez mais fácil ser um guerreiro, um herói. Foi promovido? É porque é um guerreiro. Conquistou o seu próprio terraço gourmet? Parabéns, afinal a ausência deste elemento é inadmissível na casa de um guerreiro.  Passou no vestibular: é guerreiro. O pai da Luiza, que você sabe muito bem onde estava, é um guerreiro. Pedro Bial transformou os mais 100 participantes do Big Brother em lutadores, uns bravos que batalharam dia a dia para conseguir chegar lá.
Lá.
Não estamos desmerecendo as pequenas vitórias por quais todos nós – nesse ínterim, também somos guerreiros – lutamos no cotidiano. Como enfrentar com bom humor quatro horas de trânsito todo dia ou sobreviver em um mercado de trabalho difícil, mesquinho. O problema é mais etimológico. Porra, não tem um termo mais corriqueiro, não? Chamar o honrado lutador da nave do Big Brother de guerreiro? Por quê? Porque se destacou entre os mais rasgadões da academia ou porque, porventura, salvou um amigo que se afogava?

A ESCOLHA DO EDITOR

Na verdade, “as escolhas”, no plural.

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Brasil: produtor e exportador de armas, pela agência Pública

Pela primeira vez na história do PdH trabalhamos junto a uma agência de jornalismo. E não uma qualquer: trabalhamos junto à Pública, agência independente que tem valores semelhantes aos do PdH, como transparência nas suas ações e uma relação honesta com a sociedade. Para nós, é uma grande felicidade estar ao lado de veículos como Carta Capital, Opera Mundi e Huffington Post como republicadores da Pública. E esta primeira reportagem, de Daniel Santini e Natalia Viana, fala sobre produção e exportação brasileira de armas, um tema incomum na imprensa nacional.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o valor das exportações de armas leves triplicou nos últimos cinco anos: foi de US$ 109,6 milhões  em 2005 para US$ 321,6 milhões em 2010 (em 2011, houve um recuo para US$ 293 milhões).
Contando apenas as armas de fogo, a quantidade impressiona. Foram 4.482.874 armas exportadas entre 2005 e 2010, segundo um levantamento inédito do Exército feito a pedido da agência Pública. Ou seja: 2.456 armas por dia.
O Exército se negou a dar detalhes como venda ano a ano, empresas exportadoras e países de destino.

Não existe amor em SP, por Jader Pires

No aniversário de São Paulo, Jader públicou uma crônica que emocionou muitos do PdH, uma verdadeira declaração de amor ã cidade que não ama ninguém. Neste texto, apreciamos toda a sensibilidade que, de tão palpável, se mistura ao concreto da metrópole.

Aqui, nesse velho quilombo de todos os brasileiros, crescem desordenadamente os bairros e a vontade de viver aqui. Quando brota o amor por São Paulo, aí fudeu. São Paulo vicia, tanto ou mais do que todas as pedras que a cracolândia tem pra oferecer. Chega até a dar um orgulho estranho e torpe daquilo que é feio. “É violento, tá estragado, só sujeira, mas é nosso”. E quem ia poder julgar?
Por isso que não existe amor em SP. Nessa cidade que se orgulha de ter como lema o tão severo e valente “Non dvcor dvco” (“não sou conduzido, conduzo”), não há espaço para aquele famoso meio-termo. Tem gente que odeia, não se adapta, perde o gosto e vai embora. E quem fica, por vontade ou necessidade, faz de cada dia, um dia a se lutar. Quem tá em SP, tá acostumado com os tapas e os sopros da vida.

E vocês, leitores? Quais os textos de janeiro foram os mais fodões? E quais foram os piores? Gritem daí que a gente responde daqui.

sitepdh

Ilustradora, engenheira civil e mestranda em sustentabilidade do ambiente construído, atualmente pesquisa a mudança de paradigma necessária na indústria da construção civil rumo à regeneração e é co-fundadora do Futuro possível.