Disseram aí que o brasileiro está com mais medo da inflação do que da violência. Quando isso acontece onde existem babacas à solta que matam pais de família na frente dos filhos por causa de bobeira de trânsito, é deveras preocupante.
Mas será que todo mundo está mesmo com medo da inflação? Nem todos: “Para os bancos, aquilo que é a maior desgraça nacional – a inflação – transforma-se numa galinha dos ovos de ouro” (revista Veja).
Com os lucros bilionários atuais dos bancos dentro de uma situação econômica preocupante, as taxas cobradas ficam ainda mais exorbitantes. E aqui entra um segredo financeiro (que na verdade nem é muito secreto: todo mundo sabe mas são poucos os que efetivamente usam esse conhecimento): Você provavelmente não precisa pagar as anuidades de cartão de crédito ou taxas de bancos.
Hoje em dia existe uma competição tão intensa entre as operadoras de cartão de crédito que é muito raro que as empresas cobrem para ter o privilégio de ter você como cliente. As raras exceções são no caso de você ter um cartão que dê muitos privilégios, como milhagens e outros serviços exclusivos, mas mesmo nesses casos você pode sempre negociar, como eu fiz.
O fato é que caso a sua operadora insista em continuar cobrando uma tarifa que você acha exagerada, o melhor é cair fora. Sério. Tem muita oferta boa por aí e as empresas cobram uma facada na esperança da gente usar o nariz de palhaço e pagar sem reclamar.
Se quiser acompanhar o passo-a-passo da negociação em que eu recuperei R$ 201,60, é só clicar no vídeo abaixo. Desmembrei as técnicas de negociação em 12 dicas simples.
Algumas dicas extras
1. Considere entrar para uma cooperativa de crédito como a SICOOB ou SICREDI – pedirei ao meu amigo Nando Zapelini fazer alguns comentários a mais, pois ele tem experiência de sobra nessa área.
2. Não se deixe levar pela emoção na negociação. Vi comentários de gente enfurecida que diz “comigo é assim: eu cancelo mesmo o cartão, não perco tempo negociando”. O problema de sair cancelando cartões adoidado é que em primeiro lugar isso não necessariamente é o seu objetivo pretendido na negociação (que é continuar usando o cartão, com anuidade reduzida) e isso pode afetar o seu histórico de crédito.
Imagine o que “o sistema” das instituições financeiras pode pensar ao analisar o histórico de uma pessoa que cancela cartões a todo momento e raramente mantém uma mesma conta de cartão de crédito por vários anos? Isso possivelmente afetará seu cadastro positivo, que é uma novidade na lei brasileira mas que ainda não tem clareza de regulamentação. Pedirei ao meu amigo Conrado Navarro, do Dinheirama, fazer comentários, já que ele tem feito a cobertura desse tema.
Estou aqui criticando os bancos e operadoras de cartão de crédito que exploram os consumidores inocentes que sempre pagam sem mesmo tentar negociar. Mas não são apenas eles: a vida é assim. Na compra de carro, na compra de um apartamento… na vida, temos que aprender a negociar.
Em teoria, um banco de boa reputação deveria como regra geral oferecer taxas justas. E assim a gente não perderia tempo negociando. Era apenas questão de escolher os prestadores honestos e que atendem bem seus clientes.
Mas na prática, acabamos vivendo a lei da selva: quem sequer tenta negociar é quem vai engordar o bolso dos bancos e de quebra paga a parte de quem telefonou e negociou com sucesso.
Agora, já pensou o que pode acontecer se a imensa maioria das pessoas começar a telefonar para cancelar as taxas bancárias excessivas? Poderia ser uma mudança de paradigmas, assim como tem acontecido com o mercado de música: o mercado deve repensar seus modelos de negócio. Eu realmente espero que um monte de gente passe a telefonar para os bancos, se recusar a pagar essas taxas e como consequência dar alguns milhões de prejuízo aos bancos. Quem sabe assim eles percebem que pra receber dinheiro dos consumidores, é necessário oferecer serviços melhores?
Só mais um ponto pra balancear a conversa: acho importante quando os bancos cumprem o papel social de educar os clientes a fazer bons investimentos, a poupar para o futuro, a estimular o empreendedorismo e promover cultura. E isso é feito muito bem, sendo o Centro Cultural Banco do Brasil e o Itaú Cultural alguns exemplos que consigo lembrar agora de cabeça. Mas ninguém faz isso por caridade pura: existem mecanismos de benefícios tributários para apoio cultural e os bancos ganham muito com branding, fortalecendo suas marcas.
Seria lindo ver esse mesmo esforço de fazer bonito tratando o cliente com um nível de serviço Zappos, entregando felicidade. Se é possível fazer com sapatos, por que não com serviços financeiros?
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