Existem esportes que exigem fôlego (natação), aparelhos (ciclismo) e resistência (corrida). O triathlon, um esporte que, na verdade, é a junção destes três outros esportes e exige um condicionamento físico extremo.

Os primeiros registros são das décadas de 1920-1930, quando foram organizadas, na França, algumas corridas chamadas de “Les trois sports”, “La Course des Débrouillards”, e “La course des Touche à Tout” em que a seqüência das modalidades era um pouco diferente das atuais, sendo primeiro o ciclismo, seguido pela corrida e por fim, a natação.

O triathlon moderno surgiu em 1974, na Califórnia, com um evento chamado oficialmente de Triathlon.

Reza a lenda que o Ironman surgiu depois de um desafio feito numa discussão numa mesa de bar. A dúvida era definir qual a prova mais extenuante e quais os atletas mais bem preparados: os nadadores, os ciclistas ou os maratonistas. No auge da discussão, o ex-oficial da Marinha Americana, John Collins, sugeriu uma prova onde se reuniria – consecutivamente, sem intervalos – as três modalidades e quem as concluísse em menor tempo seria realmente um super atleta, um “Iron Man”.

Ironman Triathlon

Em de fevereiro de 1978 foi dada a largada do primeiro do Havaí – uma das provas de triathlon mais conhecidas e mais duras que existem hoje em dia – juntando três provas que já aconteciam regularmente na ilha: A travessia de Waikiki (3.9 km), a corrida de bicicletas Around-Oahu (185 km) e a Maratona de Honolulu (42km e 195m).

A prova foi disputada por 15 atletas, completada por 12 e vencida por Gordon Haller em 11 horas, 46 minutos e 58 segundos (o recorde atual desta competição é de 8 horas 03 minutos 56 segundos, conquistado em 2011 por Craig Alexander). Hoje em dia o Ironman tem competições em 28 locais ao redor do Globo – inclusive no Brasil – e o Campeonato Mundial continua acontecendo todo ano, no Havaí.

“Nade por 2.4 milhas! Pedale por 112 milhas! Corra por 26.2 milhas! Vanglorie-se pelo resto da vida” –Comandante Collins, USN (1978)

Para antes da prova

As regras podem mudar dependendo da instituição que está organizando a prova (ITU, CBTri, etc), mas, de modo geral, o triathlon é uma prova individual na qual os atletas estão correndo contra o relógio pelo melhor tempo no percurso. Os atletas ficam proibidos de receber qualquer ajuda de pessoas fora da corrida, a não ser aqueles credenciados pela própria organização do evento.

São cronometrados 5 tempos diferentes:

  • O tempo de natação;
  • O tempo de transição entre a natação e o ciclismo;
  • O tempo de ciclismo;
  • O tempo de transição entre o ciclismo e a corrida e;
  • O tempo de corrida.

As regras de natação são muito parecidas com as das travessias em águas abertas e é permitido o uso de roupas de borracha se a temperatura da água estiver abaixo de 25,6ºC, mas seu uso não é obrigatório. Qualquer outro equipamento é proibido terminantemente (nadadeiras, palmares etc).

No ciclismo, uma das regras define que o atleta deve estar usando capacete antes de subir na bicicleta e não pode tirá-lo enquanto estiver montado, podendo retirá-lo somente depois que desceu da bicicleta. Outra regra estabelece penalidades se o atleta entrar no vácuo de outro atleta (o vácuo acontece quando o atleta que está atrás se aproxima muito daquele à sua frente e, com isso tem, uma diminuição da resistência do ar, o que facilita seu deslocamento), embora isso seja permitido no Triathlon Olímpico.

Pode-se classificar as provas de triathlon de acordo com as distâncias percorridas. As principais são as seguintes:

  • Sprint: 750 metros de natação | 20 Km de bicicleta | 5 Km de corrida
  • Olímpico: 1.5 Km de natação | 40 Km de bicicleta | 10 Km de corrida
  • Meio-Ironman ou Ironman 70.3: 1,9 Km (1.3 milhas) de natação | 90 Km (56 milhas) de bicicleta | 21Km de corrida (13,1 milhas)
  • Ironman: 3.8 Km (2.4 milhas) de natação | 180 Km (112 milhas) de bicicleta | 42 Km (26.2 milhas) de corrida
  • Ultraman: 10 Km de natação | 421 Km de bicicleta | 84 Km de corrida

O momento da prova

Tudo começa na largada, com a prova de natação. Se essa largada for dentro d’água, você tem que ter a força suficiente pra quebrar a inércia e acelerar. Se a largada for na margem (ou na praia) você vai ter que saber correr água adentro até conseguir profundidade suficiente pra começar a nadar.

Só saber nadar não é o bastante. Tem que saber se localizar e seguir o rumo da bóia enquanto nada, dando rápidas olhadas pra frente sem parar de dar braçadas. Isso é importante porque a maioria das provas de triathlon são feitas em águas abertas (lagos, rios, praias etc) e não existem raias para servirem de referência, só algumas bóias de vez em quando pra marcar o caminho.

O tempo de transição natação-bicicleta é muito importante, pois são muitas tarefas a serem cumpridas: tirar a touca e os óculos de natação, correr até a área de transição, tirar a roupa de borracha, ir até a sua bike, vestir o seu número de prova, colocar seu capacete, montar na bicicleta, vestir a sapatilha e sair pedalando.

É bom levar uma câmera de pneu reserva para a sua bicicleta e saber trocá-la. Nunca se sabe quando o pneu vai furar e não dá para depender de ninguém para fazer o serviço por você.

A transição bicicleta-corrida é mais rápida e só depende do tempo que você gasta para desmontar da bike e vestir o seu tênis (alguns calçam meias, também) para a corrida.

A corrida, na verdade, é a etapa que menos tem regras e detalhes. O atleta já nadou e pedalou, agora só falta sair correndo até a linha de chegada.

A hidratação e a alimentação, feitas de modo correto, são essenciais pra manter sua energia durante a prova. Lembre-se que provas de Triathlon são extremamente desgastantes e qualquer falha na hidratação e alimentação pode prejudicar e muito seu desempenho.

Depois de tudo isso, deu pra sacar que o triathlon é uma modalidade de superação, mas ao mesmo tempo viciante e muito recompensadora. Se você quiser começar a treinar triathlon, recomendo procurar uma boa aula de natação e pedalar por algumas horas.

A corrida é algo mais natural pro corpo, não depende muito de lugar e pode ser treinada nos espaços de tempo disponível. O mais importante é começar e não desistir.

“A dor é temporária, pode durar um minuto, uma hora, um dia ou um ano. Mas em algum momento, ela passa e outra sensação toma o seu lugar. Mas se eu desistir, a dor fica para sempre.” –Lance Armstrong

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Regras do Jogo é uma série de textos explicando como as coisas funcionam, explicitando mecanismos, mostrando técnicas e regras que permeiam os diversos jogos nos quais adentramos na vida, mapeando percursos comuns, macetes e meandros legais explicados em linguagem descomplicada.

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Ilustradora, engenheira civil e mestranda em sustentabilidade do ambiente construído, atualmente pesquisa a mudança de paradigma necessária na indústria da construção civil rumo à regeneração e é co-fundadora do Futuro possível.

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