Salve prezada malta PdH! Venho discorrer sobre um problema que tive no passado e que percebo que é cada vez mais presente na vida das pessoas. A síndrome do pânico.

Apesar de ser um distúrbio muito discutido atualmente, acredito que o relato de quem viveu o problema ajuda na informação dos leitores, apesar de que, já diz a máxima popular, “cada caso é um caso”.

Lembro-me como se fosse hoje…

Estava em Maceió, em 2002, numa boa com a minha mãe. Praia, sol e hotel cinco estrelas, o ambiente era bem convidativo, mas por incrível que pareça foi nesse contexto relaxante que tive uma das piores experiências da minha vida.

A sensação de morte iminente.

Eram oito horas da noite, estava me embriagando de whisky com energético junto a alguns amigos no karaokê do hotel, fumando um Marlboro vermelho. Tudo divertido e tranquilo. Tinha até sido campeão no karaokê fazendo mais pontos na canção “I’ve Been Thinking About You”, do Londonbeat (esse clipe me dá pânico até hoje).

doceuaoinferno
Do céu ao inferno, em apenas alguns minutos

Após o momento de descontração subi para o quarto do hotel. Foi então que tudo começou. No desenrolar da história vocês entenderão o porquê do negrito nos itens cigarro e bebida.

Estava no mesmo quarto que a minha mãe, tomei um banho e sentei na cama. Foi quando subitamente senti um mal estar, mas nada agudo. Achei que fosse alguma indisposição intestinal e então fui ao banheiro, mas a sensação continuou e aos poucos ia evoluindo para pior.

Mãos formigando, falta de ar, coração acelerado. O que será isso? Aos poucos meus meus dedos foram se contraindo involuntariamente e eu nada podia fazer. O formigamento agora tomava meu corpo inteiro e o meu peito parecia que ia explodir do tanto que o meu coração estava acelerado.

“Mãe! Mãe! Tô morrendo. Chama a ambulância! Tive um derrame e vou ter um infarto!”

Em aproximadamente dez minutos chegou à médica particular do hotel, dez minutos que me pareceram uma eternidade. Ela chegou, mediu a pressão e fez algumas perguntas.

“Sua pressão está 16 por 11. O quê você está sentindo? Você usa drogas? Pode ser uma crise de abstinência.”

Respondi que não (e não era porque a minha mãe estava ali). Só fumo quando eu bebo. Então recebi um medicamento benzodiazepínico na veia e aos poucos toda aquela sensação foi se esvaindo. Dentro de 10 minutos eu estava dormindo tranquilamente. Por sorte não era derrame. E muito menos um infarto.

Nos outros dias da viagem nada mais aconteceu…

Menos remédios, mais inteligência e respiração

camaemfogo
“Assim seria melhor, pois eu pelo menos saberia de onde vem o problema”

Não vou explicar cada crise que eu tive, mesmo porque foram muitas. De 2002 até 2006, aprendi a lidar com o problema, na maioria das vezes sem tomar remédios, porém foi uma luta árdua.

Como no começo você não sabe de onde vem o problema, acha que é fisiológico. Fiz uma maratona incrível em consultórios. Cardiologistas, neurologistas… Sempre saía sem respostas para o problema que continuava me visitando ocasionalmente. Fui até taxado de hipocondríaco, aquela pessoa que tem mania de doenças.

Foi então que com o tempo eu aprendi a ter controle sobre o meu corpo e mente.

Como não sou fã de ansiolíticos, sempre evitei remédios. Com o tempo percebi que aquela sensação não ia me matar. Quando a crise estava pra começar, eu tentava me acalmar. Pensava comigo mesmo: “Já tive tantas crises como essas e estou aqui, são e salvo. O que não mata fortalece”.

Leia também  Recorde mundial de surfar a maior onda!

Foi então que eu aprendi a vencer a sensação apenas com a respiração e evitando algumas situações que eu percebia que eram estimulantes para a síndrome. Cigarro é estimulante, café é estimulante, energético é estimulante. Percebi que todo tipo de estimulante de alguma forma desencadeava a crise no meu organismo.

Comecei a evitar café, parei totalmente de fumar e vodka ou whisky com energético nunca mais (até porque o Rodrigo Almeida já disse que isso é um crime). O dia seguinte à bebederia também era um inimigo: bastava ter ressaca que eu tinha uma crise.

Link YouTube | Retrato amador de outra pessoa que também viveu uma experiência parecida

Algumas dicas

Então se alguém tiver esse problema na família, as dicas que eu posso dar são as seguintes:

Pratique exercícios. Liberar energia e endorfina são ótimas formas de acabar com o acúmulo de ansiedade. Com o corpo e a mente relaxados, dificilmente você terá crises.

• Se você é ansioso (quem não é hoje em dia?), evite estimulantes. No meu caso, o café era um grande algoz.

Não se desespere ou saia do ar. Afinal você já teve mais de três crises e continua vivo, não? Respire fundo e lentamente, feche os olhos, tente se lembrar de alguma coisa agradável no seu passado ou de algo bacana que ainda vai acontecer. Isso faz você tirar o foco do problema.

Faça meditação. Você só pode estabilizar o seu corpo e a sua mente se você conhecer seu próprio funcionamento. Meditar é estar presente, atento, coisa difícil para nós que vivemos no piloto automático.

• Não tenha vergonha de pedir ajuda e de assumir o problema. Meu primo também teve e uma vez pediu até carona para o camburão de polícia. Enfim, você tem o problema, não é o problema. Então abandone a vergonha de dizer isso para todos.

Terapia: eu nunca fiz, mas compartilhar os sentimentos é sempre bom e algumas abordagens psicoterapêuticas com certeza podem ajudar.

Hoje em dia eu agradeço a síndrome do pânico por ter parado de fumar e aprender a degustar um bom whisky sem nenhum aditivo. O whisky é feito para beber com gelo ou no estilo cowboy. É ou não é, Dr. Drinks?

Problemas, doenças, situações inesperadas todos teremos ao longo da vida. Ninguém falou que ia ser fácil essa caminhada. Mas também é extremamente divertida!

De tudo, tente aprender alguma lição e descobrir algum meio de ajudar outros em condições parecidas ou piores – parece papo de autoajuda, mas passe por uma crise dessas e depois conversamos. 😉

Agora me diga…

Alguém já teve a sensação que ia morrer? Aprendeu alguma coisa com os ataques de pânico?

* Observação: o texto acima tem o propósito exclusivo de ser um relato pessoal de quem já passou por ataques de pânico. Se você também for vítima de síndrome do pânico, procure tratamento com um especialista.

Rodrigo Carlomagno

<strong>Rodrigo Carlomagno</strong> é publicitário dono de 7 multinacionais e 2 mineradoras. Explora mais de 2000 filipinos ilegais que moram no Brasil sem passaporte. Precisa de mão de obra barata? Fale com ele.