Em 2013 aspiramos menos e realizamos mais.
Quando escrevi o artigo dos seis anos, o desejo era um só: consistência. A Isabella Ianelli profetizou:
Vejo um PapodeHomem realmente amadurecendo desde o aniversário do ano passado. Mais questionador do que empreendedor. Acho que 2013 vai ser o ano da estabilidade, do reconhecimento… Que venham muitos outros!
Porém, janeiro abriu em chamas financeiras. Fortes a ponto de nos fazerem questionar se eu estaria escrevendo este texto agora. A paisagem em volta nos parecia bastante desolada e hostil, seguir avançando foi um ato de fé, em certa medida.
Ao invés de tensionarmos, relaxamos. Não de modo conformista, desistente – pelo contrário, deixamos um senso maior de confiança ventaniar pela casa. Demos espaço uns aos outros.
Quase como um grupo de malabaristas que, após anos e anos treinando para executar uma certa rotina dificílima, acabam por desistir do tal número, exaustos; e, de repente, fazem surgir algo imprevisivelmente melhor e mais impressionante.
Leves, entramos em fluxo.
o lugar nasceu
, com "o" minúsculo. Um espaço para conectar percursos de transformação humana, presencial e digitalmente – em diferentes áreas como mente, corpo, relações, trabalho, dinheiro, cultura, artes e por aí vai. O sonho iniciado pela Cabana evoluiu lindamente.
Fico assombrado com os rumos da coisa toda, guiada por Fabio e Gustavo. Seria incapaz de prever, anos atrás, que tudo isso estaria acontecendo, impactando a vida de tantas pessoas.
Esse ano realizamos 14 encontros presenciais. Um deles, a exibição do documentário Happy, aconteceu em 16 cidades.
Foram eles:
- Felicidade genuína e equilíbrio emocional por meio da meditação
- Artes marciais e treinamento da mente, por meio do Wing Chun e da meditação
- Viagem ao Quiriri (sem registros digitais desse)
- Educar na vida: como explorar percursos de formação além da escola?
- Pó mágico: como usar o dinheiro para apoiar o seu desenvolvimento? (três edições)
- Seja água: potência, fluidez e adaptabilidade nas artes marciais e na vida
- O que realmente importa: como filtrar lixo cognitivo e navegar entre visões de mundo
- Círculos de confiança: como cultivar comunidades digitais transformadoras
- Happy: exibição nacional e conversa sobre felicidade genuína
- Dois workshops completos de TaKeTiNa, com o próprio criador da técnica, o austríaco Reinhard Flatischler (duas edições)
- Como viver e viajar sem dinheiro
Gravamos mais cinco episódios para a série "O que aprendi com…" esse ano – o quarto e o quinto estão em edição:
O que aprendi com a desescolarização | Ana Thomaz
O que aprendi com a Heurística | Eduardo Pinheiro
O que aprendi com as artes marciais | Yasin Mengüllüoglu
* * *
Mais de 3000 pessoas estão acompanhando nosso disparo mensal de email. Quase 300 assinaram a plataforma digital e estão se conectando com outras redes, mentes e possibilidades de transformação.
Por meio do site, publicamos dezenas de artigos originais que mergulham, em maior profundidade, na análise de vários temas. As discussões seguem pelo fórum, onde todos os inscritos dialogam. Deixamos a porta aberta para todos. Já foram lá conhecer?
O Escribas também
O que era um braço do PdH se tornou empresa própria, indo além do olhar masculino. A inteligência de diálogo, lógica de conversação e construção de comunidades digitais aprimoradas por nós ao longo dos últimos sete anos estão a serviço das marcas por meio desse projeto. Por ele, temos procurado trabalhar de modo artesanal, construindo sentido.
A inspiração por trás é:
"Será possível às marcas dialogar e produzir conteúdo favorável ao florescimento humano?"
Seguimos o trabalho com Kaiser e atuamos para Seda. Conquistamos Sony e Nivea Men.
Um pequeno e significativo exemplo de nosso trabalho é esse post no Facebook de Nivea Men, linkando para um dos textos mais perigosos, no melhor sentido, que já li:
Outro interessante é esse vídeo para Sony:
Há esperança em meio ao caos. Agradecemos imensamente às marcas e agências com as quais trabalhamos, Fbiz e Click, pela enorme confiança ao apostar em nosso trabalho.
O PdH foi tra-ba-lho
Editorial, operacional e financeiramente. Abaixamos a cabeça, focamos no que realmente importava e as peças se encaixaram. Jader e Luciano foram monstros do conteúdo, articulando uma rede de autores em expansão crescente, nos permitindo oferecer cada vez mais conversas dignas do tempo de vocês. Cambiaghi orquestrou a relação com os clientes e Felipe foi um cavalo ao fechar negócios.
Fred Mattos acalmou, educou e iluminou milhares de pessoas – sua presença nas discussões foi espetacular, aumentando o nível de todas as conversas nas quais se inseriu. Bruno Passos formou os mancebos na fina arte do estilo, com sua linguagem acessível ao abordar um tema tão tabu. Pinheiro explodiu mentes, sem dó. Sua coluna me faz usar o Google como se fosse um guardanapo e meu repertório cultural uma bandeija suja. Victor Lisboa tomou de assalto o PdH, com incontáveis textos porrada, adentrando territórios pra lá de inóspitos. João Baldi nos esfregou pênis na cara e conseguiu fazer de seu texto "Nudez masculina: o mal estar" um dos mais lidos, comentados e elogiados do ano, coisa pra poucos. Pedro Américo, Alex Castro, Alberto Brandão, Eduardo Amuri, Felipe Laredo… sobraram grandes autores pra tudo quanto é lado. Não dá pra seguir a lista indefinidamente, e tenho certeza que já estou esquecendo muitos. Um abraço enorme a todos que decidiram colocar seu tempo escrevendo e comentando por aqui. E bem interessante notar como os textos e autores mais significativos do ano estão ligados, de algum modo, a percursos de formação.
Esse ano, 16.260.153 pessoas únicas nos leram.
Realizamos o Amor na Caixa e caprichamos nas produções originais em vídeo. Aliás, já assinaram nosso canal do YouTube?
Por lá, o PdH Sessions seguiu descobrindo novos sons:
O Bardo e o Banjo | Sweetuns
BINO | Mundo cão
Outros grandes momentos do conteúdo foram a cobertura das manifestações pelo Brasil, com 11 artigos originais enviados por diferentes autores, espontaneamente. E, impossível esquecer, o texto "Como se sente uma mulher", da Claudia Regina. Além de alcançar mais de um milhão de pessoas em poucos dias, abriu discussões pra lá de necessárias. Sem palavras para agradecer à Claudia pela confiança em publicar seu visceral desabafo conosco.
Uma boa novidade a se compartilhar é: nosso novo layout acabou de ser finalizado. Temos pela frente uns três ou quatro meses de desenvolvimento. Em breve estaremos no ar com uma estrutura completamente diferente.
Nossa aspiração com o PdH é chacoalhar a casa ano que vem. Aguardem.
* * *
Quais foram alguns de nossos aprendizados mais valiosos?
Ano passado foi um festival de erros crassos. Dessa vez o panorama foi diferente, poderíamos ter feito melhor em diferentes medidas. Mas jogamos um futebol bonito, ô se jogamos.
1. Cuidado com o custo invisível por trás dos projetos
Ao estimar com certa ingenuidade ou afobação o custo invisível por trás de certos projetos que nos brilharam os olhos. Se uma ação parece simples de ser feita a seus olhos, mas envolve uma grande quantidade de horas/homem de pessoas críticas para outros processos na empresa, cujo tempo é limitado, o custo indireto do tal projeto será alto. Em especial quando a empresa está crescendo, outras áreas vão sofrer. Esteja ciente disso, ainda que soe óbvio.
Esse ano, quem mais pagou esse custo invisível, a meu ver, foi a operação do PapodeHomem.
2. Operação mal lubrificada é uma assassina de ideias
Há uma equação escrita em um dos quadros pela casa:
CRIATIVIDADE X DISCIPLINA DE EXECUÇÃO = REALIZAÇÃO
A energia criativa, que tendia a transbordar, foi domada. Nos focamos em executar. E, quem diria, fomos mais criativos e eficientes nesse processo. Inegável como grande parte do crédito à maior disciplina de execução em todos os projetos passou pela entrada do Amuri. Tremenda lição pra nós.
3. Dedo no pulso financeiro não é opcional
É chave. Sem um bom financeiro, há grandes chances de sua empresa morrer. O que começa como básico e elementar logo se torna complexo e perigoso. Ter a inteligência financeira próxima de todas as áreas – conteúdo, vídeo, design, operações, negócios, jurídico… – é bem mais importante do que parece. Aprendemos a duras penas, após darmos menos atenção do que se deveria a esse aspecto em momentos anteriores. Créditos a João e, após maio desse ano, Amuri por nos conduzirem nesse território.
4. A rede amplifica imensamente nosso potencial de realização
Ao final de uma de nossas gravações recentes, a Ana Higa, videomaker que se juntou a nós esse ano, comentou:
Caramba, quando vocês dizem que vão fazer algo, fazem mesmo. As coisas acontecem por aqui, de verdade.
Demos risada e expliquei como isso é crédito da imensa rede de pessoas vendo sentido no que fazemos. Desse modo, é como se houvesse uma catapulta gigante e invisível por trás de cada uma de nossas aspirações. Beeem mais do que dinheiro, o capital humano e social move mundos por aqui.
5. Contrate pessoas, não currículos
Começamos o ano com 20, chegamos a reduzir o quadro e agora estamos em 25, mais o Clint. Tivemos alguns processos de contratação bastante críticos para projetos onde não havia espaço para erro.
Em todas as decisões, nosso norte passou por escolher pessoas cujo encaixe seria coerente com nossa visão, acima de competências técnicas. O que foi um bocado complicado, já que conhecemos várias pessoas incríveis pelo caminho. Talvez a lição aqui seja: buscar contratar pensando em quem vai nos ajudar a avançar no que realmente estamos fazendo, e não só quem vai resolver um problema no curto prazo e pode acabar minando todo o ambiente em contra-partida.
6. Confiar de verdade abre portas inesperadas
Pode ser mais lento, duro e arriscado do que gostaríamos. Porém, abrir longos espaços de tempo nos quais não interferimos no trabalho uns dos outros tem uma capacidade incrível de desatar nós. Muitas vezes o que pode parecer limitação do outro é mero sintoma de uma relação desgastada, manchada por vieses tortos de percepção e birras. Oferecendo, de coração, tempo e abertura, há boas possibilidades de sermos surpreendidos.
Esse foi, mesmo com as tensões e naturais dúvidas, um ano de confiança.
Qual cultura de trabalho cultivamos?
A do bom senso.
Há umas semanas estava no bar com o Felipe Ramos, nosso homem de negócios. Papeando, o gaúcho comentou que nunca havia tido um ano de trabalho tão bom em SP, desde que chegou aqui. Trabalhou menos horas, gerou bem mais resultados e conseguiu ter espaços pra saúde, espiritualidade, diversão e vida conjugal como nunca antes.
Isso é tremendamente simbólico.
Em uma cidade como São Paulo, ser um diretor de negócios de sucesso significa enfiar horas e mais horas defronte a tabelas de excel cujo destino é aumentar os cifrões, até o limite.
Aqui buscamos cultivar espaços de menos controle, hierarquia, poder, imposição, tensão e ansiedade. E de mais tempo, flexibilidade, propósito, fluidez, diálogo, autonomia, autenticidade e naturalidade. É possível seguir tal caminho enquanto se realiza bons negócios? Apostamos que sim.
O que realmente estamos fazendo mesmo?
Pra não perder o costume, cabe o lembrete.
Estamos construindo projetos cujo propósito é favorecer o florescimento humano. Essa é a visão compartilhada por todos os pilares da rede. Publicar textos, realizar encontros, gravar vídeos e demais ações são apenas meios pra operar a macumba.
Agradecimentos pra lá de especiais a Anna, Amuri, Felipe e Gustavo por terem, cada a seu modo, chacoalhado forte com a realidade esse ano. Anna me deixou sem chances, veio por dentro, debaixo de qualquer radar. Amuri deixou o PdH sem chances, também, se embrenhou em todos os cantos possíveis, transformando a empresa para melhor. Felipe descobriu o algoritmo mágico para fechar negócios ao mesmo tempo em que vive bem e feliz. Gustavo cultivou redes invisíveis de silêncio e ritmo, sabe-se lá como.
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Da quase-bancarrota a três projetos saudáveis, com baita pista à frente.
É, 2013 foi um milagre.
Agradecemos aos bravos hoje trabalhando conosco: Felipe, Jader, Luciano, Alex, Cambiaghi, Gitti, Fabio, Amuri, Luiza, Ana, Ismael, Nardini, Carol, Franco, Rafael, Leonardo, João, Stocker, Mônica, Cleusa, os editores remotos do Escribas e, claro, ao Clint. Um agradecimento enorme a todos os autores, aos colunistas – Fred Mattos, Eduardo Pinheiro, Bruno Passos… – e pessoas envolvidas, acreditando e, de alguma forma, colaborando para os projetos se manterem vivos.
A todos nos lendo e acompanhando, um imenso obrigado.
O olhar e atenção de cada um de vocês é o que realmente nos mantém de pé.
Por fim, perguntamos: onde podemos melhorar em 2014? Na visão de vocês, quais foram nossos melhores e piores momentos de 2013?
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