Parte dos homens é resistente em ir ao médico, mas exames de rotina podem evitar uma série de problemas de saúde, trazer diagnósticos precoce, facilitar tratamentos e evitar uma intensa rotina hospitalar

“Já foi ao médico ‘ver’ o que é isso?”. 

Raros são os casos de pessoas que nunca ouviram essa frase ao reclamar de uma dorzinha persistente ou de uma mancha que surgiu de uma hora pra outra. Marcar consulta, ir ao hospital, pegar filas, enfrentar burocracias, aguardar horas por um atendimento, marcar e realizar exames e esperar pelo resultado… Se só em ler você já se cansou, fica tranquilo, outros homens também sentem a mesma coisa.

Okay, você não é o único que se sente assim e seu desconforto é válido. No entanto, fazer pelo menos um check up anual pode prevenir uma série de doenças e pode te livrar de ter de passar uma temporada internado ou enfrentando problemas mais preocupantes por motivo de força maior.

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 Homens vão menos ao médico que as mulheres. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com dados do Ministério da Saúde, em 2022, foram registrados somente 200 mil atendimentos de consulta ao urologista, para mais de 1,2 milhão de atendimentos a ginecologistas no Sistema Único de Saúde (SUS).

Analisando essa mesma questão, mas focando no comportamento de jovens de 12 a 18 anos, a realidade não é muito diferente. Tomando como base dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde, a SBU revelou que, até junho de 2022, 5.634 meninos haviam ido ao urologista, enquanto 74.593 meninas haviam consultado um ginecologista nesse mesmo período.

Além do número destoante do comparativo, os dados apontam que meninas são incentivadas a se cuidar desde muito cedo, enquanto meninos não. Segundo o Dr. Daniel Suslik Zylbersztejn, que comentou a pesquisa, no caso dos meninos “a visita ao urologista se resume, de forma geral, à presença de alguma doença aguda do trato geniturinário, pouco comum nessa fase da vida”.

Medo, repulsa ou Síndrome do Superman?

Além da resistência ao “desgastante” processo desde a marcação da consulta até realizar exames, como citamos no início deste texto, outros aspectos colaboram para os baixos índices de homens que procuram ajuda médica. Alguns alegam falta de tempo, outros têm medo de serem diagnosticados com alguma doença grave. Há ainda aqueles que alegam pânico em ambientes hospitalares, pelo cheiro de alguns medicamentos ou mesmo pela possibilidade de haver (ou de ver) sangue.

Alguns especialistas apontam para outro motivo, um comportamento bastante comum para a maioria dos homens: a Síndrome do Superman. Esse comportamento deriva de uma crença particular de alguns homens de que nunca ficarão doentes e, consequentemente, não precisam ir ao médico. Se o próprio Dean Cain, ator que interpretou o Super-Homem na série “Lois & Clark – As Aventuras do Superman” (1993-1997) revelou sofrer com artrite e precisou fazer um tratamento com células-tronco, por que com você deveria ser diferente?

Um problema de saúde pública

Em 2008, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, ao reconhecer, junto à sociedade brasileira, que “os agravos [à saúde] do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde pública”.

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Buscar auxílio de um médico para tratar da saúde mental e física, não é somente um direito garantido por lei no Brasil, constitui também uma precaução e uma busca por uma melhor qualidade de vida. O contrário — não buscar atendimento médico ou nem mesmo fazer aquele check up anual — mesmo que não se perceba, é uma forma de facilitar o surgimento de doenças graves que tirarão sua tranquilidade por um longo período de tempo, podendo ocasionar outras necessidades de saúde.

Exames de rotina e sua importância

Mas por que tanto alarde em realizar exames, mesmo aqueles mais rotineiros? No documento inaugural da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (2008), do Ministério da Saúde consta que

“Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas.”

Quais as doenças mais comuns?

Entre as doenças que mais comumente afetam os homens estão obesidade, hipertensão arterial, insônia e diabetes. Porém, na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem consta que, numa análise feita em 2005, as principais causas da morte de homens foram organizadas em 5 (cinco) grupos. Um desses grupos reunia causas externas, porém os demais estavam relacionados à saúde do homem. Em segundo lugar, as doenças do aparelho circulatório; em terceiro, tumores; em quarto, doenças do aparelho digestivo e; em quinto lugar, doenças do aparelho respiratório.

Entre os tumores, o maior percentual dos homens é acometido no aparelho digestivo (câncer de estômago, seguido pelo de boca e o de esôfago). A pesquisa destaca ainda altos índices de câncer de pênis e de próstata. Esse último, é o tipo de câncer mais frequente entre os homens brasileiros, segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Fatores como idade avançada, hereditariedade e obesidade são agravantes para o surgimento de casos.

Para 2022, a expectativa era a de que 65 mil novos casos fossem identificados. Como a doença geralmente evolui silenciosamente e os sintomas são bastante inespecíficos, é realmente imprescindível a realização dos exames. Aliás, o exame de próstata é um tabu que precisa ser quebrado para prevenir o pior, evitar cirurgias ou mesmo tratamentos mais demorados. É necessário destacar ainda que 90% dos casos diagnosticados previamente são curados.

Sem pressão, um alerta

Essas questões sobre cuidados da saúde dos homens não são novas, mas sempre nos causam um tremendo impacto. A verdade é que exames médicos são aliados potentes contra graves doenças que tentam se instalar no organismo e os homens não podem ignorar isso se quiserem gozar uma vida longa e distante de uma rotina frequente de visitas ao médico.

Quando foi a última vez que você foi ao médico? Que tal voltar pra fazer um check up e passar mais um tempo tranquilo sem precisar voltar a um consultório? Uma consulta médica não vai doer nada, na verdade, vai doer muito mais ter de fazer um tratamento mais extenso. Sua vida agradece!


publicado em 02 de Março de 2023, 18:24

Zé Ricardo Oliveira