Quinze centavos. Que diferença faz este valor para você? Para a prefeitura de São Paulo, muita.
Desde janeiro deste ano, o trabalhador em São Paulo paga R$ 3 para usar os ônibus nos limites do município. Por conta do aumento, a justiça de São Paulo determinou que o prefeito Gilberto Kassab prestasse esclarecimentos.
A planilha entregue com os motivos para a elevação da tarifa apresenta distorções: a prefeitura anuncia que paga R$ 1,85 por litro de combustível, enquanto a Petrobras afirma que comercializa o óleo diesel por R$ 1,70, em média. Essa diferença é de aproximadamente R$ 5 milhões por mês.
Cinco milhões por mês, R$ 60 mi por ano. Não é difícil imaginar que este saldo não é revertido em serviços à população e desemboca na máquina pública.
Kassab aumenta seu próprio salário pela segunda vez em um ano. O aumento aconteceu no dia 4 de julho deste ano, na Câmara Municipal, sob os gritos de “Vergonha”. Tava apenas 14 votos contrários. Além do aumento para o chefe do Executivo, que corresponde a 20% sobre o valor já elevado anteriormente em 62% e que resulta em um salário de R$ 24 mil, cada um dos seus 27 secretários teve um aumento de 250% e embolsa mensalmente R$ 19 mil.
O Ministério Público instaurou inquérito para investigar a legalidade desse aumento. Caso seja encontrada qualquer anormalidade, haverá anulação. Foi o que disse o promotor de Justiça do Patrimônio Público e Social Saad Mazloum, em entrevista exclusiva.
No meio disso, o povo que apanha
O aumento da tarifa de ônibus gerou diversas manifestações em São Paulo, com participação de estudantes, trabalhadores, jornalistas e até vereadores. Vergonhosamente, entretanto, a resposta às reinvindicações veio através da tropa de choque, que agrediu inclusive vereadores contrários ao novo salário e jornalistas que tentavam cobrir e mediar a situação.
O vereador da oposição Antonio Donato, do PT, tomou da PM borrachada na carne, mas o preço da passagem continuou o mesmo.
Esta agressão não foi um caso isolado. Em 2010, durante manifestação de moradores da zona leste por conta de alagamentos próximos às suas casas, houve novamente pancadaria por parte da Polícia Militar.
Quem faz o serviço sujo? Jagunços supostamente contratados pela prefeitura.
A função deles é amedrontar os moradores da favela do Sapo, na zona norte, e promover a derrubada dos barracos. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Habitação.
MP vs. SP
A atuação do Ministério Público parece incomodar a prefeitura de São Paulo, cujo governo municipal tenta a todo custo colocar a população contra o MP. Um exemplo claro dessa disputa foi um terreno destinado a um campus da Universidade Federal de São Paulo. Avaliado em R$ 15 milhões, a prefeitura queria pagar por ele R$ 62 mi.
O MP interveio. Pediu o adequamento do preço para que não houvesse desperdício de dinheiro público. A prefeitura, como resposta, passou a afirmar que o MP é uma entidade contrária a construção da Unifesp, postura que foi condenada pelos promotores Roberto Antonio de Almeida Costa e Carlos Cardoso de Oliveira Junior em nota à imprensa.
O governo da cidade de São Paulo está contra todos. Quando a população fala, apanha. Quando cala, nada muda.
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