Muitas pessoas adoram falar de sexo e putaria. Pode parecer óbvio, mas existe, sim, uma outra parcela bem grande que tem vergonha, medo, qualquer barreira que a impeça de sentir curiosidade ou tesão quando se fala de lascividades, luxúria, carnaval.
Mas o lance é que, no final das contas, a gente gosta de falar de sexo.
Particularmente me encanta o relaxamento na hora de falar do tema. Parece que a pessoa tira uma mochila de tijolos das costas quando se abre pra falar sobre suas experiências e preferências. É uma delícia perceber o corpo “afrouxado”, a fala mansa e os descuidados em deixar transparecer no umedecer de lábios ou no roçar de dedos o contentamento interno em passar ou receber informações desse cunho “imoral”, libidinoso.
A imaginação venérea.
E que pena tremenda quando essa gostosura é quebrada pela cagação de regra. A taxativa da vez foi a lutadora e campeã mundial invicta do UFC, Ronda Rousey, em entrevista aos leitores da revista Maxim. Depois de responder que odeia quando o beijo não encaixa a ponto de bater os dentes, quando perguntada sobre o que um cara deve fazer na cama, ela respondeu:
“O que um cara deve sempre fazer? Usar bem o tempo. Em geral, uma garota precisa de um minuto, ele precisa deixá-la pronta. Nunca deve precisar de lubrificante na vida. Se você precisa de lubrificante, está sendo preguiçoso e não está aproveitando o seu tempo.”
Se você precisa de lubrificante, está sendo preguiçoso
Ah, as regras. “Mas poxa, realmente tem que saber chupar pra merecer. Todo cara sabe que as preliminares são importantíssimas e que precisamos deixar a garota bem molhada pra dar umazinha, se não a coisa não anda”.
Ronda, sua quebra-vibe. Uma menina de dezessete anos está doida para transar com o namoradinho e os pais dela saem para um jantar. Ela liga para o namoradinho e vai correndo ao encontro dela. Sozinhos em casa, a oportunidade perfeita. Eles se amam, namoram e querem seguir com suas descobertas. Ela está doida para perder a virgindade com esse cenário ideal, mas tem receio de os pais chegarem antes. Ela tem tesão no namoradinho, mas está nervosa. A primeira transa, a vergonha do menino, ficar nua, a probabilidade de alguém aparecer na hora errada, de o telefone tocar.
Ela não fica molhada. A garota tem o corpo atlético, ela adora lutas e leu em algum lugar que, se não tem lubrificação, é por incompetência. O garoto não sabe fazer, talvez ela seja inapta. Fraca. Burrinha mesmo, não?
Uma mulher que esteja usando anticoncepcional e isso afeta todo o funcionamento do seu corpo, dos seus hormônios. O cara já está há meia hora dando lambidas e carinhos nela, os dois rolam na cama com brincadeiras gostosas, carinho nos lugares, barulhos, saliva. Quase nada ou coisa alguma. Seca.
Se você precisa de lubrificante, é porque uma, duas ou mais pessoas vão transar!
Meu amigo e minha amiga, com trabalho na cabeça, as contas pra pagar, o filho brincando no quarto do lado, a ansiedade, o nervosismo, o excesso de zelo, a falta de conversa, a necessidade de querer ser o cara mais gostosão, o melhor pau, a mina mais tarada do pedaço, a busca pela foda perfeita, pelo sexo certo.
“É assim que se faz, certo?”.
São tantos os fatores que podem contribuir para a pouca lubrificação, são tantos ambientes e situações e saúdes e pessoas.
Não é preguiça, gente. É um acaso que pode ser resolvido facilmente com a porra do lubrificante. Se ela molhou, mas meu deus, foi! Metam! Façam o melhor que conseguirem e depois voltem para contar. Se não molhou e ambos estão ainda na pegada, espalhe bem, besunte, azeite, façam uma bela meleca e sejam felizes para caralho. Depois voltem para contar.
A gente adora falar de sexo e putaria.
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