Sim, concordo que “o título do primeiro texto” deveria ser bem mais “impactante” (calma que eu não vou começar com jargão publicitário metido a besta!).
Ou deveria então ser um pouco mais poético, pra vocês acharem que eu sei recitar Pablo Neruda na mesa de bar e me acharem bacaninha e inteligente. Não. Sou bem menos bacaninha e inteligente do que pareço e ainda te falo que a maquiagem da Mac faz milagres. Falar sobre o óbvio é uma arte. Exercitar essa virtude é um sacrifício eterno.
Estou aqui porque eu tenho tenho muito a dizer e pouco a falar. Porque eu tenho meus medos que não interessam a mais ninguém, e que eu acho que podem interessar a você. Talvez.
Estou aqui porque eu tirei o salto alto que pesava a tanto tempo e aprendi a descer do pedestal. Hoje eu tenho pelo menos…1 pé no chão. Eu já fui de tudo um pouco, sem ao menos saber o que queria ser. Já me agarrei ao que podia, mesmo sabendo que esse eterno desconhecido nunca estivesse lá. Vivi uma alegria efêmera e boba, e paguei caro pra me ver livre dela.
Achei graça no tal do amor e descobri a delícia e a desgraça do que poderia ter sido. E não foi. Assumi que não sou tão invencível assim. Pedi colo com choro de criança mimada e ouvi um “agora é com você”, com direito à tapinha nas costas, que me pareceu na verdade um soco no meio do estômago.
Foi aí que eu cresci. Foi assim que eu renasci. Longa gestação que me fez chegar até aqui. Estou pronta pra viver e apontar o dedo na cara dos outros. Com todo o meu jeitinho ninfetamente doce de ser.
Quem é que disse que se aprende com o erro dos outros? Eterno telespectador da vida…Graças ao bom Deus e um pouco de vergonha na cara, eu tive que aprender com os meus. Só assim eu descobri a dor de cair em berço esplêndido, o medo de estar lá embaixo sozinha e a força necessária pra conseguir levantar. Mais uma vez, sozinha.
E claro, sacudir a poeira, dar a volta por cima e deixar escancaradamente todo mundo saber disso. Com direito a sorrisinho amarelo-ouro, não de canto de boca, mas dando gargalhada mesmo. Da vida, de mim mesma e principalmente de você. E esse “outro”? Aquele “dos erros”, ausente professor da vida? Cadê ele? Faria algo por mim?
Não, ele ficaria lá embaixo comigo, sussurando as mesmas mentiras no meu ouvido. Mais uma vez. Ele iria segurar a minha mão de um jeito tão forte, que me deixaria confusa ao ponto de pensar se é amigo ou inimigo. Olhar que me entende e que suga a minha alma. Atitudes tão reais, tão cheias de si que te fazem até parecer humano.
Despretensiosamente humano. De mentiras, já bastam as minhas. Eu não quero e não vou te impressionar com grandes filosofias sobre a vida. EU quero me impressionar com a própria vida. Já é tempo.
Viagem longa sem tempo pra escalas. Tirei o pé da embreagem. Saí da inércia da 1˚ marcha, passei pelo cagasso e insegurança da 2˚ e me lancei com velocidade ao infinito. Foram “milhas e milhas” sem saber o caminho. Com passo forte, e não tímido dessa vez. Com a cabeça erguida e olhando pra cima, porque hoje eu carrego ao menos um esboço do que eu quero ser.
Finalmente eu cheguei ao meu oásis, com os pés cheios de bolhas, o corpo suado e o rosto queimado de sol… E eu gostei do que eu vi. Talvez eu não seja mais tão “legal” como antigamente. Se eu gosto de você, você sabe na hora. Vou te abraçar e te beijar, sem medo de parecer meio over. Alegria e amizade sincera ainda não estão fora de moda. Se eu não gosto, você vai ter certeza pro resto da sua vida.
Hoje, eu sou diferentemente linda. Não sei se eu gosto desse novo papel, mas me parece no mínimo mais verdadeiro e justo comigo. Se é que se pode definir justiça. Vai ser bom pra você também, que não tem nada a ver com o meu jogo de 7 erros com a vida. Hoje, estou mais certas das minhas apostas, mas não quero mais jogar com você.
A busca não pára. O tempo não morre. Não me diga se existe um final, e nem se ele será feliz ou não. Isso seria realmente importante pra você? Felicidade é uma questão de perspectiva e já tive vertigens tentando encontrar a minha. Também sei gozar com a minha tristeza, te enganar com alegria e ir dormir com você pela última vez.
Mas hoje… Hoje, eu só quero dormir. Hoje eu só quero ser. E se você tiver sorte de estar comigo, simplesmente me beije na testa e finja ser meu amigo. E quando sair, porque eu quero que você saia… apague a luz. E me deixe, com as minhas pirações e pensamentos, do lado de cá do Ladies Room.
Juliana é novata no Ladies Room, mas chegou com pisada forte. Cuidado com a moça.
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