Sabe quando você assiste um filme e fica uma semana pensando nele? Comigo foi assim ao assistir Crash – No Limite.
Uma das coisas que mais me marcou foi a seguinte frase:
“Em Los Angeles ninguém te toca. Estamos sempre atrás do metal e do vidro. Acho que sentimos tanta falta desse toque, que batemos uns nos outros só para sentir alguma coisa.”
Será mesmo que precisamos bater uns nos carros dos outros para nos sentir ligados?
Mas, além disso, eu me pergunto: será verdade que os automóveis nos afastam uns dos outros, como dizem tantos filmes e artigos pela internet? Será que eles são mesmo como telas, grades, janelas e portas fechadas?
Pela minha experiência, ocorre o oposto: os carros podem, na verdade, nos conectar.
Desde muito novo fui ligado em carros e motos. Sempre me imaginava como o protagonistas das melhores cenas que via nos filmes e à bordo dos melhores carros que via na vida real.
Aprendi, com muito empenho, suor e estudo, a compreender cada tipo de veículo, bem como sua finalidade.
Assim como um chef de cozinha dificilmente consegue jantar sem reparar nos ingredientes utilizados, eu não consigo andar em um carro sem pensar nisso. Nem mesmo de carona num Uber.
No início de 2017, comprei um carro diferente. Em meio a um mar de sedãs automáticos, e tomado por SUVs pretos ou pratas, fui diretamente na direção oposta: comprei um carro esportivo vermelho e com câmbio manual.
Foram meses de pesquisas e de testes em vários concorrentes até chegar ao carro que tinha o que eu tanto procurava: apelo. Ao final, Comprei um Sandero RS 2.0 16v.
Logo ao sair da concessionária, ainda sem placa, parando no primeiro semáforo, percebi um casal olhando meu carro. Ao olhar de volta, recebi um caloroso joinha de aprovação.
Olha que eu já tive seis carros, além de dirigir alguns de teste e nunca tive qualquer reação desse tipo – e lembre-se que só foram os primeiros 30 segundos.
Na semana seguinte, voltando para casa eu fui parado na rua. Imagina só a minha cara de interrogação. Um cara no carro da frente fez sinal para eu parar e encostou.
Seria um assalto? Alguém pedindo informação?
O cara, de uma maneira meio sorrateira disse que tinha um encontro de carros num posto de combustível na próxima quinta-feira e que seria legal eu ir. Parecia uma cena do Clube da Luta.
Neste encontro, conheci ele, que hoje é o meu amigo, Caio.
Além dele, encontrei muita gente. São pessoas da minha cidade que eu jamais conheceria de outra forma e, hoje, posso chamá-los de amigos. Essa foi só a primeira semana.
Para encurtar a história, no final do primeiro mês eu já estava em 2 grupos de Whatsapp – o do posto de quinta e o de donos de Sandero RS.
Com o pessoal do RS Groupe, eu fiz meu primeiro track day, fui em dois encontros de carros e agora tinha amigos de cidades vizinhas e até de outros estados. Tudo isso em menos de 40 dias. Conheci pessoas que dariam fácil uma matéria por aqui, como o Gervázio ,um senhor com mais de 50 que acelera como poucos no autódromo.
São experiências que eu não imaginava ter ao comprar o carro.
Posso te garantir que independente do seu carro ,tem um clube de donos dele na internet.
Apesar de ser visto muitas vezes como vilão – seja pelos congestionamentos ou pela questão ambiental – o carro, para mim, sempre foi sinônimo de liberdade. Quem mora longe do seu trabalho ou viaja todos os dias, como eu, acaba fazendo um uso justíssimo do carro. Tem dias que saio mais cedo ou mais tarde e posso decidir ir direto para casa ou parar pra jantar ou fazer compras no supermercado, antes de chegar.
Um carro pode te levar diretamente do portão da sua casa até uma bela praia em Florianópolis, curtindo a paisagem. Isso é algo que todos deveriam poder fazer um dia. Dá até pra parar e tirar uma foto naquela vista sensacional. Poder encontrar meus amigos, meus familiares e minha noiva sem depender de ninguém é algo que não tem preço.
Outro aspecto dos carros que gosto muito é o estímulo auditivo. Além de alguns carros terem um som de motor próprio, a música é sempre uma boa companhia.
A primeira coisa que eu faço logo após ligar o carro é ligar o som. A música pode completar qualquer experiência. Poder escolher a playlist de acordo com a ocasião ou humor faz toda a diferença.
Dá também pra abrir os vidros e curtir a noite ou então fechar tudo e aproveitar o ar condicionado.
Quem nunca, no verão, se deliciou ao entrar naquele carro gelado ou mesmo esquentou nas mãos com ar quente no inverno?
Usado com consciência, o carro pode te levar para perto de quem você ama, te trazer novos amigos e proporcionar experiências que você nunca imaginou ter.
Como tudo na vida, basta saber usar.
E vocês, como usam o carro para além do meio de transporte? Em quais situações o carro te colocou que não seria possível sem ele?
O papo segue nos comentários!
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.