Quem está descobrindo o mundo da cerveja artesanal tem uma avalanche de novas informações para se adaptar. Antes era simples, bastava escolher entre meia dúzia de marcas e sabores bem parecidos.

Hoje em dia a coisa mudou. Até no posto de gasolina a gente se depara com diversas cervejas diferentes, várias marcas e estilos. E como acertar na escolha, se você não conhece nada ou quase nada? As prateleiras estão cheias de novidades, mas como decidir nessa trama de sabor X conhecimento X disponibilidade X custo?

Aceitar sugestões, mais do que olhar o que está na moda no meio cervejeiro, é um bom início.

1- Primeiros contatos 

Fugindo um pouco de custo, localização, rótulo e cervejaria, as primeiras indicações podem ser com relação aos sentidos e à percepção de paladar. Acredito que assim, pelo gosto, seja mais fácil conduzir um iniciante.

Para quem está começando eu costumo indicar cervejas que tenham aromas mais florais e cítricos, ou então notas de chocolate e café. Pensando nisso, a cor não importa muito. Talvez o grande lance seja estar no meio termo de tudo: nem muito amarga, nem muito doce. Alguns estilos podem ser uma boa pedida nesse primeiro contato:

– Witbier

– Helles 

– Weiss

– Marzen

– Vienna Lager

– Schwarzbier

– Pale Ale (não as que puxam para americanas)

– Dry Stout

– Brown Porter 

Foto de Rogério Volgarine

2- Pra além do sabor de malte

Em um segundo momento, tendo também já percebido que cerveja não é só aroma e sabor, podemos incluir outras sensações táteis. Pra isso, podemos escolher estilos que trabalham com as diferentes carbonatações, como as cask ales inglesas, por exemplo.

Nem toda cerveja é muito refrescante. As graduações alcoólicas mais altas podem ser experimentadas, mas causar certo aquecimento é bem comum nesses estilos. A partir daí, o amargor também pode começar a ser celebrado e as frutas vão mostrar que cerveja está além de só ter sabor de malte. Para um caminho cheio de novidades e aromas mais complexos, eu indico alguns desses estilos:

– Bohemian Pilsener

– Saison 

– Bock 

– Blond Ale 

– Altbier 

– ESB

– Oaltmeal Stout

– IPA

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– Rye Beer

– Berliner Weisse

– Fruit Lambics

Depois de certa experiência adquirida com hora/estilo/copo, as cervejas com grau de complexidade maior serão mais curtidas. Acontece que precisamos ter algumas bases bem formadas para conseguir compreender estilos que tem “camadas” de aromas, sabores e texturas. Além do mais, cervejas com fermentações diferentes e inusitadas fazem parte do contexto atual que vivemos e por isso aromas que causariam estranhamento no começo da jornada podem se tornar agradáveis agora.

3- Redescobrindo o conhecido

Mesmo as cervejas Lager, que sempre foram tidas como fáceis de entender, podem ser vislumbradas de outra forma. Estamos acostumados a beber a versão industrializada de algo que é feito com muito mais esmero: a cerveja original da Bavária, da Alemanha, da República Tcheca, que precisa de lagering, ou seja, do descansar, do tempo. Esse processo traz uma sutileza grande, fazendo da Lager uma bebida muito leve. Por outro lado, isso faz com que a produção dela seja muito mais difícil do que a de cervejas com alto grau de amargor. Recomendo alguns estilos para essa transformação na forma de apreciar a cerveja além do que imaginávamos:

– Pilsen

– Pils

– Eisbock

– Scottish heavy

– Russian Imperial Stout

– Imperial IPA

– Bière de Garden

– Flanders Red Ale

– Gueuze

– Straight Lambic

– Barleywine

– Wood Aged.

Foto de Rafael Almeida

Depois de tudo isso ainda ficam vários rótulos no meio do caminho, que se encaixariam nesses três períodos sabáticos pelos quais o degustador que quer avançar na busca da compreensão cervejeira vai passar. Mas não poderia dar todas as dicas de uma só vez, não é mesmo?

É importante dizer que o papel do sommelier que faz uma sugestão é tentar traduzir, por meio de palavras, as expressões de sabor que vão acompanhar o gole a gole. Potencializamos algumas declarações porque o mundo precisa viver também da arte que é fabricar a bebida.

Se apaixonar por uma cerveja e se ver em um estilo é muito mais do que saber “que gosto tem”.

Bia Amorim

Formada em Hotelaria e pós-graduada em Gastronomia, com especialização em Sommelier de Cervejas. Está no Twitter (<a>@biasamorim</a>) e Instagram (<a href="http://instagram.com/biasommelier">@biasommelier</a>)