Vamos lá, de bate pronto, rapidinho: qual o objetivo do jornalista? Informar.

Certo? Talvez sim. Pelo comportamento de grande parte dos jornalistas esportivos do Brasil, não.

Quem acompanha o dia-a-dia dos jornais, programas de TV ou rádio, percebe a falta de foco nos espaços dedicados ao esporte. Cada dia mais fofoca, intrigas e merchandising.

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Lembram?

O importante é polemizar. O apresentador gritar no ar:

“E se preparem, no próximo bloco: polêmica! polêmica! polêmica!”.

E lá ficam, grande parte dos telespectadores em frente a TV a espera de notícias sobre a barriga dos Ronaldos, a namorada do Cristiano Ronaldo, as declarações polêmicas do Kléber ou as camisas do Dunga.

Esporte que é bom, nada. O padrão sensacionalista e fofoqueiro da mídia inglesa parece cada dia mais ganhar espaço nos nossos noticiários.

Jogadores de futebol, por ganharem fortunas, se tornam celebridades do dia para a noite, observados como um Big Brother. Seus passos, atitudes e até medidas são reportados com todas as doses possíveis de gritaria e atenção. Porque fofoca vende.

Só que conteúdo de qualidade se cultiva. Não é privar o leitor, espectador ou telespectador de receber notícias. É respeitar a vida pessoal de atletas. Esta intimidade deve-se preservar.

Aqueles que sabem esconder ou “evitar” as polêmicas podem não ter uma ascenção tão meteórica, mas também não caem do salto sem mais nem menos.Jogadores mais reservados tem uma carreira mais regular. Ou menos regulada. Isso lhes permite o básico, fazer o que gostam e são pagos para fazer: jogar futebol!

Não tenho dúvidas para afirmar que uma das maiores dificuldades que os jogadores de hoje enfrentam está além da melhora dos sistemas defensivos ao longo dos anos. Hoje, inimigo dos boleiros é exatamente aquele que eles tanto buscam. O sucesso é, pelo imediatismo dos meios de comunicação, irmão do fracasso.

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“Dar tempo ao tempo” é coisa do passado. Assim como serão alguns grandes jogadores que já desfilaram pelos gramados desse mundo.

Quantas vezes, nos últimos 10 anos, Ronaldo já foi vilão e herói. O que impressiona é que a maior parte das notícias ruins vem de fora do campo. Assim como o Gaúcho, que sofre cada dia mais com a fama que conquistou com os pés.

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Quer saber, cansei.

Mesmo Kaká, jogador mais tranquilo, consciente e reservado. Sua religião e opiniões sobre o sexo antes do casamento sempre falam alto para a mídia. Azar de quem gosta de futebol. Sorte de quem adora fazer dos programas de esporte, eventos de fofoca e discussão sobre temas quaisquer.

Enquanto isso, eu mudo de canal. Ou vou jogar bola e discutir futebol. Futebol de verdade.

Rodrigo Ferreira

Rodrigo Ferreira (<a>@rferreira_</a>) é jornalista ou publicitário