De tanto ouvir colegas encanados com o tamanho e amigas fugindo dos bem dotados (é, tem uma ala que defende a preferência do tamanho M que as satisfaz), imaginei que um apanhado de mulheres desmistificando a tese do “tamanho é documento” poderia aliviar os menos bem dotados.
Claro, este levantamento não é científico ou rigorosamente embasado em estatísticas com massa crítica considerável. Mas já tive professor que dizia que as porcentagens são a forma mais fácil de se manipular dados: elegemos os % que mais favorecem nosso ponto de vista e “está feito”.
Mas nada impede que histórias divertidas de mulheres com alguma experiência aliviem os grilos dos mais preocupados.
Estudei com J.S., que uma vez saiu com um bombeiro (sei, é praticamente uma piada pronta, mas de lá para cá ouvi outras adeptas da mesma atitude) cujo membro era tão generoso pela própria natureza que ela inventou que estava passando mal, com medo de se machucar e deixou o moçoilo a ver navios.
Houve quem julgou um desperdício e quis estar no lugar dela, é claro, somos um bicho contraditório por natureza. Mas F.M. testou e não viu lá muita vantagem na centimetragem caprichada:
“Passei o tempo em que estávamos juntos com infecção de urina. Sei lá, acho que não dilatamos tanto assim na hora do ‘vamo ver’”.
Será?
Com ímpeto de repórter curiosa em matéria comportamental, saí a campo para checar os detalhes sórdidos.
Pinto grande pode não ser uma vantagem
Nem todo mundo se anima a falar quando a polêmica sai dos banheiros femininos. Mas a assessora M.C. uma vez saiu com um afro descendente que fazia jus à fama: “só que ele não compareceu”. Você desconfia que ela se aborreceu por ficar chupando o dedo? Engano.
“Foi a primeira vez que o cara brochou e dei ‘graças a Deus’”
Tudo indica que ela também temeu estragos posteriores. A professora G.C. saiu uma época com um traumatizado por fofoqueiras anteriores: “uma ex tinha dito que o dele era pequeno e levou um ano para que tivesse coragem de tentar novamente. Não tinha do que reclamar, achei que não procedia a queixa”.
A atriz Ana, que protagoniza a websérie Histórias da Ana, já gravou um episódio em que alertava que o importante nem é o tamanho, mas como usa o dito cujo. E a tradutora F.F. não tem boas lembranças de seu “ficante” bem dotado:
“O dia seguinte era de cura. Inchava e até bolha chegou a fazer. Tinha medo que se ele se empolgasse, ‘desvirginaria meu estômago’. Fora isso era perfeito, bonito, tinha suingue, mas biologicamente não deu para forçar a barra”.
Pinto médio e pequeno, orgulhem-se!
Quem sabe os homens relaxem mais e invistam no começo e fim dos encontros com a mulherada?
A bibliotecária B.M. destaca que são a “cereja do bolo”: “o antes e depois são o que mais contam. Muito afoito não dá né”? A atriz F.B. também não se importa tanto com o tamanho: “ah, teve cara que no dia seguinte me fez cismar que estava com problema físico por me sentir ralada, dolorida. Não dá para ser avantajado e relevar a preliminar, concorda?”
É, parece que a questão de até onde chega é mais forma de contar vantagem no vestiário do que um ponto imprescindível para o sexo feminino.
Tem gosto pra cada pinto
Claro que esse discurso não é unânime. Há anos ouvi da publicitária G.G. que achava a penetração “violenta”. Sem entender a percepção dela, perguntei para a atriz T.M. que foi na contramão da opinião da maior parte de minhas conhecidas: “é mesmo, mas a graça é esta”.
Eu? Bem, depois de umas experimentações amorosas com amigas, cuja amizade se dilatou, mas já voltou ao tamanho normal sem me dar frio na barriga no dia seguinte, só há dois anos entendi esta impressão da violência no “rala e rola” com os homens que minha amiga tem.
Foram quase 24 meses com infecção de urina e comprovando que estou no time das colegas que preferem “o tamanho M que satisfaz”. E pela primeira vez, mesmo sentindo que a interação com o mesmo sexo não é minha praia, senti saudades das mulheres, que sabem “ir devagar com o andor”, diferente de alguns que acham que tamanho é documento.
Este fim de semana, engraçado, prestei atenção no meu cachorro enlouquecido com a fêmea da vizinha e ela se esquivando.
Conclui que “nem no reino animal ser afoito é muito bem recebido”.
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