Jamie trabalha na indústria do sexo. Trabalha de 12 a 16 horas diárias por apenas um dólar. E passa fome. Precisa do dinheiro para ajudar os pais.

Parece PPP (papo padrão de puta), mas Jamie está mandando a real e é uma entre milhares de mulheres que está dentro do seu computador nesse exato momento.

Meu nome é Jamie. Eu moro dentro do seu computador. [link do vídeo]

Essas mulheres que vivem dentro do nosso computador estão espalhadas por todo o mundo, principalmente Estados Unidos, Canadá e Europa. É questão de tempo para que alguém apareça no Brasil para explorar o mesmo serviço (afinal, apenas 25% ficam na mão da garota).

A história de Jamie é apenas um pedacinho do universo que se revela na pornografia.

Este é o primeiro artigo de uma série publicada com exclusividade no PdH sobre essa indústria que supera as receitas da indústria fonográfica e esportiva juntas.

Antes de começarmos com a parte cabeluda, que uma coisa fique clara: não estou condenando nem fazendo apologia da pornografia. Cada pessoa tem o discernimento de fazer sua análise final, mandando bronca nos comentários.

A insider: Jenna Jameson

Quem revela os segredos podres da indústria do pornô é nada menos do que a queridinha da América, Jenna Jameson. Junto com o jornalista Neil Strauss, ela publicou o bestseller How to make love like a porn star: a cautionary tale.

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Quem seria melhor do que a Jenna Jameson para contar o lado obscuro da pornografia? [crédito da foto]

De todos os dramas narrados por Jenna Jameson, o mais recorrente é o tema de pessoas complicadas que habitam o mundo pornô: fotógrafos exploradores, cafetões de terno, namorados e fãs desequilibrados, concorrentes desleais e certos produtores e atores de gonzo porn.

Os maus produtores de gonzo

Gonzo porn é uma referência ao jornalismo gonzo, no qual o repórter faz parte do evento. A pornografia gonzo tem um estilo realista que procura aproximar a câmera das cenas, com poucos diálogos ou preparação.

Como tudo na vida, existem os bons e maus profissionais.

John Stagliano, mais conhecido como Buttman, recebe créditos por ter popularizado o gênero gonzo e rebate as críticas de que o gonzo é intrinsecamente mal feito. Para ele, a ideia do gonzo é amplificar a sexualidade, usando muitos closes, cenas longas e intensidade em todos os sentidos. Buttman diz que um bom produtor de gonzo sabe trabalhar a sequência de ângulos, luminosidade e clímax.

Porém, a percepção do gonzo muitas vezes vem dos maus produtores, que usam o gonzo como porta de entrada para o mundo do porn. É mais barato e mais simples: basta uma câmera na mão e uma mulher disposta a abrir as pernas.

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Sexo na van: a série Californication aborda sem moralismos o universo do pornô gonzo

Jenna Jameson conta como os maus profissionais podem desrespeitar suas atrizes, que passam por todo tipo possível de humilhação. Imagine uma novata chegando sozinha em um muquifo no subúrbio de Los Angeles, encontrando uma equipe de pintos sem qualquer consideração pela mulher. É quando a linha entre a sensualidade é cruzada e vem a degradação.

Infelizmente é essa a experiência de milhares de meninas ludibriadas para fazer um filme barato com produtores nada profissionais. O resultado é um trauma irreversível, para nunca mais voltar para as câmeras e permanecer com marcas psicológicas (e em alguns casos físicos) para sempre.

Exploradores

No começo da carreira, o nome “Jenna Jameson” não existia. Seus pedidos de uso desse nome artístico eram sumariamente ignorados pelos editores, que inventavam diferentes nomes para ela, junto com entrevistas inventadas, sem a consultar.

Depois de rodar em publicações de segunda categoria, Jenna começou a trabalhar com fotógrafos mais reputados, como Suze Randall. No livro, Jenna mete o pau em Suze, contando como foi explorada até a última gota, fazendo infinitas sessões de fotos que foram distribuídas por todos os cantos do planeta, já que Jenna havia concordado em ceder os direitos por meio de um contrato leonino. Suze Randall ficou na lista negra de Jenna, que mantém distância e rancor.

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Jenna Jameson e Suze Randall: parasitismo ou mutualismo?

Apesar de imaginar como deve ser ter o sentimento de que alguém mais poderoso está faturando em custas do trabalho pessoal, acho que uma parte intangível é negligenciada por Jenna: parte de seu sucesso como a rainha do pornô americano é justamente pelo trabalho artístico de qualidade de Suze Randall. Nessas fotos, e na explosão da Web na década de 90, é que Jenna se tornou presença universal em todos os cantos e sonho de consumo de homens… e mulheres. Jenna teve um relacionamento bissexual com Nikki Tyler e até hoje são amiguinhas.

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Os cafetões engravatados são experts em ganhar a confiança das novatas inseguras e mesmo de atrizes experientes. Os piores não perdem tempo e logo no primeiro encontro já dizem que para poder trabalhar eles precisam testar as meninas e impõem o teste do sofá, apesar de ser uma prática desaconselhada.

Outros usam de poder e sedução em um jogo continuado, namorando as meninas e se tornando seus “agentes”. Em muitos casos, as meninas acabam sem dinheiro algum e no fim da carreira sem ter o que fazer ou para onde ir. Claro que elas também têm responsabilidade nas escolhas tomadas, mas o ponto é que o ambiente é de ninho de cobra.

Framing: mesmos fatos, realidades diferentes

Nessas condições, até que ponto uma menina de dezoito anos tem experiência e discernimento suficiente para saber o que está fazendo? Foi esse o ponto principal das críticas de Tyra Banks, em sua entrevista com a jovem estrela Sasha Grey, que já mereceu um post aqui no PdH.

Tyra Banks Show comentado pelo Anti Pornography Blog [link do vídeo]

Framing é o processo usado pela mídia para influenciar a percepção do discurso, definindo a mensagem usando diferentes elementos calculadamente inseridos na retórica. A equipe de Tyra trabalhou para estabelecer o framing ideal para conquistar a audiência: Sasha como uma menina imatura sendo explorada pelo seu “cafetão”, o agente Mark Spiegler.

Para completar o cenário, a equipe de Tyra convidou uma menor de idade que se prostituía e uma ex-atriz pornô, fazendo comparações e julgando Sasha como irresponsável e um péssimo exemplo para outras garotas. O namorado de Sasha Grey também ficou sem resposta.

Uma imagem completamente diferente de Sasha Grey é apresentada no documentário 9 to 5: Days in Porn. Fruto de um framing bastante diferente: Sasha aparece como a novata talentosa, que tem uma visão única sobre pornografia. Foi Sasha quem enviou uma longa carta ao agente Mark Spiegler, contando como ela gostaria de explorar a sexualidade na tela.

“Eu quero perversões, quero ver sujeira. Quero o fedor. Quero que seja criativo. Eu não quero… não quero a fórmula 1-2-3, sabe… boquete, buceta, dar o cu de quatro… não quero isso… e uma gozada na cara… Eu estou de saco cheio disso. É… é uma rotina. A pornografia deve ser sempre explorada com sexualidade em todas as suas formas” (tradução livre do clipe de Sasha Grey)

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Cena de 9 to 5: Days in Porn

Pornô: uma festa estranha com gente esquisita

Impressionado com a declaração de Sasha? Então se prepare para sua filmografia: ela começa com tudo, filmando uma orgia com Rocco Siffredi no The Fashionistas 2. Entre outras serelepadas, ela faz um outro vídeo transando com um sujeito vestindo uma fantasia de ursinho de pelúcia. Cute.

Não espere por gente coxinha na indústria do entretenimento adulto. A galera radicaliza em todos os sentidos, inclusive na competição. As novatas que fazem sucesso também precisam lidar com as outras mulheres invejosas, que usam de todos os artifícios na competição.

Um exemplo é o que aconteceu na série de TV Porno Valley. Em um teste para descobrir quem seria o novo talento da Vivid Entertainment, uma das meninas disse que sua concorrente estava cheirando mal e precisava lavar a buceta. O plano era constranger a concorrente diante das câmeras – coisa corriqueira.

Jenna também conta que as pessoas do convívio geral na indústria constantemente usam drogas e insistem em oferecer aos novatos. A pressão do grupo é grande e quem não tem uma solidez de realidade forte pode rapidamente se perder nos narcóticos.

Enquanto as más companhias podem ser fator de preocupação, muitos preferem a corrente de liberdade de escolha. O produtor Pierre Woodman conta que quando chegou a Paris com dezoito anos estava sem um tostão furado e dividia apartamento com um homossexual que diariamente fazia propostas para comer sua bunda.

Pierre diz que nunca cedeu e até hoje eles são colegas. Com essa história, Pierre afirma que as pessoas são responsáveis pelas suas próprias escolhas. Por ter sido um policial antes de entrar para a indústria de entretenimento adulto, Pierre vive uma filosofia livre de drogas, incluindo Viagra – pelo menos até o dia em que seu pinto não mais responder.

Achou pouco? Na continuação da série [PdH Porn], Victor Lee fala do Porn Valley, de estupradores, teste de HIV e AIDS entre atores pornô.

Victor Lee

É o embaixador europeu da PapodeHomem e está sempre de malas prontas para ir onde tem mulher bonita. É autor do <a>"From Victor With Love - Diário"</a>."