Quem nunca pagou um mico aqui? Após ouvir a deliciosa história do maior mico que meu irmão já pagou na vida, faço um post família aqui. Os dois maiores micos dos dois filhos de meu pai e minha mãe.
O meu
Era bem mais novinho e totalmente bunda-mole em relação às mulheres. Enfim rolou uma choppada em Niterói, e fomos para lá, no carro de um amigo, ele, eu, e mais um cara.
Chegando, meus amigos começam a se aproximar da mulherada. Eu, em plena época “pré-metralhadora” que sou hoje, nada. Me perdi deles.
Após umas duas horas, e tendo como companhia apenas as cervejas, passei pelo outro cara, que me apresentou uma garota. Comecei a conversar com ela. Papo vai, papo vem, recapitulando a situação, hoje sei que ela estava interessadíssima, era só ter beijado. Mas o babaca não fez nada. Ficamos lá mais de uma hora, até sobre política falamos, a garota devia estar gritando em seus pensamentos:
“Me agarra, porra!”, e nada.
A choppada estava acabando, e então me despedi dela. Indo para o carro, encontrei com meus companheiros de “guerra”. Eles me perguntam se eu peguei a garota.
Bom, uma mentirinha não ia fazer mal. Ia ficar bem na fita, já estávamos indo embora mesmo, então lasquei:
“Claro, pô. Tu acha que eu ia deixar passar?”.
Andando mais um pouco, eis que os caras param e falam: “Vamos voltar?”. Gelei, mas não perdi a compostura: “Não, tá tarde, vamos embora.”. Acabaram voltando, e eu, sem carro e longe de casa, tive que voltar.
Também, qual era a possibilidade de reencontrar a mulher naquela multidão? Mais fácil ganhar na Mega-Sena. Chegando lá de volta, estava só a comissão organizadora. E lá no meio, estava a garota.
Pensei: “Bom, não é tão ruim assim, depois eu digo que não tava mais afim de ficar com ela.”
Para meu terror absoluto, a cena seguinte foi esta: meu amigo (o que dirigia, que não tinha me visto com a garota em momento algum) chega perto dela cumprimentando. Eles já haviam se conhecido antes. Gelei. Mas e daí, eles já se conheciam, que mal há nisso?
E como tudo pode piorar, dali a pouco ele está falando besteira no ouvido dela, e, ação total da lei da gravidade no meu queixo, eles começam a se beijar na minha frente. Meu amigo não só a conhecia como já havia ficado com ela em outra choppada. Ele não sabia que era essa garota que eu havia “ficado”.
O outro cara encontrou a garota que tinha pego, e enquanto eles se divertiam, eu sentei num canto pra esconder a minha cara de vergonha. Ainda tive que na volta, ouvir as peripécias que a garota fez ao, digamos, “passar a marcha pegando na alavanca errada” enquanto ele dirigia. Claro que depois ficou todo mundo sabendo da história e fui encarnado até dizer chega. Micaço.
Depois dessa, toda vez que saio no zero a zero, eu bato no peito e grito com orgulho, “Não peguei ninguém!”. Definitivamente a mentira tem pernas curtas. E vai ser azarado assim pra lá!
O do meu irmão
Uma namorada do meu irmão o convida para um almoço na casa dos pais dela. Mas faz uma ressalva:
– Não repara, mas minha mãe cozinha muito mal. Só que ela faz questão, como é para você, blá blá blá…
Enfim, chega o grande dia, todos sentados à mesa, meu irmão de costas para a janela da sala de jantar, que dava para uma área onde ficava o cachorro da família. Que olhava atenta e esfomeadamente pela janela.
É servido o almoço, e o menu é arroz com bife. Meu irmão pensa, ”Pô, não tem erro, não tem como isso ficar ruim”.
Ele avança no arroz, e prova um pouquinho. Que desastre. Mas para quem já comeu a comida da nossa avó, até que estava tranqüilo. Calafrios só de lembrar da comida da vovó. Morávamos num prédio que tinha vista para uma vila, e cansamos de jogar filés de peixe com gosto de amônia no telhado da vila, sem contar os incontáveis bifes de fígado que foram para a privada.
Pois bem, era chegada a hora do bife. Meu irmão, por educação, já mete o garfo no mais graúdo. Ao cortar e provar, sente um gosto de detergente puro. Horrível. Pior que a comida da nossa avó, ao cubo.
Então, ele vai conversando e pensando em como sair daquela. A primeira opção, era meter o bife no próprio bolso, na primeira distração. Depois vai no banheiro e se desfaz dele. Pronto, resolvido. Foi então que ele observou a janela bem atrás dele.
O plano perfeito. Na primeira distração, ele metia o garfo no bife e girava o punho. O bife voava janela afora e caia bem na frente do cachorro faminto, que se encarregaria de dar sumiço à prova do crime. Agora era só esperar.
Eis que o momento chega, e ele manda ver. Pronto. Já está planejando a cara de satisfação, dizer que o bife está uma delícia. Quando do nada, o sogro e o cunhado dele começam a gargalhar. Altíssimo. Ele, para entrar na onda, também ri. E o sogro comenta:
– Putz, minha mulher cozinha mal pra caramba, né? Hahahahahahahah
Ele olha para a sogra, e esta está toda cabisbaixa, vermelha de vergonha.
Quando vira o pescoço para a janela, depara-se com a seguinte cena dantesca. Seu erro foi não olhar direito, pois a janela estava fechada. O bife agora estava grudado na janela, descendo lentamente. Para completar, do lado de fora, o cachorro lambia de forma ávida o vidro.
Eu nunca havia entendido porque ele terminara com essa namorada. Essa foi a explicação. Palavras dele:
“Com que cara eu ia olhar para os meus sogros de novo? Terminei no dia seguinte.”
E você, leitor, tem algum mico inesquecível? Conte-nos.
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