Como toda a saga que se preze, esta é a continuação do post “Os Grandes Bandidos Americanos“. Um detalhe importante do qual não falamos antes é a tendência histórica dos habitantes dos Estados Unidos em extravagâncias e exageros.

É mais ou menos como se fosse um país cheio de gaúchos. A diferença é que lá, ao contrário de cá, não há grenal ou jeitinho brasileiro e, assim, o dogmatismo da cultura acaba forçando pessoas (já por natureza meio desorientadas) para uma maluquice proporcional ao ego nacional. Essa, é claro, é apenas minha opinião e ela tem o mesmo valor que a sua.

Há 3 tipos de homens nesta continuação. No primeiro tipo, se enquadram os bandidos mais glamurosos, que se vestiam e comiam bem enquanto cometiam seus crimes e geraram histórias interessantes a serem contadas.

O segundo arquétipo é o tipo de gente que você jamais gostaria de ver pela frente (acredite) e que gera uma grande fascinação pela impossibilidade de compreender o que levou esses caras a fazerem tantas barbaridades.

“Não, Dexter. Você não pode entrar nessa lista”

O terceiro é o esteriótipo de bandido mais extraordinário de todos e está, de certa forma, no topo da nossa lista como prova de que, apesar dos pesares, admiramos as forças que criaram esta miniatura do Rio Grande do Sul entre o México e o Canadá.

Mafiosos e Assaltantes

Característica: Eles formaram quadrilhas organizadas ou mantiveram esquemas extensos de corrupção e violência. Reduzindo palavras, esse pessoal tocava o puteiro.

John Gotti: Durante os anos 80 foi reconhecido como o mafioso mais poderoso dos Estados Unidos. Os negócios da famiglia Gambino, que ele liderava, geravam centenas de milhões de dólares por ano. Gotti ficou conhecido por ser um mafioso exibicionista e audacioso. Andava pelas ruas de Nova York cercado de capangas, sempre bem vestido e circulava em grandes eventos e restaurantes. Outro mafioso, Sammy Gravano, um dia pesguntou a Gotti se ele não se preocupava em chamar a atenção das pessoas para si. Eis que o capo respondeu que “não, não. Esse é o meu público, Sammy. Eles me amam”. John Gotti foi condenado em 1992, por extorsão, assassinato, conspiração para assassinato, jogo ilegal, obstrução da justiça, suborno e evasão fiscal.

Pior crime: usar roupas caras, frequentar festas, aparecer na TV e falar mal de seu número 2 no telefone.

Filme para ver: Gotti – no comando da máfia (filme lançado para a TV nos Estados Unidos. Há a produção de um outro filme intitulado Gotti, com John Travolta no papel principal)

Al Capone: Mafioso mais famoso do mundo, faturou alto no período de vacas gordas do crime incentivado pela Lei Seca norte-americana. Sua carreira criminal não foi muito longa, menos de 13 anos, mas intensa e sua ficha inclui todo o tipo de crime. Na década de 30, Capone dominava um sindicato do crime e controlava informantes, pontos de apostas, casas de jogo, bordéis, bancas de apostas em corridas de cavalos, clubes noturnos, destilarias e cervejarias.

Pior crime: não ter pago seus impostos religiosamente

Filme para ver:Os Intocáveis.

John Dillinger: Assaltante da mesma época de Capone, era queridinho da mídia e do sujeito comum, que o considerava uma espécie de Robin Hood por ser especilistas em roubar os vilões da Grande Depressão, os bancos. Dillinger era escorregadio e escapou mais de uma vez da cadeia. Era também muito engenhoso em seus assaltos a bancos, frequentemente se disfarçando de várias maneiras para adentrar nas instituições financeiras. A gangue de Dillinger roubou dezenas de bancos na década de 20 e 30.

Pior crime: não ter sumido do mapa quando pôde.

Filme a ver:Inimigos Públicos.

Butch Cassidy: Praticamente um Che Guevara norte-americano. Fez fortuna assaltando trens e bancos nos Estados Unidos e foi morar em uma fazenda na Argentina com seu amigo Sundance Kid. Quando a grana apertou, voltou a assaltar e foi morto na Bolívia em circunstâncias misteriosas.

Pior crime: ter escolhido o país mais pobre das américas para ir roubar bancos

Filme a ver:Butch Cassidy e Sundance Kid

John Gotti é estiloso. John Gitti não se mistura

Matadores, psicopatas e médicos

Característica: Eles têm em comum o fato de terem sido a última pessoa que dezenas ou até centenas de pessoas viram pela frente antes de morrer.

Billy the Kid: Garoto que matou 21 pessoas e ficou famoso graças a artigos em jornais publicados a milhares de quilômetros de onde ele fazia arruaça. Depois de morto, virou lenda. Honestamente, não há como dizer o que é fato e o que é folclore. Dentre as histórias do mito, estão dezenas de tiroteios, homicídios, fugas espetaculares e até uma guerra particular no Novo México. Billy the Kid morreu com apenas 21 anos, e leva nas costas a fama de um dos maiores fora-da-lei do oeste americano e norte mexicano.

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Pior crime: virou mito, livro, filme e música ruim

Filme a ver:Jovens Pistoleiros/Jovens Demais para Morrer

Zodiac: Serial killer e attention-whore que inspirou o filme de mesmo nome. Matava e criava enigmas quase insolúveis para confundir a polícia e aparecer no jornal. O que impressiona na história do Zodíaco é a perfeição de sua carreira criminosa. Não se sabe, até hoje, a sua identidade, o conteúdo das cartas criptografadas que ele enviou á imprensa entre 1968 e 1969 e nem o número de vítimas que foram alvo do assassino. Pra se ter ideia, o caso aberto em dezembro de 68 foi dado como inativo somente em 2004. Em 2007, foi reaberto por conta de novas informações sobre a identidade do Zodíaco, permanecendo aberto até hoje.

Pior crime: desperdiçou uma carreira promissora como escritor de enigmas

Filme para ver:Zodíaco

Dennis Rader, BTK: Caso clássico de pacato pai de família e líder religioso comunitário exemplar de dia, serial killer SM attention-whore à noite. Durante muito tempo matou à esmo e só foi pego porque 15 anos depois de seu último crime teve a ideia brilhante de enviar um disquete para a polícia com um arquivo de Word salvo por “Dennis”, da empresa “Igreja Luterana da América”. O BTK (Bind-Torture-Kill) ficou bastante conhecido pela crueldade espalhafatosa de seus crimes e a maneira jocosa com que mandava mensagens para a imprensa e a polícia.

Pior crime: não ter usado email

Filme para ver: Hunt for the BTK Killer

Maníaco assassino em série do cinema. Você não chega nem perto do nível desses caras

Dylan Klebold e Eric Harris: Dois estudantes vestindo sobretudos negros invadem sua escola, executam vários alunos, um professor e se matam quando acaba a munição. É, esses caras são os responsáveis pelo massacre de Columbine, o pior já realizado em uma escola no país e um atestado épico de loser.

Pior crime: a história ter vazado para Michael Moore.

Filme para ver:Tiros em Columbine e Elephant.

Ted Bundy: Imagine uma figura com o charme incontrolável do Dr. Love, o ódio por mulheres do Cardoso, o apetite sexual do Alex Castro e a brutalidade do ex-deputado Hildebrando Pascoal. Bundy conquistou, estuprou, matou e depois estuprou novamente pelo menos 30 mulheres na década de 70.

Pior crime: em apenas um dia conseguiu matar 4 mulheres e uma seriamente ferida

Filme para ver:Ted Bundy.

Jack Kevorkian: Ele matou mais de 130 pessoas, o maior número desta lista, mesmo assim é um dos poucos indivíduos nesta lista com os quais este site talvez se identifique de uma forma ou de outra. Ele foi o principal defensor da eutanásia e criador de uma máquina que permite aos doentes terminais acabar com sua própria vida de forma indolor.

Pior crime: ainda não ter saído na seção “Homens que você deveria conhecer” do Papo de Homem

Filmes para ver: You don’t know Jack (filme produzido para a TV, feita pela HBO e protagonizado pelo grande Al Pacino).

Uma coisa que particularmente me chamou a atenção ao fazer esta lista, que é apenas um recorte inacabado da realidade, é o fato de não termos nada assim aqui no Brasil. Sim, temos vilões, mafiosos, psicopatas e políticos ruins, mas não os idolatramos como fazem os gaúchos do norte ou mesmo outras sociedades capitalistas.

Em alguns casos, em especial políticos, idolatramos os sujeitos pelos motivos errados. “Pai dos pobres” ou “rouba mas faz”. Em outros casos, nossa legislação prevê uma defesa desproporcional à privacidade e, com isso, perdem-se várias boas histórias que poderiam ser glorificadas e, dessa forma, teríamos uma lista de Grandes Bandidos Brasileiros decente.

Daniel Bender

Jornalista, Diretor de E-commerce e Caçador de Descontos no <a>1001 Cupom de Descontos</a>. Sempre disponível para conversar no boteco. "