Seguindo uma linha do tempo, eu diria que talvez foi a serpente, espiando Adão e Eva, esperando o momento certo para fazer com que Eva provasse da fruta e revelasse seu corpo nu,nos tornando herdeiros do pecado.

Alfred Hitchcock, em seu clássico Janela Indiscreta, tratava o espectador com um voyeur… “O que você quer de mim?”

A quantidade de pessoas que perdem horas do seu dia acompanhando reality shows cresce exponencialmente, e não devido a qualidade do programa, que na maioria das vezes não e lá essas coisas, e sim, porque nós seres humanos somos evolutivamente os seres mais curiosos que já existiu.

E me diz: que Marilyn Monroe que não atiça o voyeurismo alheio?

Assistindo um documentário sobre a vida de Hugh Hefner, criador da revista Playboy, que foi e ainda é o maior incentivador do voyeurismo, mostrou para os puritanos da época, que o que é bonito é para se mostrar e ser apreciado por todos nós.

O voyeurismo é obter prazer sexual por aquilo que vemos sem que seja necessária a fodelança toda. O voyeur come com os olhos.

Desde pequena, olhar, espiar, bisbilhotar, aprender coisas novas sempre foram meus hobbies. Acredito que a palavra que defina o voyeur seja “curiosidade”. Essa tal curiosidade me deixou em maus lençóis durante muito tempo.

Meu primeiro contato com o voyeurismo foi aos 15 anos, ainda virgem nessa época. Nos amassos loucos com um ficante na mesa do escritório do papai em um sábado à tarde, gozei apenas observando o rapaz se masturbando. Foi assim que descobri que o prazer está em nossas mãos, ou melhor, em nossos olhos.

Aos 16 anos comecei a namorar um garoto mais velho. Nosso namoro era tranquilo, pelo menos até eu perceber que só beijos e amassos não faziam passar o aperto que eu sentia por dentro. Nessas brincadeiras vespertinas, eu já estava batendo palminhas esperando que o ator principal entrasse logo, é claro que não demorou muito pra isso acontecer. Algum tempo passou, descobri também que, além de gostar de foder, eu adorava ver o sexo, ler sobre fodas e falar de trepadas homéricas.

O voyeurismo é considerado uma parafilia. O significado dessa palavrinha no dicionário quer dizer:

Designação genérica para comportamentos sexuais que se desviam do que é geralmente aceito pelas convenções sociais, podendo englobar comportamentos muito diferentes e com diferentes graus de aceitabilidade social.
(L. MANUILA et al.Dicionário Médico, Lisboa: Climepsi Editores, 2001).

O terapeuta sexual João Batista Pedrosa fez um pequeno dicionário explicando as principais pafafilias existentes. Fetichismo, masoquismo, sadismo e até aqueles casais que sempre fodem com o feijão e arroz de todo dia são considerados parafílicos. Os velhos romances de mocinhas e príncipes encantados, hoje foram substituídos por literatura sobre várias temáticas.

São vampiros que se apaixonam por humanos, extraterrestres que usam humanos como hospedeiros, lobos grandes, sexies e peludos. Basta fazer uma pesquisa sobre contos eróticos para ver quais estão no topo dos mais lidos e verão que não são os de príncipes e princesas. Os “tops” são geralmente sobre sadismo, zoofilia, masoquismo, incesto, exibicionismo e inclusive o vouyerismo.

E nem leva tanto tempo pra sacar que ver duas pessoas atraentes com tesão dá, automaticamente, tesão

Um livro muito legal que romanceia o voyeurismo chama-se The Voyeur, do autor Lacey Alexander, conta a história de uma escritora que vai passar um tempo na casa de campo do primo de uma amiga e, ao chegar, descobre que existe uma pequena câmera de vigilância. Imaginando que talvez tenha alguém vigiando-a, ela começa um pequeno joguinho e exibicionismo x voyeurismo.

Você queria me ver sedutora? Bem, aqui estou baby. Olhe para mim, olhe para minha buceta

É um livro de romance, não espere encontrar as 20 maneiras de como espiar sua vizinha sem ser notado ou como convencer a “Gatinha de Sorocaba webcam” mostrar o peitinho pra você. O que eu aprendi com esse livro e até mesmo com algumas experiências desastrosas é que, antes de tudo, tem que existir confiança entre ambas as partes, aquele que se exibe e aquele que gosta de observar.

Estamos cansados de ver vários vídeos caseiros em que o único prazer que sentem é gravar uma pessoa mostrando o peitinho na webcam e depois soltar na rede pra todos verem sem o consentimento da mesma.

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Esse ponto do voyeurismo é bem critico, já que existem voyeurs que gostam de observar outras pessoas sem serem notadas, como o meu vizinho safado e gostoso que fica me secando pela janela (e isso é verdade, e não parte da aura do texto) e voyeurs que também são exibicionistas (meu caso e o de muitos por aí). Já esses casos invasivos eu diria que são feitos por uma parcela de pessoas que possuem uma parafilia acentuada grave. Pessoas que compartilham fotos, vídeos de outras pessoas sem consentimento são filhos da puta e sem caráter (ou talvez classificados como “paparazzi” pela imprensa, vai saber).

Os voyeurs gostam de ver sexo, nada mais comum do que gostarem de ver pornô. Quem não se lembra do clássico Emanuelle que passava todo sábado de madrugada? Me lembro até hoje, a mamãe e papai iam dormir e eu ficava na sala, fingindo que estava assistindo Serginho Groisman.

Quando eles fechavam a porta do quarto, colocava o som da TV bem baixinho e trocava de canal. Quando meus pais vinham ver se já tinha ido dormir, voltava pro programa do Serginho e passava altas horas assim, vendo atores saindo e entrando e me deliciando com isso.  Alguns amigos dizem que assistem pornô pra ficar de pau duro e se masturbarem.

Mas tem muito mais a se obter vendo o ato sexual que uma “faísca” pra levantar pinto

Eu assisto porque o visual e o auditivo me excitam muito! Pra mim, um bom filme pornô não precisa necessariamente ter o ato sexual em si – se tiver um cara se masturbando, gemendo bem gostoso ou uma mulher virando os olhinhos bem do jeito que fazemos quando gozamos isso já me deixa com água na boca e escorrendo pelos lábios.

Outra prática do voyeurismo muito comum é o ménage que, para muitas mulheres, é inaceitável, enquanto para muitos homens, o é sonho de consumo. Pra mim, é o ápice do gozo nas minhas experiências sexuais. Não me considero bissexual, porque não manteria um relacionamento com mulher, sou curiosa e meu tesão é medido pelo tesão do meu parceiro. Sim, sou uma submissa.

Alguns podem dizer “bah, que balela”, mas pra mim, a carinha e os olhos vidrados de luxúria do meu homem comendo outra mulher ou me ver chupando uma buceta é transcendental. Quem não gosta de um belo show? Meu voyeurismo e exibicionismo caminham assim, juntinhos.

Lendo o texto de Menage HHM da semana passada li um comentário muito bacana do Gustavo Gitti:

…Ou a namorada que silenciosamente goza pensando no cara comendo outra, mas o cara, se perguntado, diz: “minha namorada nunca gozaria me vendo comendo outra, ela me mataria!”.

Aqui, ele simplesmente colocou o fechamento da minha linha de raciocínio. Será que nos relacionamentos de hoje não falta exatamente a confiança entre os parceiros de exporem as suas necessidades sexuais e, por algum motivo de insegurança, acabamos frustrados na nossa pseudo zona de conforto?

Claro que nem sempre fui assim, resolvida com o sexo e com a vida. Fui uma namorada chata, ciumenta e mezzo louca no começo do relacionamento. O que mudou? Ele me traiu. Fiquei desolada e me perguntei: “o que faltava? Sexo?”. Sexo nós tínhamos, o que faltava era eu libertar a “vagabunda” que existia dentro de mim, libertar meus pudores e tabus. Quem me disse isso? Ele, meu ex namorado.

Mas antes de ser a taradinha que eles queriam, eu fui atrás de ser a safadinha que eu gostaria de ser

Ser voyeur pra mim é totalmente prazeroso. Muitas pessoas não entendem, outras acusam, e outras dizem que sou louca. Ok, entendo e respeito qualquer opinião sobre esse assunto. Mas falando por experiência, o voyeurismo somente me fez bem. O espectador aproveita bem mais o show que o apresentador e posso dizer com conhecimento de causa que meu prazer duplicou e sou uma mulher bem mais resolvida e satisfeita sexualmente que a menina que entrou no escritório do pai naquela tarde de sábado.

Leitora Anônima

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