Sério, você nunca viu nada igual. Eu, Gustavo Gitti, depois de ter visto muita coisa na vida, garanto que o vídeo abaixo é absolutamente genial, absurdo, impressionante.
Basta ver até o fim. Ah, e mais adiante no post tem um puta prêmio que você pode ganhar sem esforço algum.
Link YouTube | Assista até o fim e depois continue a leitura.
Se não viu até o fim, não adianta seguir lendo.
Se viu até acabar, segure os comentários. Vou falar um pouco mais sobre por que esse vídeo é tão sensacional.
Sobre vídeos e vidas
Vivemos em uma cultura de entretenimento. Se analisarmos o discurso dos programas de TV (“Voltamos já… A seguir, não perca…”) ou nos perguntarmos a quem se dirige os milhares de vídeos engraçados pulverizados em blogs ou no Twitter, visualizaremos um cara com obesidade mórbida com um mouse na mão direita e um controle remoto na esquerda. É como se o mundo nos dissesse: “Fique aí que você terá distração pro resto da vida!”.
Se tal imagem nos parece exagerada, melhor não constatar que muitas vezes nós agimos como se fôssemos esse cara! Alguns perdem minutos, outros horas, outros dias imersos nesse estado de catatonia (quase mortos ou muito agitados), seguindo links e mais links web afora. Mundos e mundos à disposição de nossa ansiedade. Que tipo de mente cultivamos enquanto estamos online?
“Se não gosta de chá, você pode tomar café. Se não gosta de café, pode mudar para Coca-Cola. Se não gosta de Coca-Cola, pode beber whisky ou vodka. Você se envolve em constante atividade. Às vezes você nem sabe o que está fazendo; você apenas tem a ideia de que precisa estar ocupado com algo.” –Chogyam Trungpa
Momentos sensacionais
Durante o vídeo acima, você conseguiu esperar os 3 minutos ou logo avançou até o fim para ver o grande momento sensacional?
Pois saiba que esse vídeo é a sua vida inteira. Uma grande preparação para… nada. Imagens essencialmente idênticas, uma após a outra, com uma trilha repetitiva ao fundo. Nunca vai acontecer nada maravilhoso, inesquecível, perfeito, nada muito diferente do que os momentos atuais. Se você não consegue ver beleza nisto, se não conseguiu se deliciar durante o vídeo, então nunca conseguirá.
Essa mente nunca satisfeita, que não para, esse corpo que nunca se delicia completamente, é justamente com eles que procuramos eventos sensacionais, estímulos, distrações, coisas luminosas acontecendo na web, nesse fim de semana, no próximo, no próximo… Se algo se aproxima do tédio, logo abandonamos, seja uma relação, um trabalho ou um texto como esse.
De fato, enquanto escrevo, sei que os donos do PapodeHomem se preocupam com o que é chamado de “bounce rate” e tempo de leitura. É por isso que coloco imagens, escrevo parágrafos curtos e negrito alguns trechos. Num mundo de coisas atrativas, em vez de produzir mais uma coisa chamativa, minha vontade é indicar um texto do David Loy. Longo, sem imagens, difícil, sem mimos pra facilitar, mas verdadeiramente sensacional. Vale cada minuto perdido: “The Nonduality of Life and Death”.
Mente responsiva e estressada
Antes do celular e da internet, se surgia o impulso de ligar xingando alguém, era preciso esperar chegar em casa. Hoje temos meios para reagir a todos os impulsos que surgem: se brota tesão, vídeos pornôs estão a um clique; se brota saudade, email ou celular; se nos irritamos, logo reclamamos pelo Twitter.
Além de seu uso em palestras de CRM, a noção de responsividade também significa essa qualidade passiva da mente em reagir a tudo que surge. É como se objetos, imagens, cenas, situações e pessoas comandassem nossa ação, nos dizendo para onde ir, o que sentir, obstruindo nossa liberdade.
Tal mente aflitiva consome muito esforço, se desgasta nesse movimento incessante e eventualmente acaba se estressando, “surtando”. Quer um exemplo?
Link YouTube | Falando em vídeos, este teve mais de 1.200.000 exibições
E então mais de 3500 pessoas reagiram deixando comentários não muito enriquecedores. 😉
Como ganhar um fim de semana sem fazer nada
Quando dizemos que passamos o fim de semana sem fazer nada, é sempre mentira. Mesmo sem um grande evento, não conseguimos deixar de nos ocupar com algo: comemos mais do que o necessário, ficamos online de bobeira, vemos algum filme ou série… Ainda não sabemos verdadeiramente fazer nada, pois “fazer nada” não é ausência de movimento, mas ação precisa, sem espaço para o tédio, sem distração, sem perder nossa mente no meio dos afazeres.
Lanço agora um desafio e vou explicar o contexto. A Nutry lançou o Stress Blog listando 5 vídeo de pessoas estressadas, como esse acima do Lidio, e vai oferecer um final de semana no Krishna Shakti Ashram, em Campos do Jordão, com tudo pago, inclusive transporte de ida e volta (regulamento aqui). Lá tem um deck com vista para as montanhas, piscinas naturais, sauna à lenha…
Ganha o site que gerar mais acessos pro StressBlog. Mas o PapodeHomem, claro, vai abrir mão desse prêmio e sortear entre vocês.
Para concorrer, basta ficar em silêncio
1. Acesse o Stress Blog e vote no vídeo do Lídio ou em outro que achar mais tosco (Vanusa, Davis, que defendeu a Xuxa…).
2. Volte aqui e deixe um comentário vazio. Nada de frase criativa, nada de discussão, nada de bla-bla-blá. Como o Disqus não permite comentários absolutamente vazios, coloque o limite mínimo de caracteres: 2. Pode ser ” ” (dois toques na barra de espaço) ou “..”, tanto faz. Só não valem comentários com mais de 2 caracteres, nem emoticons.
É esse o desafio. Este será o primeiro post da web com vários comentários silenciosos. Um pequeno manifesto diante da irritação, do preconceito, da impulsividade, do autocentramento e dos gritinhos que vemos por aí.
Ao ganhador…
Ao ganhador (e a todos nós), desejo que possa abrir espaço e cortar distrações.
Abrir espaço, pois uma das definições de meditação é cultivar espacialidade. Espaço para deixar o outro nascer diante de nós para além das nossas impressões, espaço de manobra para lidarmos com situações asfixiantes, espaço para deixar pensamentos confusos surgirem e sumirem por si mesmos, espaço para tomar decisões além das 3 opções que nos parecem únicas, espaço para avançar com liberdade e direcionamento autônomo, sem ser refém do que nos acontece.
Cortar distrações, pois é um ótimo exercício de liberdade, não de privação, até porque a ideia é poder desfrutar de todas as experiências, não se isolar. Na verdade, só vai brotar um sentido de apreciação e deleite genuínos quando não estivermos distraídos e responsivos. Cortar isso tudo é só um meio hábil para treinarmos um outro modo de relação que não seja essa dispersão que gasta energia e não traz satisfação.
Parece bobo, mas não fazemos ideia do quão pouco usamos a nossa energia. Se não a dispersarmos, é possível desenvolver níveis de disposição, brilho nos olhos e tesão pela vida que nem suspeitávamos existir.
…
É isso. Que venha o silêncio de vocês. O resultado sai dia 7 de abril no Stress Blog. Se o PapodeHomem for o site que mais bombou de acessos e votos, vamos sortear (via random.org) o prêmio entre todos que deixaram comentários silenciosos aqui.
Sugestão de pegadinha: envie o link deste post por email ou Twitter para aquele amigo que sempre manda vídeos e fotos “incríveis”.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.