Concordo com os homens quando dizem que é difícil pacas entender a cabeça de uma mulher. Fato. Mas se existe algo realmente indecifrável no universo feminino é o famoso ritual do chá de panela – evento um tanto constrangedor que tenho freqüentado mais do que gostaria, por força da idade e da consideração.
Tudo começa com uma lista de presentes atípica, com itens curiosos, que vão da pá de lixo aos paninhos de prato.
Definido o que cada moçoila vai dar, é marcada a reunião: muitos embrulhos, comidinhas mil e definitivamente, um número de mulheres juntas superior ao que a minha tolerância é capaz de suportar.
Entre uma torradinha e outra, é natural que lembranças do último chá, aquele com go go boys e outras aberrações, comecem a vir à tona, fazendo com que tias descontem a libido reprimida em generosas fatias de torta. Manter-se perto da mesa pode ser bem razoável. Pena que nunca é longe o bastante daquela figura amarga e inconveniente, que acha casamento uma grande besteira e vibrador, um grande achado. Desconfie.
Começa então a brincadeira. A noiva, vendada, deve acertar o presente e a cada palpite errado, uma prenda. Há tempos tentam me convencer de que esta é a hora mais divertida da festa. Pausa para gargalhadas. Sim, porque esperam que eu me rasgue de rir porque a noiva achou que espremedor de alho fosse saca-rolha. E assim segue, com toda essa graça e diversão.
O fato é que reinventaram o casamento, mas deixaram lá o tal do chá, esvaziando levemente o discurso moderninho das garotas de hoje em dia. Pensar em algo mais inteligente e menos ultrapassado, mais arrojado e menos sexista (não, essa nova moda de dar lingerie para a noiva não atende a nenhum desses critérios) é um convite irrecusável à coerência. Eu aceito.
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