O mundo não vai acabar em dezembro, fique tranquilo. Mas, só por via das dúvidas, decidimos que tornaríamos 2012 o período mais foda das nossas vidas de qualquer maneira. Vai que?
Ontem, Jader e eu colocamos as cartas na mesa. Hoje é dia de mais dois membros da equipe contarem dos seus planos.
1. Rodrigo Cambiaghi e o desempoeiramento do seu baixo
Baixo é um instrumento pouco prestigiado, considerado pouco versátil, e um baita trambolho. Muita gente nem ouve, nas músicas. Tocar baixo sozinho é tipo ser o único bêbado na roda de amigos: só você se diverte, os outros acham um saco. São pouquíssima as bandas que têm o baixista como destaque.
Escolhi aprender a tocar baixo com 13 anos, sabendo de tudo isso. Foi uma decisão estratégica. Se você sair por aí procurando, toda banda de garagem sempre precisa de alguém no baixo. Geralmente colocam o cara que é o piorzinho na guitarra para assumir o trambolhão de 4 cordas, ou então aquele amigo da galera que está aprendendo um instrumento. Baixista bom é um bicho foda de encontrar, como sabe quem tem ou já teve banda, sabe.
Desde os meus 13 anos, eu nunca fiquei muito tempo sem banda. Houve apenas pausas durante época de vestibular, quando morei fora, e as bandas que terminaram simplesmente porque alguém esqueceu de marcar o próximo ensaio e ninguém se importou – foi o caso da minha última banda.
O ensaio é um dos poucos momentos do meu dia onde fico 100% focado no que estou fazendo: não existe celular, assuntos urgentes, notificações no Facebook, emails com “Urgente” no assunto, cliente, propostas comerciais e metas. Não existem conversas paralelas rolando, não existe prazo, existe apenas o ritmo, e todas as pessoas da sala estão 100% dedicadas apenas a fazer música. Tocar em uma banda me ajuda no foco e na concentração, me desliga dos problemas e renova meu espírito.
Alguma banda de São Paulo está precisando de um baixista? É isso que eu vou fazer em 2012.
2. Felipe Ramos e a tardia superação de uma perda
Algumas coisas na vida acontecem quando a gente menos espera. Em Outubro de 2011, tive uma súbita conscientização que está mudando a minha vida. Por ter perdido minha mãe com doze anos em uma tragédia, sempre tive uma vida de superações, em todos os sentidos. Como sou extrovertido e sempre fui muito comunicativo, durante os meus 29 anos de vida pensei que tivesse trabalhado a perda da minha mãe de forma potente. Erro meu.
No último outubro, em um belo domingo ensolarado, eu tive a plena certeza de que esse processo não estava perto do fim, e que eu teria muito chão para matar este fantasma e todos os desdobramentos negativos que foram incorporados em mim.
No mesmo domingo, passei horas escrevendo os pontos da minha personalidade que acreditava terem influências negativas pela perda da minha mãe. Comecei a listar pontos como: problemas em ter relacionamentos duradouros, canibalizar as coisas boas por medo de que elas me deixem, ser ansioso ao extremo, ao ponto de dar descarga antes de acabar de urinar.
Enfim, procurei ajuda com um psicólogo e estou buscando trabalhar em mim a perda da minha mãe. Sei que não será em alguns poucos meses que irei conseguir derrotar esse fantasma (acho que já é uma vitória aceitar dar tempo ao tempo para que isso vá de forma orgânica e natural), mas em 2012 o que farei é desenvolver esse processo de evolução pessoal que é tão íntimo.
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