Todas as estradas que percorremos nos levam a algum lugar. Essa é a metáfora perfeita para a vida. Uma série de caminhos e uma série de lugares nos quais a gente chega, toma água, se estica um pouco, mas logo já quer seguir em frente. Eternamente. 

O que frequentemente esquecemos de fazer é uma coisa banal: parar e olhar para baixo. Em que chão estamos? Como viemos parar aqui? E, ok, daqui pra onde?

O texto “O que estamos fazendo?” do mês passado serviu para que todos nós (equipe do PdH + leitores) fizéssemos essa breve reflexão em relação àquele momento. E hoje estamos de novo.

Até mês que vem, onde todos nós estaremos pisando em chãos diferentes.

Fred Fagundes

Há um trecho do filme Garden State que diz: “Talvez uma família seja um grupo de pessoas que sentem falta do mesmo lugar imaginário”. Eu cheguei a um ponto de São Paulo onde o que está a minha volta não é meu lar. O que eu busco é reencontrar esse sentimento de um lugar que nunca existiu. E se nunca existiu, o mais importante: construi-lo.
Estou voltando.

Garden State

Roberto Del Grande

Tenho buscado muito a paz de espírito, lendo mais, desenvolvendo a minha espiritualidade. Depois que descobri, recentemente, uma doença e os problemas relativos a ela, comecei a dar importância para outras coisas na vida. Tenho valorizado ainda mais meu trabalho e voltado para as atividades físicas.
Tenho tentado viajar mais, ver mais minha família, meu filho. Estou praticando mais o silêncio, tenho escutado mais e falado melhor. Além disso, estou aprendendo a ter uma vida conjugal de verdade.

Gustavo Gitti

Estou me distraindo e perdendo tempo.

Jader Pires

Santa Maloca Hostel cresceu, e por isso estou botando a mão na massa.
Aumentamos de tamanho, ficamos com o dobro de espaço… e o dobro de trabalho. Foi um mês interessantemente trabalhoso. Tivemos que abrir um buraco para ligar uma casa a outra, botamos uma escada, pintamos a casa todinha, a escada inteirinha, passamos massa no buraco, lixamos, botamos um box no banheiro, pintamos alguns azulejos pra ficar quadriculado (ficou uma cara meio “ska”, manja?). Acoplamos um espelho grandão, a pedido das menininhas que passaram por aqui nos últimos meses.
A gente colocou mesa na salinha nova, um sofá-cama adornado com umas almofadas quadradas, uns futons estilosos. Ficou gostoso de ler lá, ficou aconchegante de pensar na vida lá.
Por mais primárias que sejam todas as benfeitorias, ficamos muito orgulhosos de tudo ter sido feito com as nossas mãos, um fardo aniquilado por nossos braços. Tá tudo ficando lindo, a casa toda tá gostosa. Tudo culpa nossa.
A gente fez o que tinha que ser feito. Algo para se comemorar e se orgulhar.

Santa Maloca Hostel

 

Fabio Rodrigues

Sigo conduzindo encontros de meditação e estudos no CEBB Joinville aos domingos. Nos últimos meses tenho conseguido também manter uma rotina “solo” minimamente regular de prática e estudos. Estou bem feliz com isso.
Em fevereiro deste ano comecei a treinar Wing Chun com o Dai Si-hing Gil Eanes. E mesmo com uma regularidade nada invejável, isso me tem feito muito bem. Treinei um estilo parecido há uns 14 anos. Eu gostava muito e mesmo assim, não entendo bem porque, nesse tempo todo fiquei sem treinar nada. Até que no final do ano passado, na Cabana PdH, o Alberto Brandão desafiou o Guilherme Valadares a procurar no mesmo dia uma academia de artes marciais e marcar uma aula experimental. Eu tomei o desafio pra mim, encontrei o contato do Gil no google, e pronto. E essa relação tem se desdobrado numa amizade rara e em muitas outras ações paralelas. Uma delas foi o 2º Cabana-Do.
Sigo tocando com a banda Vacine, também numa regularidade nada exemplar. Depois de um ano e meio parados, todos com agenda atrapalhada, estamos conseguindo nos reunir pra ensaiar de vez em quando. Mesmo assim a coisa anda, e logo vai dar pra marcar alguns shows novamente. Aliás, gosto muito de música e tenho vontade de me envolver em algum outro projeto/banda. Toco guitarra e, principalmente, baixo. Aceito convites, inclusive.
Tem acontecido umas mudanças bem grandes e rápidas por aqui no PdH/Cabana, e isso tem aberto espaço pra várias outras iniciativas. Mas outra hora eu conto. 😉

Luciano Ribeiro

Estou morrendo.
Esta semana me mudei para São Paulo, e isso significa que tive de abandonar todas as atividades que executava em Belém – cidade onde eu morava. Esse processo me fez pensar bastante na sensação que deve ser a morte. Imaginem comigo: ter de largar estudos, projetos pessoais, amigos, banda, família e até mesmo suas coisas. Sem poder levar nada. Se ver lembrando de todos os momentos que teve com essas pessoas naquele território onde se sente seguro, acolhido, onde sabe que vai ter sempre alguém esperando. De repente, nada disso mais ao seu redor. Tudo acabado. Fim.
Imagino que a morte deve ser o momento supremo de apego. Se já foi difícil deixar para trás minhas coisas numa simples mudança de cidade, o quanto será que não estarei fodido diante da morte?
Mas, claro, há também um lado extremamente positivo. Ao ver todas essas coisas acabadas, posso pensar em novas possibilidades, hábitos, lugares, projetos e tudo mais que vier. Então, que venham.

Rodrigo Cambiaghi

Voltei a tocar contra-baixo e ensaiar com a minha antiga banda.
Apesar de ter ouvido inúmeras vezes frases como “eu não consigo escutar o baixo na música” e “baixista é o guitarrista que não aprendeu a tocar direito”, sempre tive um baita tesão pelo instrumento e pretendo tocá-lo até meus últimos dias.
A parte ruim de ser baixista é que pra você realmente se divertir você precisa tocar com a banda, ou no mínimo com um guitarrista.
Tocar contra-baixo sozinho, irrita tanto quem toca quanto quem ouve, mas faz uma falta do caralho para a banda ensaiar sem um baixista.
Os ensaios são uma terapia para todos. As portas do estúdio se fecham, desligam-se os celulares, e o mundo lá fora deixa de existir. Durante as próximas duas horas, a única preocupação são as próximas notas do compasso e a integração.
Quanto ao som, temos tocado Pearl Jam, Steve Ray Vaughan, Foo Fighters e o bom e velho Red Hot Chili Peppers. Afinal, todo baixista precisa do seu momento de glória no palco.

Cambi e os hipsters

Alex Castro

Estou amando. Comecei a namorar em junho e estou feliz e apaixonadinho. O amor dá uma onda e uma disposição tão grande que comecei enfim a tocar uma série de atividades há muito adiadas.
Voltei a malhar na academia. Estou indo quase todo dia, alternando séries de pernas e braços.
Comecei uma oficina de dramaturgia no CAL, para aprender melhores técnicas tanto de escrita teatral (minha paixão) como cinematográfica. Quem sabe isso não se reverte em uns roteiros de curtas aqui para o PapodeHomem?
Vou me juntar a um grupo de caiaque no mar, uma das minhas atividades preferidas. Comprar um caiaque foi a primeira coisa que fiz com o primeiro dinheiro honesto que ganhei. Escrevendo, claro.
Antes disso, devo operar os olhos pra tirar o resto de miopia que voltou depois da minha primeira operação de 1996. Fazer esportes aquáticos de óculos é um saco.
E continuo meditando no templo zen de Copacabana.

Fabio Bracht

Há quase dois anos, acabou um relacionamento muito longo, que eu realmente acreditava que seria eterno — até que ficou óbvio que não seria (até porque nada é). Daquele momento em diante entrei de cabeça na identidade de solteiro. O máximo de festas e o mínimo de compromisso.
Estava massa.
Até que eu conheci ela, há algumas semanas. E o que tenho feito desde então é me dedicar a gostar dela. Fazia tempo que eu não brincava dessa coisa de me dedicar emocionalmente a alguém, com todos as felicidades e aflições envolvidas.
Está mais massa ainda. <3

E você?

Em que chão está pisando?

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Fabio Bracht

Toca guitarra e bateria, respira música, já mochilou pela Europa, conhece todos os memes, idolatra Jack White. Segue sendo um aprendiz de cara legal.rnrn[<a>Facebook</a> | <a href="http://www.twitter.com/FabioBracht">Twitter</a>]"