Ele era um cara tímido com mulheres. Nunca tinha sido muito bom em “chegar chegando”, jogar aquele xaveco manjado, e esperar pelo “sim” ou “não”.
Sempre que alguma garota de programa chamava ele de “gracinha”, corava e nem conseguia olhar para a cara dela.
O problema era a recusa. Ele nunca suportaria a recusa. Assim, se não tentasse, não era recusado. Esperava sempre que elas tomassem a iniciativa.
Este comportamento tinha, obviamente, como resultado, o fato de ele quase nunca ter tido namoradas.
Em compensação, as que tinha tido, foram de no mínimo um ano. Era um cara que depois que conseguia superar o primeiro passo, estava em casa. Era a área dele, o manter relacionamentos. Era gentil, cavalheiro, humilde, compreensivo, bom ouvinte, romântico, ajudava a escolher sapatos e passava o dia vendo vitrine com ela, se fosse necessário.
Não era perfeito, assim como ninguém o é, e portanto as suas relações até aí sempre tinham tido um fim, por este ou aquele motivos. Às vezes culpa delas (que também não eram perfeitas), outras vezes culpa dele, que acabava fazendo asneira ou simplesmente se cansava da companheira.
Acontece, são coisas da vida, não há como evitar.
Um dia foi com seu melhor amigo a um bar e ambos repararam que duas garotas trocavam olhares com eles insistentemente.
Diz o amigo:
– Camarada, tá na hora de perder essa virgindade de xaveco.
– Hein?
– É. Cê vai lá, vai falar qualquer besteira pra elas, porque essas tá na cara que estão no papo.
– Xi, pirou de vez.
– Porra mano, dessa vez vai ter que ir. Olha lá… olha, tô falando! Viu? Elas estão secando a gente aqui… daqui a pouco o povo do bar vai achar que a gente é gay… você já viu o tamanho dos air bags daquela de vermelho?
– Lógico que vi, mas você já sabe como eu sou… eu não consigo chegar lá e…
– Hoje consegue. Você não vai porque tem medo de tomar não, e daquelas duas não tem como tomar não… se elas olharem com um pouco de mais força, a nossa mesa quebra.
– Mas véio, o que que eu falo pra elas?
– Sei lá, cumprimenta, fala seu nome, pergunta o nome delas, oferece uma bebida, chama pra sentar aqui.
– Mano, só no “oi” eu já mijei nas calças… como eu vou fazer esse discurso todo aê no sangue frio?
– Ó, vou te contar o segredo pra você ir tranquilão.
– Sério?
– É, cala a boca. Seguinte… existem duas teorias para incentivar nego assim que nem você meio boiola a chegar na mulherada.
– Ei!
– Pssst! Tô falando, pô. Ouve e aprende. Primeira teoria é a teoria da percentagem. É bem simples de entender. Vamos supor que a cada 10 minas que você xaveca, 3 dão bola procê. Trinta por cento não é muito, né? Então… a teoria diz simplesmente que quanto mais mulher você cair em cima, mais cai na sua rede. É matemática, tá tudo já provado e comprovado.
– E não é que é mesmo? Mesmo assim vou tomar 7 “nãos”, e é isso que eu não suporto.
– Não criemos pânico! É justamente pra isso que serve a segunda teoria.
– Conta logo então, cacete!
– A segunda teoria apenas diz que os 7 “nãos” você já levou! Ou seja, você já tem um “não” de cada mulher neste bar, visto que nenhuma tá abraçada a você. Na pior das hipóteses, você continua com o “não” que já tinha antes. Mas se ela estiver naqueles 30%, o seu “não” passa a “sim”! Entendeu?
Ele já não estava ali. Estava na mesa das duas garotas, que riam gostoso de alguma piada que ele tinha contado.
Mytho vive em Portugal e é um dos melhores colaboradores que já passou pela PapodeHomem. Aproveita pra conhecer o blog dele, Você não acreditaria…
ps: esse é o post Número 500 da PapodeHomem!
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