Quem nunca sentiu aquela sensação de satisfação e tristeza após o termino de um ótimo filme?
Ao mesmo tempo que ficamos extasiados lembrando com felicidade o que presenciamos na tela grande, depois da euforia ao sairmos do cinema, é inevitável a lamentação de que tal experiência poderia ter durado um pouco mais. Diria também que isso acontece com uma boa refeição. Em um primeiro momento, ficamos deslumbrados com aquele prato cheirando maravilhosamente bem, mas o semblante no rosto é outro ao vê-lo novamente, só que vazio.
Mas será que esta sensação também acontece com os videogames? Será que ficamos alegres e depois insatisfeitos após a conclusão de um jogo? Eu fico. Principalmente quando você sente que o jogo está próximo do fim, a ansiedade fica ainda maior pois você quer concluir a jogatina, mas não quer deixar a diversão acabar. Diferente dos exemplos citados, no videogame podemos prolongar um pouco mais nosso prazer na jogatina, ou melhor enrolar o grande desfecho. Porém, uma hora teremos que colocar um ponto final nisso e não poderemos fazer mais nada para impedir.
E nessa mistura de emoções e sentimentos, apresento para vocês 7 jogos que me deixaram tristes pelo fim da diversão. Tinha que acabar tão rápido?
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ATENÇÃO! ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS
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The Legend of Zelda: Ocarina of Time
Para muitos críticos, considerado o Cidadão Kane dos games. Concordo.
Já falei dele em outra postagem aqui no site, demonstrando o tamanho do meu apreço por este clássico da Nintendo. Quando jogamos com o Link adulto (considero este o segundo ato do jogo, como em um longa-metragem) precisamos libertar todos os Sages e conforme o número vai diminuindo, a diversão vai sendo tomada pela preocupação de que a exploração por Hyrule está prestes a acabar.
Aí não tem jeito. Por mais que a gente prorrogue a conclusão desta incrível jornada andando com a Epona neste reino maravilhoso, temos que acabar com o mal de uma vez por todas. Poderia ser uns 14 ou 16 Sages para salvar não?
Super Mario Bros 3
Considerado o melhor jogo da série de todos os tempos, este clássico lançado para o Nintendinho fez um sucesso estrondoso. Ainda mais com o filme O Gênio do Vídeo Game, onde parte da trama gira em torno de um campeonato de videogame. Adivinha qual é o jogo de um dos torneios? Seria este um dos prelúdios do E-Sports? Talvez rs… O filme é mediano, vale pela nostalgia para quem tem mais de 25 anos. Porém, graças a ele o game vendeu e MUITO!
A primeira vez que joguei foi em 1991, mas só terminei no começo da década de 2000. Ele tem um design de fases incrível e uma trilha sonora simpaticíssima que combina perfeitamente com o jogo. Diria até que o tipo de música serve para acalmar nossos nervos. Quem já jogou sabe o sufoco de algumas fases perto do final (as airships que o diga). Confesso que não via a hora de terminar para nunca mais ver a cara deste jogo, mas após conclusão veio um gostinho de quero mais. Depois disso já fechei o game outras vezes e como um bom vinho, o game fica cada vez melhor com o passar dos anos. Já meus reflexos e coordenação motora…
Não posso dizer o mesmo.
Inside
Este ótimo indie produzido pela Playdead é sombrio, bizarro e incrivelmente instigante. Assim como em Limbo (que também foi produzido pelo mesmo estúdio), o jogo não apresenta nenhum dialogo e cabe a nós jogadores deduzir a trama. Comprei ele um dia após o lançamento para PS4 (ele foi lançado antes no XBox One) por volta das 22:00 mais ou menos.
Em um passe de mágica já eram 00:15 e ia trabalhar no outro dia. Porém, eu não queria parar de jogar. Só parei por causa do horário mesmo.
Como este tipo de jogo não é muito longo, até que não foi uma má ideia ter parado a jogatina, senão eu ia conclui-lo logo de cara.
Quando joguei novamente no final de semana, a ansiedade tomou conta porque eu sabia que o fim estava próximo. E quando terminei, por um momento fiquei feliz pela finalização assim como aquele “amontoado” de pessoas ficaram ao fugir do laboratório parando em frente ao lago.
Quando desliguei o console, imediatamente o ditado “tudo que é bom dura pouco” caiu em cima dos meus ombros, fazendo com que eu ficasse olhando para o chão por alguns instantes.
Transistor
Outro indie de respeito. Após o ótimo Bastion, a Supergiant Games conseguiu se superar com este que para mim já é um clássico dos videogames.
De forma misteriosa, a protagonista Red perde sua voz e não consegue mais cantar. Ela junto com a espada Transistor estão decididos a encontrar respostas para o que aconteceu.
A mecânica do título é bem interessante. No meio da batalha você pode escolher se irá atacar os inimigos como em um jogo de ação ou, traçar a ação da personagem em turnos, determinado o que ela irá fazer. Contudo cada tipo de jogada tem seus prós e contras e cabe a nós jogadores saber usar cada tática no momento certo. E é justamente por isto que o game é tão divertido. Quanto ao roteiro, ele é desvendado ao desbloquear novas habilidades para a Transistor. E conforme você vai descobrindo o que aconteceu, a vontade de fechar vai diminuindo porque você não quer se despedir da Red. Eu pelo menos não queria. E no final, literalmente nos despedimos, já que ela comete suicídio. 🙁
Mais um motivo para prolongar a jogatina e não se deparar com este lindo final (ela fez isto por amor), mas bem triste. A trilha deste jogo é fundamental para a narrativa além de ser simplesmente extraordinária.
Fire Emblem: Awakening
Adoro RPG’s táticos como Ogre Battle, Final Fantasy Tactics, Vandal Hearts, entre outros. Mesmo sabendo da fama de Fire Emblem, nunca tinha jogado nenhum game da série. Awakening foi meu primeiro contado com a franquia e a experiência não poderia ter sido melhor. Ainda mais hoje que este tipo de RPG é um pouco escasso comparado com os anos 90. Gostei tanto que acabei comprando todo os jogos da série para o Nintendo 3DS.
No combate, você pode ter suporte caso pare do lado de um membro da sua equipe, possibilitando ataques em dupla contra o inimigo. Você também pode se agrupar com um personagem da sua escolha e assim se movimentar e fazer todas as demais ações em dupla. Conforme você evolui a relação de suporte, chegando no nível máximo (S), se for um homem e uma mulher a dupla, vocês poderão ter filhos! E esses filhos poderão fazer parte do seu time, já que o enredo do game envolve viagem no tempo. Daí a explicação dos filhos lutarem ao lado dos pais.
Uma das características da série é a morte permanente do membro. Caso isto aconteça, ele morrerá para sempre mesmo, sem a possibilidade de voltar na próxima etapa da jornada. Estava todo feliz jogando no modo clássico (modo com morte permanente) indo bem até um pouco mais da metade do jogo quando minha maga Miriel morre, deixando seu marido Lon'qu viúvo… Quem disse que eu consegui jogar depois?
Deletei meu save e comecei tudo de novo, mas desta vez no modo casual, onde a morte só acontece na batalha e na próxima fase eles voltam, como na maioria dos RPG’s táticos.
Até poderia ter reiniciado no modo clássico, mas não queria presenciar a perda de um membro da equipe novamente. O carisma dos personagens e suas motivações (não de todos, mas da maioria) são um dos destaques da diversão, e você não quer ver o final disto rápido, seja com morte ou com a conclusão do jogo.
Logo, esta autossabotagem serviu para prolongar minha diversão no reino de Ylisse entre idas e vindas do trabalho para casa e vice-versa no transporte público.
The Little Mermaid (NES)
Nos anos 90 a Capcom fez ótimos jogos com os carismáticos personagens da Disney para o NES. Chip 'n Dale: Rescue Rangers e Duck Tales são alguns exemplos.
O longa de animação A Pequena Sereia também recebeu uma versão para o console 8 bits da big N (para mim melhor que a versão lançada para o Mega Drive). Com um roteiro bem próximo do filme, gráficos legais e controles simples, mas funcionais. O jogo diverte bem, mas é MUITO FÁCIL!
Chega a ser uma afronta, tamanha a facilidade do game.
O que é uma pena, pois ele é bem feito e queríamos jogar mais. Eu, pelo menos, queria. Fiquei extremamente triste e com um pouco de raiva após conclusão. Estranho esta atitude da Capcom uma vez que outros títulos da Disney que ela produziu para o console tem um desafio bem melhor.
Turma da Mônica em o Resgaste
Este hack oficial de Wonder Boy III foi o segundo de dois únicos jogos que pude ter na época para o meu querido Master System.
Lembro com muito carinho que parte do manual era uma historinha explicando como Mônica foi raptada. Cada parte do jogo você controlava um personagem da turma diferente. Até Bidu entrou na farra. Alguns colegas que fecharam antes de mim, falaram que o Anjinho era o último personagem a ser liberado para o confronto final.
Por ser um jogo meu e não alugado, me dediquei ao extremo para explorar o game de cabo a rabo, evitando o confronto final o máximo que podia. Não queria finalizar aqueles dias tão divertidos.
Mas depois de um tempo, tive que enfrentar o Capitão Feio e salvar a dentuça, como diria o Cebolinha.
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Tenho outros exemplos de tristeza após conclusão de um game, mas acredito que vocês também tenham não é mesmo? Então, quais jogos proporcionaram muita diversão e que após a conclusão, te deixaram com um sentimento de quero mais?
Vamos continuar esta conversa nos comentários.
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