Sabe aqueles filmes futuristas com cidades no meio do céu e nenhum traço de árvores ou terra? É esse mundo que visualizei ao conhecer o novo despertador da Philips.
OK, o projeto no Pólo Norto é bacana (“Wake up the town”), sem dúvidas, mas focando apenas no produto fico preocupado por duas razões.
Vivemos melhor sem despertador
Vamos nos perder completamente se esquecermos que algumas coisas não eram assim antes e não precisam ser assim. Acordar com despertador, por exemplo. Os melhores períodos da minha vida foram vividos sem despertador, dormindo com a janela aberta, acordando naturalmente.
É fato: se quiser melhorar sua qualidade de vida, abandone o despertador. Ele serve apenas para pegar aquele voo às seis da manhã ou para garantir que você não vai perder uma reunião, mas usá-lo todo dia, criar essa dependência não faz bem. E ainda abre a possibilidade de você viver mal, dormir mal, acordar mal e seguir assim, já que tem a muleta do despertador para garantir a continuidade do processo. Sem despertador, não tem como dormir mal e acordar mal por vários dias. Ao ver a zona criada, nosso corpo acaba se auto-regulando.
Não precisamos simular o que ainda está disponível
Se a maioria dos habitantes da Terra pode acordar com o Sol sem problemas, por que fechar a janela e reproduzir a luz artificialmente? Isso é tão estúpido quanto acender a luz para ler um livro numa varanda ensolarada.
Ao aceitar tais inovações apenas porque foram produzidas, sem perceber ficamos ainda mais adormecidos, sonolentos, sendo levados pela tecnologia. Perdemos ainda mais o contato com o planeta, criamos mundos particulares e depois tentamos combater toda essa cultura para sermos “sustentáveis”. Ora, se perdermos a conexão com a natureza e com os ciclos naturais, não teremos muita noção do quanto o meio ambiente está sendo ignorado ou destruído. Vamos viver de janelas fechadas.
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