Há exatos seis anos deixei de torcer para a seleção brasileira. Sequer assisto às transmissões do time de amarelo. Pode ser um campeonato mais ou menos, amistoso ou até mesmo Copa do Mundo. Desde aquele fiasco na Copa de 2006, com jogadores obesos, festa na concentração e uma lista de convocação que beirou ao ridículo, larguei.

Percebi o meu completo descaso pela seleção no ano passado durante a Copa América. De todos os jogos, acho que assisti somente aquela cobrança de pênalti em que o time do Menezes conseguiu a proeza de errar todas as bolas. A única vez que assisti algo assim foi na eliminação do Palmeiras para o Atlético Goianiense na Copa do Brasil de 2010, em Goiás. Foi nessa época percebi que eu estava andando para o time da CBF.

Costumo dizer que minha seleção veste verde e branco e foi campeã da Copa Rio de 1951, além de ter sido o primeiro time a vestir, do técnico ao massagista, de uma vez só, toda a seleção brasileira. Caso você não ainda não saiba, sou palmeirense. Conheço muitos outros tantos torcedores, das mais variadas torcidas, que são iguais a mim.

Há anos não ligam mais para os jogos da seleção canarinho.

Você ainda tem alguma esperança?

Dúvida: ainda podemos usar o termo seleção? Pela simples definição da palavra, o time da CBF deveria ser o resumo da escolha dos melhores. Não é preciso ser um gênio para ver que o meio campista Jadson não tem cacife para vestir a amarelinha. O cara era reserva no Shaktar, da Ucrânia. Veja bem… Ucrânia!

Se você é um dos que não está nem ai para a seleção brasileira, é provável que você chame o catadão da CBF de “Selenike”. Existe uma presença absurda da fornecedora norte-americana no time. Jogadores da Nike estão sempre presentes, o contrato de fornecimento esportivo é sempre renovado, mesmo com uniformes ridículos, como a última camisa, que tinha aquela faixa verde medonha no peito.

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Sabem como é feita a motivação nos dias de hoje? O empresário faz uma intermediação junto a alguém influente na CBF e esse cara começa a valorizar um determinado jogador dentro da comissão técnica. Depois de um tempo, o sujeito começa a ser convocado para alguns amistosos. Cinco, seis, dez… Tudo depende do mercado de destino. O jogador pode ser praticamente um Tonhão Arranca-Toco, mas com dez partidas pela seleção ele consegue ingresso em um time de nível A em um país de segundo escalão europeu, como, sei lá, a França.

Espero que vocês tenham entendido os principais motivos pelos quais eu simplesmente abri mão da seleção brasileira. Enquanto Ricardo Teixeira não largar o osso, o futebol brasileiro vai tornar-se cada vez mais uma coisa chata, previsível e, principalmente, negociável. Sejamos realistas, uma das coisas que forma a personalidade de qualquer brasileiro é o futebol.

Em 2006, essa fatídica Copa, eu inventei algumas histórias para conseguir sair do trabalho e ir assistir os jogos na casa do pai de um amigo. Se você gosta de futebol, provavelmente já fez isso algum dia. A pergunta é: quando o Brasil joga, você ainda faz isso? Dá perdido no trabalho, inventa que a tia morreu, leva radinho de pilha pra faculdade? Ou simplesmente abriu mão e só olha no dia seguinte pra ver de quanto foi o placar?

Rodrigo Teixeira

Rodrigo é sócio do <a>Pontapé!</a>