Eu tendo a me considerar uma pessoa criativa. Trabalho escrevendo textos como esse, já estudei design, gosto de desenhar e, atualmente, faço música nas minhas horas vagas.
Foi assim comigo desde a adolescência, quando eu me arriscava fazendo sites para plataformas gratuitas hoje já extintas, com o objetivo de publicar as histórias em quadrinhos que produzia com amigos. Meu passatempo favorito era dedicar tempo para criar essas e outras coisas.
O hábito da criatividade esbarra em uma dificuldade que tende a se agravar com a idade adulta e a inserção de novos elementos de compromisso e responsabilidade, como a família, relacionamentos, filhos, amizades.
Torna-se cada vez mais difícil conciliar tudo isso de forma saudável. Não apenas porque essas coisas em si já demandam bastante tempo, mas também pelo fato de que a rotina de oito horas de trabalho diários já me consomem uma quantidade imensa de energia.
Não raro, ao chegar em casa, tudo o que consigo pensar é em desligar a chave, deitar e dormir, de tão exausto.
Às vezes, penso que essa é uma atitude inteligente e tem sentido real, mas ao ver o que realmente faço ao chegar em casa (a dedicação a vários gargalos de tempo, como o Facebook, e uma pá de conversas inúteis, pra citar um exemplo), minha impressão é de ser só mais uma desculpa entre tantas outras.
Claro, há casos e casos, dias e dias, momentos e momentos. Às vezes, você vai estar cansado demais pra fazer qualquer coisa, de verdade. E isso quer dizer que forçar a barra para fazer algo só vai trazer uma dose extra de dor e frustração. Mas em outros casos, pode ser que você consiga, sim, tirar uma energia extra, focar sua mente e produzir algo que gostaria muito de ver no mundo.
Pra quem se considera no segundo caso, penso que esse texto aqui embaixo, escrito pelo James L. Walpole, pode ser de grande ajuda para dar a energia extra que falta para se levantar e sentir aquela realizaçãozinha de ter um projeto seu no mundo.
Boa leitura!
“Estou cansado demais.”
Muitos rascunhos de textos não foram adiante e morreram prematuramente por causa dessa sentença.
E essa é uma desculpa que funciona direitinho para explicar o fracasso em quase qualquer tipo de trabalho. É uma justificação fácil demais. Mas só porque uma desculpa é justificável isso não significa que é digna. Uma vez que sempre se pode imaginar um tempo em que nos sentimos mais descansado e com mais energia, “estou cansado demais” é capaz de arruinar qualquer chance de se fazer algo.
O que fazer então? Correr uns quarteirões? Dormir mais? Beber cinco Red Bulls? (Essa última dica só funciona para meus amigos programadores – nem tente).
Metade dos problemas reais do cansaço vem da distração. O problema não é estar cansado demais. O problema é estar com a mente dividida.
A maioria de nós provavelmente tem uma dúzia de projetos acontecendo ao mesmo tempo – ou pior do que isso, sendo ignorados ao mesmo tempo. Isso corrói a confiança que poderíamos ter para fazer os novos trabalhos bem (ou até o final). Impede-nos de alcançar o foco criativo de que precisamos para entrar em estados de fluxo que tornam o trabalho mais divertido.
A solução que encontrei? Se quero ter um bom impulso inicial ao começar algo, preciso terminar outra coisa. Só consigo começar de onde eu parei, então começo completando as obrigações que deixei pela metade.
Por mais simples que essa solução pareça, entrar no espaço mental de começar algo raramente é tão fácil quanto marcar o item como realizado na lista de afazeres.
Preciso antes disso me propor algumas perguntas:
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Como esse trabalho se encaixa em minhas prioridades? – Completar trabalhos datados pode remover uma obrigação ou foco de estresse, ou pode tornar mais fácil o iniciar de um novo trabalho.
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Quanto tempo vai levar para eu completar a tarefa? – Já que minha finalidade principal é começar algo novo, quero me engajar em algo que posso terminar num espaço de tempo razoável.
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Quais bloqueios mentais estão me impedindo de completar a tarefa? – O mais provável é que sejam sempre as mesmas coisas – paralisia causada pela análise, medo de passar vergonha, medo de receber feedback negativo – que frequentemente nos impedem de começar algo.
Quanto tenho as respostas dessas questões, já sei o que fazer em primeiro lugar. Isso retira um pouco da incerteza do sentar para começar uma sessão de trabalho.
Mais do que isso, uma vez que eu tenho o impulso inicial de ter feito algo importante, começar algo novo não parece tão difícil. E quando vejo que fiz algo muito legal, que vale compartilhar com os outros, não me sinto tão cansado.
Que desculpas o impedem de fazer um ótimo trabalho? Não apenas procrastine ou faça um esforço sem cabimento – pense melhor a fonte de seu problema com o trabalho. A solução pode ser contraintuitiva: como eu, talvez você goste de terminar algo antes de poder outra coisa.
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