Se tem uma coisa que eu não gosto é de acordar cedo. Sim, eu acordo cedo de segunda a sexta-feira, assim como você.
Claro que dá preguiça. Sim, dá vontade de jogar o celular na parede algumas vezes. Agora, imagina acordar 6:30 de domingo na manhã mais fria do ano? Não é um prospecto muito legal.
Porém, desta vez eu acordei antes do despertador e super animado para falar a verdade. Domingo era dia de pegar a estrada até o autódromo do Haras Tuiuti – que fica próximo a Morungaba/SP. Eu até prefiro sair assim, logo cedo, pois as estradas estão mais vazias e tranquilas. Agora, pra ser bem sincero, fazia tempo que eu não agradecia tanto por ter ar quente do carro – no marcador nada menos que 6 graus do lado de fora.
A estrada até lá é bem reta e plana na maioria do tempo. Porém, chegando mais perto do destino dava pra se divertir bastante com curvas e mais curvas em subida e descida nos trechos de serra. A diversão acabou apenas quando chegamos na entrada do Haras – era uma estrada de terra seca e esburacada. Então, restou jogar a segunda marcha e tentar desviar dos buracos – o que consegui só 80% das vezes.
Chegando lá o clima é mais de casamento do que de autódromo, com um enorme casarão com grandes janelas e muita área envidraçada. Porém, atravessando a sede principal, lá estava o motivo principal da viagem – acelerar dois lançamentos da Triumph, a Tiger 800 e a Tiger 1200.
Eu imagino o que um leitor mais incauto deve estar pensando. "Calma aê, Lucas! Quem é a Triumph? E essa linha Tiger?"
Explico: a Triumph é uma fabricante de motos da Inglaterra e conta com representação oficial no Brasil. É conhecida principalmente pelas motos clássicas e os motores de três cilindros – e seu ronco característico. Já a família Tiger são motos da divisão aventureira da marca.
Começando por ordem de tamanho a Tiger 800 ela pertence categoria mid-trail que são motocicletas que geralmente oferecem suspensões de longo curso, motores potentes e aptidão para viajar por qualquer estrada com conforto. Já a grandalhona Tiger 1200 (que chamava Explorer na versão anterior) é uma big-trail daquelas para dar uma volta ao mundo parando só para abastecer. Como o próprio nome entrega, o motor e porte são maiores resultando em mais capacidade de carga e conforto.
Ao chegar é feita e identificação dos participantes com uma pulseira branca marcando os horários programados para acelerar na pista cada uma das motos. Foi o momento de espera e aproveitei para tomar um café com leite aquecendo o corpo e um pão de queijo para forrar o estômago. Na parte dos acessórios estavam em exposição as duas motos com praticamente tudo que você puder imaginar – ou seu bolso pagar. Logo depois disso tivemos um rápido briefing e finalmente fomos para a pista.
Lugar de acelerar é na pista
Logo de cara o novo painel da Tiger 800 XCx impressiona. Parece mais uma tela de celular de última geração. A primeira marcha ficou mais curta neste modelo, então, as respostas são mais imediatas ao comando do acelerador. Durante as voltas é possível trocar de modos até chegar ao mais esportivo. Com o passar do tempo fui ganhando confiança e acelerando mais e mais até a bandeira quadriculada ao final da bateria.
Como eu tinha um intervalo de uma hora entre uma moto e outra, aproveitei também para cortar o cabelo! Sim, tinha até uma barbearia montada dentro do casarão, durante todo o evento.
Só deixo uma dica importante: evite cortar muito curto o cabelo no frio a cabeça fica gelada quase que instantaneamente sabe.
Eu conhecia bem a antiga Explorer, pois fiz uma viagem de mais de 5.000km com ela então a expectativa era grande. O que mais me impressionou na Tiger 1200 XCa foi o peso – a falta dele na verdade. Parece até que a moto passou uns meses intensivos com o Alex Atala. Em uma curva mais animada cheguei até a tocar no asfalto com o raspador da bota. Outra mudança foi o câmbio quickshift. Só se usa a embreagem para sair com a moto e depois disso basta o comando do pedal para cima ou para baixo. Acredito que no futuro todas as motos de alta cilindrada vão contar com essa facilidade.
Os preços, lista de acessórios e ficha técnica completa você encontra no site da fabricante – até julho todas as 9 versões estarão nas lojas buscando uma vaga no mercado das duas rodas.
Mudanças e mercado
Atualmente o mercado das motos trails de alta cilindrada é um dos mais concorridos. Para viajar por nossas estradas – nem sempre bem conservadas – é sempre bom poder contar com motos mais altas e com suspensões preparadas para enfrentar qualquer caminho.
Nas 800 as principais concorrentes da categoria estão nas lojas BMW. São elas a F 700 GS, F 800 GS e F 800 GS Adventure. Nada mais germânico usar nomes com letras e número, não é mesmo? Porém, estes modelos devem chegar por aqui atualizados com novo painel e motores em breve. Correndo por fora na categoria também temos a Suzuki V-Strom 650, Yamaha Tracer e Honda NC 750X.
No andar de cima a concorrência é ainda mais pesada – sem trocadilhos. Temos nomes já consagrados como a Yamaha Super Ténéré 1200, Suzuki V-Strom 1000, Honda Africa Twin, Ducati Multistrada além das BMW R 1200 GS e R 1200 GS Adventure – essas duas últimas acabaram de receber um novo painel TFT nas versões 2018 veja só.
Voltando para casa
Saindo de lá ainda fui almoçar na charmosa Serra Negra – uma cidade próxima – só para aproveitar mais das curvas da região. Não é por acaso que vem tanta gente de longe passear de moto ou carro por aqui. No caminho de volta, a temperatura já havia subido para 18 graus e ainda deu para ver o sol caindo devagar na chegada em casa.
Ao final do gelado e acelerado dia valeu a pena, sim, acordar bem cedo e enfrentar o frio. Ficar em casa pode até ser mais cômodo, porém, que graça tem viver a vida assim, sem aventuras?
E você, leitor, gosta deste estilo de moto? Tem alguma preferência? Gosta de pegar a estrada também? Nos vemos nos comentários.
PS: Se tem outra coisa que eu indico é andar num autódromo. Seja de carro ou de moto é uma das melhores sensações poder acelerar sem medo em um ambiente com total segurança. Além de termos área de escape bem projetada e ambulância logo ali. Ah, e esqueça buracos, motoristas alcoolizados, faixas mal sinalizadas e – ainda bem – nada de radares também.
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