O espírito de rebeldia do rock finalmente deu sinal de vida.
Nesse último domingo (21), duas mil pessoas compareceram a um show de rock proibido, em Moscou, organizado como forma de protesto contra a construção de uma rodovia que passará por áreas florestais nas cercanias da capital russa.
O show em si não aconteceu, já que a polícia não permitiu que toda a parafernália fosse instalada. Mesmo assim, o veterano roqueiro Yuri Shevchuk. no alto de uma escada portátil. comandou um coro com suas canções mais conhecidas. Shevchuk é um artista conhecido por se opor ao regime soviético e agora se dedica a chatear a dinastia de Vladimir Putin.
De posse de um discurso manjado, Shevchuk declarou para a France Press:
“Por uma ou outra razão, as autoridades temem pessoas com guitarras. Aquele ato foi um símbolo de luta cívica contra a arbitrariedade do Estado.”
O ponto alto do protesto foi quando o cantor entoou “Rodina”, uma balada que fala sobre a natureza e o nosso planeta. Ao final da última nota se ouviu um brado corajoso “A floresta é nossa! Por uma Rússia livre de Putin”.
Link YouTube | Agora vocês conhecem uma música de rock russo.
Fazer oposição a alguma coisa na Rússia sempre foi difícil. Nos tempos de União Soviética, o Estado mantinha todo mundo quietinho por meio da sombra da KGB. Após a queda do muro e ascensão do permissivo Boris Yeltsin, parecia que o pensamento crítico seria mais tolerado. No entanto, com a eleição de Vladimir Putin a Rússia volta aos tempos dos grandes czares e tiranos socialistas.
O motivo de todo protesto é a construção de uma rodovia que ligará São Petesburgo a Moscou passando pelas florestas de Khimki. O início das obras vem sofrendo diversos prejuízos em face de protestos como esses. Em julho passado, manifestantes encapuzados atacaram a câmara municipal. Nove pessoas foram presas na ação.
A questão da floresta de Khimki é o trampolim que a população estava esperando para mostrar sua insatisfação com o governo. Devido ao alto poder repressivo, os russos buscam na questão ambiental e na música, válvulas de escape para seus dessabores políticos.
Enquanto que no Brasil, onde temos exercício pleno da nossa cidadania e a arte poderia continuar sendo um veículo de transformação social, o que o nosso rock tem cantado?
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.