Se em Novembro ainda estamos animados com feriados e novidades, é em Dezembro que sentimos que o ano começa a, de fato, terminar. Agora em janeiro, nada melhor do que olhar para o passado, afinal, é assim que se entra na nova época, no ano novo. Como o assunto aqui é carro e moto, vou contar os cinco maiores perrengues que já passei em quatro ou duas rodas.

Afinal, é assim que muitas vezes aprendemos de verdade.

Errando.

1. Lavagem suada

Meu primeiro carro comprado zero km foi um Corsa

Eu sempre fui um cara muito zeloso com meus carros. Imagina então com o primeiro, que pude comprar zero km. Era um belíssimo Corsa Hatch, uma enorme conquista na minha vida daquele momento. No começo, eu mesmo lavava, passava cera na pintura. O deixava sempre limpo e brilhante. Porém, por falta de tempo, precisei um dia mandar lavá-lo em um lava-rápido aqui da cidade. Saí de lá com o coração na mão. Nunca gostei de deixar meu queridinho nem com o manobrista. Imagine uma tarde toda longe?

Seguindo o conselho de uns amigos, resolvi tirar tudo que tinha de dentro do carro antes de levar para lavar. O que, na época, era basicamente um perfume, chicletes, moedas, óculos de sol e uma daquelas pastas com CD's (sim, pessoal, os carros tocavam CD's há pouco tempo). Eis que essa pasta ficava no porta-luvas. Tirei tudo de lá e fui para o lava-rápido.

Exatamente no meio do caminho, a avenida principal da cidade estava totalmente parada com um comando da polícia. No momento em que o trânsito ficou mais lento, abro o porta-luvas e adivinha só: não tem nada.

Nem mesmo o documento do carro. 

Suando mais que tampa de marmita, já imaginei meu carro sendo guinchado, que eu teria que buscar no pátio e passar por todos os cansativos trâmites legais. Porém, para minha imensa sorte e fazendo a cara de mais inocente do mundo, não fui parado e pude deixar o carro para lavar. Foram poucos segundos, mas que duraram uma eternidade. Foi só chegando em casa que achei no meio da pasta o bendito documento.

Lição aprendida: sempre verifique se está com os documentos do carro e a carteira de motorista antes de sair de casa. Uma boa dica é deixar junto com o celular, pois esse é certeza que ninguém esquece.

2. O primeiro tombo de moto

A guerreira Dafra Citycom

Já diz o ditado que a primeira vez a gente nunca esquece. O meu primeiro tombo de moto foi bem lembrado por muito tempo. Na época, eu estava testando uma moto para um portal de notícias. Uma das coisas mais legais era fazer uma viagem teste, podendo assim conhecer melhor a motocicleta além de fazer belas imagens.

Meu roteiro incluía sair de São Paulo com destino a Socorro. Uma estrada bem conhecida por ser bonita e cheia de curvas. Pilotando uma Scooter Dafra Citycom, eu estava em um momento passeio, andando bem devagar e sem pressa para chegar. Eis que no meio de uma curva, antes mesmo de dizer "ai", lá estava eu rolando no asfalto e vendo a moto rodando feito o peão da casa própria. Para minha sorte, fui parar junto com a moto para o acostamento da pista ao lado. Sabendo que ali estava seguro, fiz o procedimento mais indicado, que é ficar parado e aos poucos começar a movimentar os membros. Isso ajuda a não agravar alguma lesão ou fratura.

Antes mesmo de começar a me movimentar, um carro no sentido contrário já havia parado e o pai perguntou ao filho: "Será que ele morreu?".

Levantei sem entender muito bem o que tinha acontecido para só então ver uma mancha de óleo quase transparente na pista, que acabou por me derrubar. Como estava bem equipado, não tive qualquer um machucado. Estragou apenas parte da luva e um ralado doloroso no capacete novo. A moto, apesar dos ralados, ainda me levou para o destino sem problemas. E, só para fechar com chave de ouro, é claro que peguei chuva deste ponto até o final do trajeto.

Lição aprendida: sempre fique muito atento e redobre a atenção em lugares desconhecidos. Segundo especialistas que consultei, o cheiro de óleo poderia ter me salvado da queda. Então, mantenha todos os seus sentidos sempre ligados.

3. A irmã presa no Gol

Naquela época a maioria dos carros eram duas portas

A minha mãe teve, por muitos anos, um Gol de duas portas da geração chamada de "bolinha" e, nele, fizemos vários passeios. Nesta época, a minha irmã tinha pouco mais de dois anos e andava no banco de trás de cadeirinha. Eis que, chegando em casa, descemos do carro, minha mãe e eu – detalhe: ela deixou a chave no contato. Eu desci pelo passageiro e tranquei o meu lado, o que neste carro fazia ambas as portas trancarem e, tranquilamente, fechei a porta. É claro, sem saber que a chave estava no contato. Logo, minha mãe vem tentar abrir a minha porta e nada. Do lado nela, nada também, e a chave lá, balançando no contato.

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Resumindo: trancamos o carro com a chave e a minha pequena irmã dentro.

Não precisou de cinco minutos para que os vizinhos percebessem a situação cômica/desesperadora e tentassem ajudar de alguma forma. Logo, a rua toda estava sabendo do acontecido. Apareceu até mesmo um cara de moto, dizendo que a chave do Gol dele abria todo Gol. Mas não quisemos conferir a miraculosa chave.

Depois de muito tempo fazendo gestos e "conversando" com minha pequena irmã, ela conseguiu entender que era para esticar o braço e puxar aquele pequeno pino e literalmente se salvou. O alívio foi geral. Porém, para ela, tudo parecia uma enorme brincadeira que a rua toda participou.

Lição aprendida: nunca tranque as portas do carro antes que todos os passageiros tenham descido do veículo. E também desconfie de chaves que abrem todas as portas.

4. A multa que ficou barata

A pequena porém notável Crypton

Essa história também é do período que eu testava motos, porém, para uma revista especializada. Depois de uma longa semana de trabalho, tudo o que eu mais queria era só chegar em casa. Mas imagine São Paulo, em uma noite de sexta-feira, com muito trânsito e chuva. Das motos de teste disponíveis, a Yamaha Crypton parecia a escolha ideal para aquele cenário. Logo ao ligar a moto, percebi a luz da reserva acesa. Porém, na minha pressa, achei que daria para chegar em casa e abastecer só no sábado.

Quase chegando, resolvi "cortar" caminho fazendo uma conversão proibida, já que o trânsito estava parado mesmo e eu queria chegar logo. Quando comecei a conversão, já escutei o "Uooounnnn" da sirene da polícia que eu até então não tinha visto. Enconstei a moto e levei a merecida bronca.

O policial me perguntou: "de quem é essa moto?". Eu respondi a mais inocente resposta da minha vida: "é da Yamaha". Para minha enorme sorte, o policial entendeu assim que viu o documento em nome da fabricante e tudo correu bem. Assinei a merecida multa e ele seguiu seu trajeto. No momento de ligar a moto para ir embora, a gasolina tinha acabado. O que já mereceria uma segunda multa e bronca. O jeito foi empurrar, de baixo de muita chuva, a moto até o posto de combustível mais próximo. Lá, todo ensopado, jantei um pão de queijo, abasteci dez reais e finalmente pude chegar em casa.

Lição aprendida: a pressa é inimiga da perfeição e, por favor, respeite as leis de trânsito.

5. A viagem de Kombi para a praia

Uma das poucas fotos da Kombi alugada usada na viagem

Anos depois de todos os perrengues acima, voltei a morar no interior de São Paulo. E em um final de ano, um grande amigo meu teve a ideia de alugar uma casa na praia para passarmos o Réveillon. Sim, era uma casa grande para oito pessoas. Iríamos ficaram em vinte, mas isso é mero detalhe. A cereja do bolo seria a viagem. Seriam dois carros, uma moto e uma Kombi.

Além de economizar na hospedagem, iríamos alugar uma Kombi e dividir os custo em 9 pessoas. Nada como uma boa economia, não é mesmo?

Uma viagem normal de carro, da minha cidade até o litoral, leva de três a quatro horas, passando por São Paulo. Porém, era Réveillon e lógico que iríamos sair no pior dia possível e voltar no dia dois, com todo o resto do estado. Ao final, foram quinze horas de ida e infinitas vinte horas para voltar. Em certos momentos, a Kombosa mais parecia uma sauna ambulante, parada ali no sol e no trânsito. Fora os dias de chuva – é claro que iria chover na praia – em que os vidros embaçam e a gritaria era geral tentando limpar os vidros para o motorista.

Lição aprendida: não deixe para viver amanhã as aventuras que pode viver hoje. Aos vinte e poucos anos, ir de Kombi para a praia pode ser uma aventura. Aos trinta, será um martírio.

Nem tudo foram flores e nem toda vida real parece um Instagram de famoso. Mas só não passa por dificuldades quem não sai, não tenta, não se arrisca. Cada perrengue desse foi um aprendizado que tive para aprender e não sair por aí errando novamente. Mas o maior aprendizado é poder, hoje, olhar pra trás e rir com vocês desses rolos que passei.

Em 2018, em especial, tive duas grandes alegrias e conquistas pessoais: fiquei noivo e comecei a escrever aqui para o PapodeHomem.

E aí do outro lado leitor?

Aposto que tem várias histórias para contar também! Nos vemos nos comentários e até a próxima!

Lucas Rizzollo

Jornalista especializado em carros e motos. Nascido com gasolina nas veias e fanático pelo o assunto desde sempre. Quando não está lendo ou escrevendo joga Poker e também Futebol Americano. Você pode seguir no <a>Instagram</a>."