Para alguns, o Carnaval é sinônimo de samba, festa e bebedeira. Para outros, tempo de meditação e retiro espiritual. Mas, pasmem, tem gente que gosta de ler. Vê se pode?
É justamente para esses malucos que selecionei 7 livros para os 7 dias da semana de Carnaval. Então, caríssimos leitores, procurem um lugar confortável, porque nessa semana, as letras penetrarão em suas mentes.
Sábado: Estrela solitária (Ruy Castro)
Eu não era nascido quando ele jogou, mas acredito que, a partir dele, o futebol ficou mais alegre. Tenho certeza de que várias letras da expressão “futebol arte” foram compostas com os dribles daquele que, para muitos, é o maior de todos os tempos: Garrincha.
Recomendo sua biografia para início das festividades, porque ele conseguiu transmitir a magia do Carnaval para os estádios lotados que iam prestigiá-lo. Ele fez o mundo inteiro rir com suas jogadas desconcertantes. Mas, com seu alcoolismo, também fez chorar.
Domingo: Os sonhos de Einstein (Allan Lightman)
Com 26 anos e vivendo em Berna, Suíça, o futuro físico revolucionário ainda era um reles funcionário do Escritório Suiço de Patentes.
Entretanto, ele começa a ter sonhos estranhos, que o fazem pensar em teorias do espaço e do tempo, da vida e da morte. O autor do livro, Allan Lightman, mostra ao leitor, com sua prosa poética, trinta sonhos do jovem que, um dia, se tornaria o grande gênio da modernidade.
Segunda: Um contrato com Deus – e outras histórias de cortiço (Will Eisner)
No meio de tantos livros, achei que deveria haver espaço para um álbum de quadrinhos e, para não ter risco, escolhi logo um autor que é unanimidade entre os degustadores da nona arte: Will Eisner.
Criador da expressão graphic novel, lançou em 1978 este que vos apresento, cujo enredo se passa num cortiço do Bronx (Nova York) dos anos 1930. Ao todo são quatro histórias que retratam o cotidiano de pessoas comuns vivendo suas vidas dentro de uma normalidade que, na maioria das vezes, não reflete o que as situações individuais realmente escondem.
Terça: O sol também se levanta (Ernest Hemingway)
Quando estive em Cuba, descobri que esse grande escritor norte-americano gostava mesmo era de festa.
Em O sol também se levanta ele narra as bebedeiras de Jake Barnes e seus amigos em cafés de Paris após a Primeira Guerra Mundial, durante os festejos de São Firmino. Por meio das farras dos personagens, o ganhador do Prêmio Nobel de 1954 mostra como a guerra não destrói apenas prédios ou mata pessoas, destrói também valores morais de uma sociedade.
Quarta: O amor nos tempos de cólera (Gabriel García Márquez)
Sem dúvida, um clássico.
Conta a história de um amor que começa quando dois personagens ainda são novos, mas que se prolonga por suas vidas inteiras.
Ok. Eu sei que, falando desse jeito, o livro parece um romance qualquer. Mas, não é. Topam confiar num dos maiores escritores que já existiram? Se estiverem dispostos, descobrirão o estilo único de contar uma impressionante narrativa.
Quinta: De repente nas profundezas do bosque (Amos Óz)
Uma leitura leve para aliviar a semana de intensas emoções.
Nesse livro, você conhecerá duas crianças que vivem em uma pequena aldeia onde não existe nenhum animal sequer e onde todos são proibidos de entrar no bosque em que um demônio habita. Como o próprio autor define, essa “fábula para todas as idades” faz com que o leitor entenda como o poder do conhecimento consegue destruir um mundo recheado de discriminação e opressão.
Sexta: Carnavais, malandros e heróis (Roberto DaMatta)
A semana de Carnaval terminando e a normalidade começa a dar as caras num fim de semana reflexivo.
Pra isso, nada melhor do que uma análise antropológica dos mecanismos da sociedade brasileira, sustentados a partir da interpretação da festa mais popular do Brasil.
Com essa leitura, no próximo Carnaval, você poderá paquerar pagando de cult politizado.
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