Jamie Oliver é um chef de cozinha inglês que ficou conhecido pra cacete com sues programas de culinária. O cara tem receitas deliciosas e um jeitão despojado de enfiar a mão na comida e fazer tudo sem complicação.
Depois disso, conhecemos o cozinheiro também por seus projetos por uma melhor alimentação. Ele entrou de cabeça em uma campanha para melhorar a alimentação de crianças nas escolas, com intuito de substituir as porcarias industriais ricas em sódio e açúcar por produtos mais naturais, mas ainda interessantes.
Disso, surgiu o Food Revolution Day, data criada por ele justamente para incentivar uma alimentação mais saudável. Para se ter ideia de até onde ele chegou, o chef britânico mostrou em seu programa que o MacDonalds usava hidróxido de amônio para converter sobras de carne gordurosa em recheio:
“Basicamente, estamos falando de comida que seria vendida por um preço muito baixo para produzir comida para cães, e que, depois desse processo, é vendida como alimento para humanos.”
Depois da denúncia, a rede de fast-food mudou a receita de seus hambúrgueres.
E aí ele me vem pro Brasil e é abordado pela repórter do GNT — canal a cabo que transmite seus programas — que maldosamente lhe apresenta algumas guloseimas da culinária brasileira, contendo apenas itens com exagero de acúcar: caldo-de-cana, açaí, quindim e brigadeiro. Ao provar tudo, ele separou o que era doce demais, mas natural — o açaí e o suco da cana — e reprovou os outros dois, dizendo serem horríveis.
Digo que o ato foi maldoso porque é de conhecimento que o cara luta contra sobrepeso e obesidade infantil. De toda a infinidade de alimentos que temos aqui em nossa terra e que poderiam ser mostrados, apenas bombas calóricas, para o bem ou para o mal, foram mostradas. A ideia era pegar o inglês de calças curtas.
Deu certo.
A negativa do chef para um doce inventado no Brasil e quase exclusivo nosso foi prato cheio para causar revolta nos patrióticos.
Claro que dá pra acreditar. O que não falta é gente que não gosta de comer brigadeiro por ser muito doce. Ademais, eu gosto de brigadeiro e não me importa a validação do Jamie Oliver.
Há o problema em propositalmente provocar o lado belicoso das pessoas com picuinha da menor importância e existe um montante bem grande de pessoas que caem na provocação e se engajam contra.
E, aqui, a ideia não é nem defender a afirmação da estrela da culinária, mas esse comunicação provocativa e a postura arrufadiça de quem confunde brigadeiro com pátria com casa com lar com apontamento contra seu caráter.
É tudo uma questão de postura, de quem comunica e de quem recebe a fala e absorve o que realmente vale o tempo.
E brigar por docinho de festa não vale esse tempo.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.