O entretenimento de modo geral (sejam filmes, músicas, esportes etc.), nos proporciona grandes momentos que ficarão eternizados em nossas memórias. Sejam eles bons ou ruins.
Eu por exemplo tenho uma péssima lembrança da Copa do Mundo de 1990, realizada na Itália, quando a seleção brasileira perdeu para os argentinos nas oitavas de final. Neste dia eu tinha ganhado uma bicicleta e o clima na vizinhança era só alegria! Vários amigos e vizinhos assistindo ao jogo na minha casa enquanto outros ajudavam na montagem da bicicleta.
Quando o jogo acabou, a alegria foi para bem longe e o culpado segundo eles pela derrota da seleção – foi minha!
Mas claro que tem os bons momentos, como por exemplo a primeira vez que assisti ao clássico filme dos anos 80 Curtindo a Vida Adoidado. Uma semana depois matei minha primeira aula sem nenhum arrependimento. E foi um baita dia!
Com o videogame não seria diferente e, por isso, compartilho com vocês alguns desses momentos fantásticos que jamais sairão da minha memória e do meu coração. Bora lá?
Aviso! Este texto contém spoilers de enredo de games clássicos.
Vice: Project Doom
Ano: 1991
Plataforma: NES
Momento: Morte de Christy
Um dos grandes clássicos do NES. Jogo de plataforma (com algumas alterações na jogabilidade em alguns estágios, como as fases de tiro em primeira pessoa com progressão lateral) nos mesmos moldes do também ótimo Ninja Gaiden.
Até as famosas cutscenes entre uma fase e outra estão presentes com a mesma qualidade. O enredo pode até parecer clichê no começo, mas na metade do game contamos com uma revelação bem surpreendente. Um dos chefes é, na verdade, um membro da sua equipe, a oficial Christy e grande amor do protagonista do game Quinn Hart.
Minha primeira tradução do inglês para o português a pedido da professora com dicionário (nada de Google na época rapaz) foi deste jogo e quando eu entendi o que acontecia após derrotarmos este chefe, fiquei em choque! Me marcou bastante pois, até então, nunca tinha dito uma experiência tão dramática com os games (ainda mais quando se tem 11 anos em 1991).
Jogão dos bons para o bom e velho Nintendinho.
Soul Edge
Ano: 1996, 1997
Plataforma: Arcade, PS1
Momento: Introdução CGI PS1
Assim com a série Samurai Shodown, da SNK, em Soul Edge os lutadores também usam armas brancas no combate. Porém, aqui, a mecânica ganha mais profundidade, já que o jogo é em 3D.
A versão arcade teve uma boa recepção, mas nada que tirasse o brilho de Tekken (também produzido pela Nanco Bandai). O sucesso de fato aconteceu mesmo com a versão PS1. Foi a primeira vez que tinha visto uma apresentação em CGI no console da Sony.
E que apresentação não é mesmo?
Mesmo gastando para jogar (já que o meu PS1 só adquiri em 1998) nos primeiros dias após o lançamento, pagava meia hora nas locadoras só para ver esta apresentação. Cheguei a gravar a música da introdução com um gravador. Facilmente não é só um dos melhores games do primeiro console da Sony, como também é o jogo que possui a melhor introdução de todos os tempos.
Teenage Mutant Ninja Turtles – Arcade Game
Ano: 1989
Plataforma: Arcade
Momento: Minha entrada no mundo dos games (e dos butecos)
Este jogo tem um lugar especial no meu coração. Por culpa da minha mãe, minha paixão por games começou aqui.
Quem é da época sabe que existiam alguns lugares nada convidativos para uma jogatina nos fliperamas (como a gente chamava o arcade na época). Porém, vontade de entrar para jogar não faltava. Um dia estava em casa quando um amigo me chamou para ir na padaria, dizendo que tinha chegado o tal jogo. Minha resposta foi um "não", morrendo de medo, mas com uma vontade imensa de ir jogar. Minha mãe ouviu a conversa e questionou qual era a padaria. Quando ele disse que era a do bairro, minha mãe falou que não tinha problema e deus alguns trocados para jogarmos.
Aquela introdução com trechos da abertura da série animada dos anos 1980 me deixou louco. Tão louco que demorei quase 1 minuto para colocar a ficha na máquina e me divertir. Engraçado que eu já tinha jogado videogame antes em 1986 com o Atari 2600 do meu irmão, mas não era tão fissurado.
Foi somente alguns anos depois com este arcade que definitivamente entrei para o mundo dos games. Valeu mãe!
God of War
Ano: 2005
Plataforma: PS2
Momento: Combate contra a Hydra
Confesso: God of War não me chamou atenção à primeira vista.
Aquele começo de jogo lá no barco mostrando a jogabilidade com influencias em Devil May Cry e Prince of Persia não era nada interessante. Isso até chegar na primeira parte da Hydra. Fiquei tão impressionado com aquela parte (isso porque nem sabia o que ainda estava por vim) que resetei a partida várias vezes só para poder jogar aquele trecho novamente.
Depois de uns quarenta minutos, resolvi continuar com aquela selvageria brutal do Kratos. Eis que enfrento a verdadeira Hydra em sua forma final com as três cabeças. Resultado: no primeiro dia de jogo, só fiquei iniciando a partida para jogar novamente este combate épico. A melhor introdução de um jogo por meio do gameplay que tive oportunidade de jogar.
Pensar que isto já foi há 12 anos…
The Legend of Zelda: Ocarina of Time
Ano: 1998
Plataforma: Nintendo 64
Momento: Link adulto
Link YouTube | versão Unreal Engine 4
Até suspiro para falar deste jogo. Um dos melhores jogos de todos os tempos, segundo jogadores e crítica.
Mas, para quem conhece a série desde a primeira versão lançada no NES, com certeza ficou de cabelo em pé com um dos grandes momentos da história dos videogames – ver o Link adulto. Tudo bem que é revelado mais adiante que na verdade Link não é um Kokiri, mas sim um Hylian (daí o motivo do crescimento), porém mesmo após esta descoberta, a imagem do Link erguendo a espada para se transformar é inesquecível e emocionante.
Mortal Kombat
Ano: 1992
Plataforma: Arcade
Momento: Ver o estágio The Pit
Após o “bastismo” em Teenage Mutant Ninja Turtles – Arcade Game, poderia ser a espelunca que fosse, mas se tinha um arcade eu estava no caixa comprando algumas fichas.
E foi em uma dessas que me deparei com o primeiro Mortal Kombat. Não, não vi um fatality na primeira vez que vi o jogo. Mesmo achando surreal e divertido aquela quantidade de sangue que saia dos golpes, o melhor ainda estava para acontecer.
Não vi fatality, mas vi o The Pit na primeira vez que bati os olhos neste arcade. Confesso que, mesmo achando legal, aquelas cabeças e corpos pendurados me deixaram um pouco abalado (tinha 12 anos), mas nada que durasse até a minha vez de jogar. Foi aí que eu vi, ou melhor levei um fatality do Scorpion. Não tem como esquecer um momento tão mágico como este não é mesmo?
Phantasy Star
Ano: 1987
Plataforma: Master System
Momento: Primeiro título em português
O Master System tem um lugar mais do que especial no meu coração. E este apego todo não é à toa, já que este foi o primeiro e único console que ganhei do meu pai.
O Atari 2600 era do meu irmão e os outros consoles posteriores comprei trabalhando. Tenho lembranças de vários títulos, mas Phantasy Star jamais será esquecido, afinal, foi o primeiro RPG que fechei e ainda em português.
A Tectoy fez um ótimo trabalho na época com a localização do game, ajudando muito não só quem não dominava o inglês, mas também aos jogadores que não tinham domínio neste gênero. Não tem como não lembrar da TV colorida de 14 polegadas da minha sala ajudando Alis e seus companheiros derrotar Lassic no bom e velho idioma local.
Shadow of the Colossus
Ano: 2005
Plataforma: PS2
Momento: O primeiro Colossus
É muito comum, no cinema ou na música, ficarmos extasiados e sermos transportados para o tema proposto em ambas manifestações artísticas.
Mesmo jogando há um bom tempo, nenhum jogo tinha causado uma imersão tão grande até jogar este título que será lembrado por gerações (ainda mais com um remake vindo para o PS4, ótima oportunidade para quem não jogou). Chega a ser espantosa a sensação de solidão, vazio e inexistência ao jogar este título.
Mesmo sabendo do objetivo do game, custa acreditar que exista vida além de você (Wander) e seu cavalo Agro. Mas tudo isto muda completamente até enfrentar o primeiro Colossu. Estado de choque é a melhor definição para explicar o que senti quando me deparei com tal criatura. E assim como God of War, resetei a partida algumas vezes para vivenciar tudo aquilo novamente.
Sonic 2
Ano: 1992
Plataforma: Mega Drive
Momento: Super Sonic
Até gostei do primeiro jogo, mas apenas gostei.
Não fiquei tão impressionado (ok, a Green Hill Zone impressiona até hoje), mas os outros estágios, sei lá… Não tinha um level design tão inspirador quanto o da primeira fase. Mas, em Sonic 2, isto mudou e para melhor. Muito melhor.
Mas o grande momento sem dúvida foi a descoberta do Super Sonic. Como joguei o game antes da dica do debug mode e seleção de fases, peguei todas as esmeraldas na unha como no primeiro game, mas nunca poderia imaginar o que iria acontecer depois de tal conquista. Peguei novamente 50 argolas, pulei e lá estava o Sonic dourado – o Super Sonic. Só a partir daí fui atrás de revistas para saber que doideira era aquela. Assunto era o que não faltava nos intervalos da escola.
Street Fighter II
Ano: 1991
Plataforma: Arcade
Momento: Finalização do primeiro arcade
Só o fato de ter jogado este game na época do seu lançamento, em 1991, no arcade, já é um grande momento da história do videogame por si só. Para muitos, um dos grandes momentos deste clássico da cultura pop foi aplicar o primeiro Hadouken, ou um Shoryuken.
No meu caso isto demorou um pouco, já que só aprendi este tipo de comando na versão do SNES. Mesmo com outros arcades, com final como Final Fight, Turtles Arcade Game e Double Dragon, só fui terminar eles em suas versões caseiras.
Muitos colegas do bairro já terminavam o clássico com apenas uma ficha. Minha ficha durava até o Balrog com E. Honda ou Blanka, únicos personagens que conseguia aplicar golpes especiais, pois os comandos eram mais simples do que a tradicional meia lua + soco de Ryu ou Ken. Como fiquei nessa por muito tempo, um colega me sugeriu experimentar a lutadora mais forte do mundo (é a própria quem diz isso na sua tela de vitória). E com a chinesa Chun-Li, finalizei pela primeira vez não só Street Fighter II, mas um arcade até aquele momento.
Ver aquele “Game Over” nunca foi tão compensador.
Outros grandes momentos honrosos:
Streets of Rage II: Batalha contra Shiva junto com uma trilha sonora sensacional;
Final Fantasy VI: Final do trem fantasma;
Resident Evil: O susto com os cachorros;
Inside: O jogo todo é um grande momento da história do videogame.
Se eu fosse falar de vários momentos do videogame, eu só ia terminar este texto sabe-se lá quando. Não foi fácil chegar nesses jogos, mas são estes momentos que me veem a mente quando eu fecho meus olhos e penso no quão grandioso é este entretenimento que vai muito além da diversão.
Quais são os grandes momentos do videogame para você? Quero saber nos comentários. Temos muito que conversar.
Puxe uma cadeira e comente, a casa é sua. Cultivamos diálogos não-violentos, significativos e bem humorados há mais de dez anos. Para saber como fazemos, leianossa política de comentários.