Até hoje ouvi pouquíssimas pessoas dizendo que gostavam de água tônica. Algumas acreditam que faz bem para curar a ressaca, então ela acaba sendo associada a esse momento triste que só vive quem não sabe beber de forma consciente e contemplativa. O fato é que ela já salvou muitas vidas durante a ocupação inglesa na Índia do século XVIII.
Seu gosto é bem forte devido a alta quantidade de quinino, um alcalóide com propriedades analgésicas, antitérmicas e grande combatente da malária, doença que afeta em larga escala países de clima tropical, como o Brasil e a Índia. É também bastante amargamas era extremamente necessária para aquele bando de ingleses a milhares de quiilometros da rainha. Pela primeira vez pisando em um país com verão insuportavelmente quente e úmido, ambiente perfeito para os mosquitos que transmitem a doença se proliferarem.
A origem do G&T
Naquela época a água tônica de quinino era muito mais amarga do que hoje, pois como seu uso era preventivo de doenças que poderiam se alastrar de forma assustadoramente rápida, tinha uma concentração muito maior do alcalóide. Para disfarçar o sabor e torná-la mais palatável, algum médico inglês, que não era bobo, percebeu que suas notas amargas se complementavam com as herbais do gin, sobretudo pela característica aromática do zimbro que “disfarçava” o cheiro forte do quinino.
Assim estava criada uma boa desculpa para consumir mais e mais gin: cuidar da saúde.
Como os maiores apreciadores da bebida no mundo, nossos amigos bretões perpetuaram o hábito trazendo-o de volta para o Reino Unido e difundindo-o por seus bares. Quando a água tônica tomou ares de soft drink e caiu nas graças do mundo todo, bastou o gin acompanhá-la para que em todos os balcões do mundo tivesse alguém querendo experimentar esse santo remédio chamado carinhosamente de “G&T”(Gin and Tonic).
Como o Tanqueray é um dos London Dry mais tradicionais, criou-se um nome especialmente para referenciá-lo como “T&T” (Tanqueray and Tonic).
Receita do Dr Drinks para um Gin-Tônica perfeito
Existem tantas lendas sobre a preparação ideal deste drink quanto as do Dry Martini, e como disse o mixologista inglês Jamie Walker, embaixador mundial do gin Bombay Sapphire:
“Fazer um Gin & Tonic é tão simples quanto a um Martini. E por isso mesmo é tão fácil de errar.”
Falam-se em inúmeras proporções, acho que esta é uma maldição do gin, pois sempre que ele está envolvido há controvérsia. Mas existem três que são as mais difundidas: 1:1, 1:2,2:3.
Obviamente se o nome do drink é Gin-Tônica o primeiro número refere-se ao gin e o segundo à tônica.
Você vai precisar de:
– Copo Highball | se não tiver em casa, use nosso guia prático para improvisar.
– Gin (London Dry preferencialmente, pois quanto melhor for o gin, melhor será o drink)
– Água Tônica
– Limão
– Gelo
Passo-a-passo:
1) Ponha vários cubos de gelo no copo
2) Sirva o gin na proporção escolhida (A minha é sempre 2:3)
3) Acrescente uma rodela generosa de limão
4) Por cima do limão, despeje a água tônica
5) Sinta-se feliz, relaxado e prevenido contra malária.
Ao sentirem o aroma desse drink certamente irão descobrir um novo mundo. Ao beberem terão essa certeza, pois a combinação dos dois ingredientes é tão perfeita que realmente é difícil acreditar que trata-se simplesmente de um destilado e uma bebida gasosa. Esse é um dos poucos drinks que pode-se pedir em praticamente qualquer lugar sem medo de desapontamento. Uma curiosidade: água tônica tem um altíssimo teor de vitamina C, se você acender uma luz negra sobre seu Gin Tônica ele brilhará no escuro.
A primeira Oficina do Dr. Drinks está chegando…
Nós do PdH juntamente com a Mundo Mundano vamos realizar oficinas literárias inspiradas nos sabores de bebidas e receitas de drinks. Tudo a ver com o que fazemos por aqui né. Nesses encontros usaremos os sentidos para estimularem a criatividade literária dos participantes e também a criatividade inspirando os sentidos. A primeira oficina acontecerá no dia 21/05 e quem abrirá o ciclo não poderia ser ninguém melhor que a nossa cachaça.
Por isso queria pedir a ajuda de vocês na criação dos sabores que irão inspirar e regar a oficina. De uma forma muito simples: deixem aqui nos comentários referências culturais, históricas, literárias ou qualquer outra que vocês gostariam de ver traduzidas em drinks. Me comprometo em fazê-los aqui na coluna depois e adoraria ter sua participação na oficina também.
Bebam com responsabilidade e não dirijam se forem beber.
Um beijo e até semana que vem.
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