Poder-se-ia dizer que todo ser humano curte uma pornografia, mas não vou generalizar porque, como os comentaristas de blog dizem, generalizações são idiotas. Eu poderia dizer que ao menos todos os homens curtem um vídeos e filmes pornôs, mas conheci bem uns 3 ou 4 na minha vida que não gostavam. Nunca entendi o porquê.
Arriscando um radicalismo desnecessário, diria até mesmo que é anti-natural uma garota dizer que não se excita vendo pornôs.
Talvez ela não se excite vendo este ou aquele pornô específico; por existir uma vasta gama de taras registradas em vídeos, pode acontecer de ela assistir meia dúzia de estilos que não se encaixem em suas fantasias. Em vez de se excitar, ela sente nojo, repulsa. Amiguinha, isso é normal. Anormal é você não sentir nem um pouquinho de tesão em nenhum filme pornô. Explico-lhes.
A masturbação dos neurônios espelhos
“O neurônio imita [espelha] o comportamento de outro animal como se estivesse ele próprio a realizar essa ação.” (Wikipedia)
Cês já ouviram falar em neurônios-espelhos? Eles são, basicamente, o que te torna um humano com comportamentos normais e comuns a (quase) todos humanos que nos cercam. No meio educacional tem um ditado em inglês que nos é bem popular: “Children see, children do”.
Isso resume a forma como você se tornou um adulto de comportamento social normal. Vendo as pessoas rindo, dançando, confraternizando, se comunicando, enfim, sendo gente, foi que seu eu-de-muitos-anos-atrás aprendeu a ser gente. Neurônios-espelhos são a razão de você não ser autista, a razão de você mostrar a língua ou rir para um recém-nascido e ele te mostrar a língua ou rir de volta, a razão de você se sentir machão após assistir Rambo IV. Esses neurônios-espelho nascem em você, vão morrer com você…
E vão se masturbar com você, por supuesto.
Se você é uma moça que ri em filmes de comédia, se emociona em dramas, chorou no episódio de Pokémon quando o Ash tem que soltar a Butterfree, significa que seus neurônios-espelhos estão em pleno funcionamento. Ao ver um pornô, automaticamente e biologicamente seus neurônios-espelhos te põem naquela situação (ui, delícia). E daí a naturalidade óbvia de se excitar assistindo a um pornô, apesar de que, dependendo da criação e crenças da moça, ela pode negar ou reprimir isso.
Cine Privê, o começo.
Como muitos dos apreciadores do gênero, fui iniciada nos filmes de sexo pela Julia Roberts do softcore, a Emanuelle na versão da Krista Allen. É, esses mesmos do “Cine Privê” (antes “Sexta Sexy”) da Band que você também via, nem tenta mentir que eu sei que você assistiu. Devo ter visto, no mínimo, uns 6 ou 7 da série. Emanuelle na África, no foguete, na banheira, com perfume, com mulher, com negão… Bom, se você tem mais de 20 anos, sabe do que tô falando. Duvido muito que a Emanuelle não tenha povoado algumas das suas madrugadas de sábado, lá pras bandas da década de 90.
Foda aquela época sem Internet rápida o bastante pra se assistir vídeos, hein? Jogai vossas mãos aos céus e agradecei à banda larga e aos sites X-rated, irmãos!
Concordamos que Emanuelle é softcore (alguns chamam de “erótico”), e softcore não é pornografia, mas acho que se eu fosse introduzida nesse mundo diretamente com um vídeo do trem naquilo e daquilo no trem, teria ficado traumatizada, ao invés de… hum… apreciar. Até hoje não sou muito chegada em vídeos extremamente crus e com takes ginecológicos fechados do vuco-vuco e só isso, um monte de fluidos pra lá e pra cá. Eu sou mulherzinha, gosto das coisas mais delicadas, limpinhas e decentes.
Qual estilo de pornô é mais apreciado pelas mulheres?
Vídeos pornôs são muito bem aceitos entre os homens, cada um com as suas preferências e taras específicas.
Já vi sexo de frente pra uma plateia, sexo no penhasco; já vi duas garotas, um copo e um montão de cocô (uma das coisas mais nojentas que já vi na vida), já vi hiperorgasmo e um montão de xixi, já vi um vídeo japonês de uns dois homens de terno espancando com um peixe cru uma mulher nua e atada (perturbador), um outro vídeo japonês que a vagina da menina tinha dentes e arrancava fora o pinto do cara (ai!), orgias, podolatria, inter-racial, fistings, swings, dildos, gangbangs, threesomes, shibaris, bukkakes, hentais, MILFs, POVs, DPs, BDSM, ATMs…
E sempre me mantive bem longe de pedofilias e bestialismo, porque boto fé que essas coisas devem remeter a algum tipo de doença. Doenças à parte, o leque de variedades de vídeos pornôs disponíveis é inacreditável e extenso. E, mesmo assim, tem mulher que diz não curtir nenhum tipo.
É complicadíssimo encontrar um exemplar fêmeo que admita gostar de assistir pornografia. A maioria diz que acha nojento, sem-graça ou não fica com tesão. Eu mesma não gosto, juro! Só assisto pelo… teor científico da coisa.
Acredito que o estilo pornô que as mulheres apreciam mais é diferente do tipo que os caras gostam. Por exemplo, eu tenho pavor de vídeo de gang-bang, jamais acreditarei que a mulher está tendo prazer de verdade. Também não curto vídeo que é muito encenado.
Apesar de adorar Brianna Banks, Sylvia Saint, Jenna Jameson e suas trupe de loiras plastificadas e garanhões sarados, dificilmente uma megaprodução pornô com estrelas desse calibre me deixa ligada. Nota dez pro ambiente, iluminação e atuação dos caras, mas no quesito de sex appeal, a meu ver, o tesão mesmo é quase nulo por se distanciar demais da realidade que me apetece. Sou morena sem silicone e curto cara feio, c’est ma vie.
Sem contar que a encenação, por mais convincente que seja, sempre é um fingimento. Ver alguém fingindo gostar do trem não me liga, definitivamente.
Esse é o principal motivo pelo qual prefiro vídeos amadores a filmes de estúdio: nos amadores, o prazer de ambas as partes parece mais real, mais natural e espontâneo. Claro que uma peituda profissional de estúdio se arfando toda também é interessante, mas prefiro assistir a coisa mais genuína.
Voltando ao gangbang (trauma? imagina), raramente vejo um vídeo disso onde há genuinidade; sempre achei que a cara de prazer da atriz era até convincente, mas dava pra sentir ali uma pontinha de cara de nojo. Ou talvez sejam meus neurônios-reflexos com nojo por se sentirem naquela situação, vai saber se tem moça que curte mesmo um monte de sêmen na cara, né?
Já que o título é sobre garotas e filmes pornôs, eu sei que a essa altura você deve estar maquinando o filme certo pra alugar e tentar convencer a patroa a ver contigo, né? Vai a dica: nada de vídeos muito degradantes. Já pensou? Cê convence a mina a assistir um pornô contigo e bota a mina pra assistir uma DP bruta com direito a anal triplo e um monte de porra em cima da mulher. Nada contra, tem quem goste. Mas, de primeira, tem que ser uma coisa mais careta, pra não arriscar demais.
Velvet Ecstasy: pornô feito com casais reais
Por mais mente aberta que seja, nem eu sou lá muito… exótica com relação à seleção do que assisto, prefiro vídeos com as ações mais tradicionais. De uma maneira geral, takes que sejam menos centrados na parte ginecológica da coisa, mas que pegue o quadro todo das ações são menos agressivos.
Esses dias me apresentaram um site muito maneiro, o Velvet Ecstasy. Como apreciadora dos amadores, esse estúdio soou como música aos meus ouvidos e manjar para o meu paladar. O Velvet Ecstasy faz produções de qualidade profissional com casais de verdade que realmente querem fazer sexo diante da câmera e se divertir. Não são loiras plastificadas que recebem milhões pra dar pra cinco caras diferentes durante as gravações do dia. Pena que a assinatura custe 20 doletas por mês, mas fica a dica pra vocês me darem um presente bem legal, tá leitores? Façam um punheteira boa moça feliz.
Como eu sou gente boa, vou bem disfarçadamente deixar um link pra um vídeo do VE escondidinho por aí, pra você ver quando sua patroa sair da sala. Esse é o típico vídeo bom pra apresentar a uma mulher que não curte pornô: o rapaz contando as peripécias dele e da namorada antes de começar o rala-e-rola dá um clima todo amigável e descontraído para o sexo em si. É um casal bonito na medida do normal que se apresenta, apesar de que achei a loira uma coisa linda (só podia ter mais peito), o rapaz é todo bonitinho e a tensão sexual entre os dois é bem genuína. Vale a pena, moças.
Pensando em como existem mais pornôs do que peixes no oceano, não sei como tal beleza cinematográfica não caiu no gosto massivo das mulheres. Quero dizer, só 66% das mulheres curtem assistir filme pornô? É pouco. Acho que os 34% restantes precisam conhecer estilos diferentes, ver as pornografias certas que lhes agradam.
É muito difícil mesmo pra gente se excitar vendo um monte de fluídos voando pra lá e pra cá; afinal, somos mulherzinhas, mas acreditem em mim, garotas: existe pornografia boa. Junte-se aos 66%!
*Texto publicado originalmente no extinto blog “Ato ou Efeito”.
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