Alguns filmes ruins viraram clássicos. Outros esperam algum entendido dizer que, sim, têm alguma coisa que os deixem dignos de uma menção nostálgica na galeria dos grandes sucessos do boca a boca e da mesa de bar. Escolhemos nove, optando por um critério: em hipótese alguma eles entrariam em uma hipotética lista dos, sei lá, 1.000 melhores filmes de todos os tempos. Mas, na nossa opinião, são longas que têm seu valor. Que de tão ruins, ficaram bons com os anos – ou, que de tão ruins, continuam sendo péssimos e você só quer assistir porque é chegado a uma tortura televisiva. Se você já viu, veja de novo.

1.A bolha assassina (The Blob, 1988)

Refilmagem de um terror de ficção científica de 30 anos antes, estrelado por Steve McQueen. O filme conta a história singela de uma criatura alienígena gosmenta que engole o que passa em seu caminho. A bolha chega à Terra na cidade de Arborville, Estados Unidos, quando come um velhote no mato. A partir de então, ela se torna cada vez mais gulosa e parte para o ataque, devorando centenas de pobres cidadãos. Sublime.

Você deve assistir porque: é um clássico da tosqueira. Sangue, gosma e, caramba, um monstro que engole virtualmente qualquer coisa! Não dá pra passar batido. Filme de medo. Fim. E os efeitos especiais, como é de se esperar, são muito melhores que os do original de 1958 e muito piores que, sei lá, Tron. O que não significa muita coisa, claro.

Nota média no IMDb: 6

2. Vampiros: os mortos (Vampires: Los Muertos, 2002)

Sequência de Vampiros, de John Carpenter, conta a trajetória de um caçador de vampiros, um padre e sua equipe perseguindo chupadores de sangue supervelozes nos rincões do México. O filme já ameaça ser uma porcaria porque se trata de uma continuação em que o elenco original fora descartado. E a coisa piora quando ele é estrelado por, vejam bem, Jon Bon Jovi.

Você deve assistir porque: Bon Jovi é uma banda de rock até que legal, especialmente se você é dessas pessoas divertidas que não levam grupos que surgiram ontem tão a sério. Mas, caramba, o cantor-galã interpretando um caçador de vampiros é demais! É coisa pra fã de Vampire Diaries. É hiperglicêmico. Mas uma porcaria divertida. Algumas tomadas mexicanas, uma quase quente ceninha entre mulheres… E, só pra lembrar: é um filme do Bon Jovi.

Nota média no IMDb: 4,4

3. A Colônia (Double Team, 1997)

O agente Jack Quinn falha ao tentar matar o terrorista Stavros e é preso. Ele é então levado para a Colônia, prisão de espiões, mercenários e outros caras valiosos. É torturado, sua família é sequestrada, sofre pacas. E aí escapa da prisão. Agora a porra vai ficar séria.

Você deve assistir porque: o herói é o mito belga Jean-Claude van Damme. O vilão é Mickey Rourke, que naquela fase era um ator realmente em frangalhos, sem a aura de decadente maneiro de hoje. E o filme é um pedra fundamental na história do cinema por marcar a estreia dos cabelos verdes nada esvoaçantes do gênio midiático do basquete Dennis Rodman. Um clássico dos anos 90, que rendeu três prêmios Framboesa de Ouro ao ex-atleta: Pior Novo Astro, Pior Casal (com Van Damme) e Pior Ator Coadjuvante.

Nota média no IMDb: 4,2

4. O pentelho (The Cable Guy, 1996)

Jim Carrey é um técnico de TV a cabo carente e, olha só, pentelho, que gruda no pé de um sujeito que o contratara para instalar canais grátis em sua nova casa, para onde se mudou após romper com a namorada. O técnico tenta desesperadamente se tornar amigo de seu cliente mas, ao fracassar, trata de aporrinhar sua vida até o limite.

Você deve assistir porque: é o Jim Carrey, caramba. Devemos assistir a todos os filmes dele, de Ace Ventura até Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças, aquele de menininha que você só diz que gosta para pegar mulher (mas, no fundo, também gosta). E o cara infernizado por ele é interpretado por Matthew Broderick, aquele carinha que fez o novo comercial da Honda que estourou no YouTube, manja?

Nota média no IMDb: 5,9

5. As strippers zumbi (Zombie Strippers!, 2008)

Agência secreta do governo libera um vírus sinistro que ressuscita os mortos. O primeiro lugar atingido é – pimba! – uma casa de strip-tease. Uma das dançarinas, obviamente, contrai o microrganismo e passa a comer gente – de maneira literal, é claro. Por incrível que pareça, isso a torna a maior estrela da casa.

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Você deve assistir porque: além de juntar a supervalorizada moda de zumbis com strippers gostosas, o filme é estrelado pela eterna diva pornô Jenna Jameson. Imperdível.

Nota média no IMDb: 4,3

6. A praga (The Plague, 2006)

Aí que todas as crianças do mundo entram em coma e só acordam 10 anos depois. E elas voltam do coma – causado pela tal praga –, para aniquilar a raça humana! Só os mais jovens, belos e nutridos a leite com pera sobrevivem à aniquilação.

Você deve assistir porque: é estrelado pelo James van der Beek. Tudo bem se você não souber quem é (aliás, é até melhor). Mas talvez sua namorada saiba porque ele era o rosto de Dawson’s Creek, a antecessora de The OC na linha “playboys adolescentes curtem a vida e têm drama, ó, que mundo cruel”. Então é uma boa pedida para ver o mocinho em (mais um) filme tonto de zumbis e afins.

Nota média no IMDb: 4,6

7. Um robô em curto-circuito 2 (Short Circuit 2, 1988)

O robô Johnny Five chega à cidade e é manipulado por malandros para conseguirem seus objetivos. Tudo porque seus talentos robóticos se mostram mais úteis no submundo urbano do que no rancho de onde ele viera.

Você deve assistir porque: o ator principal (depois do robô, dãr), é Fisher Stevens, sujeito de longa passagem em clássicos nerds (ou nem tanto). Se liga: ele foi Iggy Koopa em Super Mario Bros.; Roger, um insuportável namorado psicanalista de Phoebe na primeira temporada de Friends; e George Minkowski, o estranho viajante do tempo preso a uma cama em Lost. Sem contar que ele participou de Frasier e Law & Order. E ganhou o Oscar de Melhor Documentário em 2010. Enfim, um arroz de festa eclético.

Nota media no IMDb: 5,0

8. Estrada maldita (Wind Chill, 2007)

Jovem pega carona para voltar para casa e, no caminho, descobre que o motorista sabe demais da sua vida. A história fica mais tensa quando chega uma tempestade de neve e, em seguida, fantasmas. É como uma quarta-feira comum na cidade de onde eu vim.

Você deve assistir porque: a boneca Emily Blunt é a protagonista do filme. E suspense e gatas combina tão bem quanto café e panetone. Fim.

Nota media no IMDb: 5,9

9. Gigolô europeu por acidente (Deuce Bigalow: European Gigolo, 2005)

Deuce Bigalow é um sedutor nato. Mas ele ainda é imaturo. Então, precisa estudar com os melhores professores da sacanagem do mundo, na Europa, para, aí sim, tornar-se um grande gigolô. Mas a história esquenta quando surge um assassino serial.

Você deve assistir porque: Rob Schneider, astro do filme, é desses caras que fazem rir só de olhar para a cara. Ele devia ser um daqueles meninos na escola que eram naturalmente engraçados, feios, esquisitos, cheios de caretas na manga. E a história é recheada de clichês e preconceitos contra os europeus – a começar pelo pôster: uma tola ilusão de ótica que transforma a Torre de Pisa no bilau de Deuce. Impagável.

Nota media no IMDb: 4,3

Qual outro filme é ruim demais, mas é essencial para os cinéfilos? Coloque nos comentários as suas dicas de filmes escrotos e vamos encorpar a lista.

Mecenas: Crackle

Se a vida fosse um filme, ele teria tanto cenas boas quanto ruins. E elas seriam cheias de romance, ação, comédia e, de vez em quando, uma explosão. Essa mistura é o que faz uma vida plena – e um bom filme para rir, ficar tenso, se apaixonar ou chorar.

Às vezes, chorar de vergonha alheia, como no caso dos filmes listados acima.

Seja para assistir um filme tosco ou algo mais rebuscado, a Crackle chega ao Brasil com uma novidade: todos os filmes de seu acervo são de graça. Não precisa nem fazer o cadastro para aproveitar da variedade de títulos disponíveis. Lá você encontra Os Três Patetas, Jackie Chan, Marlon Brando, Benicio del Toro… Um bom guia para começar a curtir os títulos da Crackle são as listas feitas pelos bróders do Treta, do Não Salvo e do Sedentário & Hiperativo. Confiram!

Felipe van Deursen

<a>Felipe van Deursen</a> é editor na Superinteressante e colunista da revista Nova. Já se apaixonou por uma modelo de chiclete